Bernie Sanders decidiu desistir da candidatura às eleições presidenciais dos Estados Unidos. O abandono do senador do Vermont, que era ainda o único adversário de Joe Biden, deixa agora o antigo vice-presidente de Barack Obama com o caminho livre para ser o candidato democrata contra Donald Trump. Sanders anunciou a “difícil e dolorosa” decisão no Twitter e agradeceu o apoio, garantindo que a campanha venceu a “luta ideológica” do Partido Democrata.

Sobre Joe Biden, o senador garantiu que se trata de um “homem decente”, congratulando o ex-vice-presidente pela vitória, e garantiu que vai trabalhar com a candidatura às presidenciais para “levar para a frente as ideias progressivas”. Já o próprio Biden, que reagiu em comunicado à desistência de Sanders, comprometeu-se a entrar em contacto com o até aqui rival. “Ele não liderou apenas uma campanha política, ele criou um movimento. Pôs o interesse da nação — e a necessidade de derrotar Donald Trump — acima de tudo o resto. Mas também quero que saibas: vou entrar em contacto contigo. Vais ser ouvido por mim.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Sanders, de 78 anos, tinha resistido durante semanas à ideia de uma desistência quase inevitável depois da derrota na Super Tuesday e das vitórias de Joe Biden na Carolina do Sul, no Arizona, na Florida e no Illinois. O acelerar da pandemia da Covid-19 aos Estados Unidos, porém, pareceu trazer uma nova urgência ao programa do senador do Vermont, cujo serviço nacional de saúde universal é uma das grandes traves mestras: Sanders chegou a referir, há dias, que a crise sanitária sem precedentes só evidenciava “a crueldade e o absurdo” dos serviços de saúde no país. Nas últimas semanas, tinha dedicado grande parte dos esforços da campanha precisamente à resposta ao novo coronavírus, ao organizar eventos virtuais sobre a pandemia e abrir angariações de fundos para ajudar as comunidades norte-americanas mais afetadas.

Agora sobram Biden e Sanders. Qual é a estratégia de cada um deles para ganhar

Depois de um início de campanha que chegou a abrir a porta à nomeação final, com bons resultados no Iowa e no New Hampshire e uma vitória convincente no Nevada, Bernie Sanders acabou por ir caindo progressivamente nas sondagens e nas opções dos eleitores democratas. Para além da derrota na Super Tuesday — onde perdeu em 10 dos 14 Estados a votos –, o senador do Vermont viu Amy Klobuchar, Pete Buttigieg e Mike Bloomberg declararem apoio a Joe Biden quando eles próprios anunciaram a retirada das respetivas campanhas. Elizabeth Warren, candidata que mais se aproximava de Sanders no espetro político, foi a última a desistir: e optou por não apoiar declaradamente qualquer um dos candidatos que restavam, no que foi interpretado como uma derrota para o senador.

Entretanto, no Twitter, Donald Trump já reagiu à desistência de Bernie Sanders, responsabilizando Elizabeth Warren pela derrota do senador do Vermont e pedindo aos apoiantes de Sanders que não votem em Joe Biden em novembro. “Bernie Sanders está FORA! Obrigado à Elizabeth Warren. Se não fosse por ela, Bernie teria ganho quase todos os Estados na Super Tuesday! Isto acabou como os democratas e o Comité Nacional Democrata queriam, assim  como o fiasco da Hillary. As pessoas do Bernie deveriam vir para o Partido Republicano, TROQUEM!”, escreveu o presidente norte-americano.

Bernie Sanders volta a falhar a nomeação democrata às eleições presidenciais dos Estados Unidos, depois de em 2016 também ter sido o último a desistir antes da vitória final de Hillary Clinton. A saída de cena do senador de 78 anos deixa Joe Biden como candidato mais do que provável à presidência dos Estados Unidos, contra Donald Trump, nas eleições agendadas para o próximo mês de novembro. O antigo vice-presidente de Barack Obama, de 77 anos, apresentou a candidatura à nomeação do Partido Democrata há cerca de um ano e foi desde logo visto como o grande favorito — apesar do escândalo que acabou por protagonizar, assim como o filho Hunter Biden, e que culminou no impeachment a Donald Trump depois de envolvido o presidente ucraniano.

A “matriosca de denúncias” que liga Trump, Ucrânia e Joe Biden. O que se sabe e falta saber sobre o caso do whistleblower