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Joe Biden conseguiu ultrapassar Bernie Sanders em delegados, depois de ter vencido a maioria dos estados da Super Tuesday, incluindo o Texas
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Joe Biden conseguiu ultrapassar Bernie Sanders em delegados, depois de ter vencido a maioria dos estados da Super Tuesday, incluindo o Texas

Getty Images

Joe Biden conseguiu ultrapassar Bernie Sanders em delegados, depois de ter vencido a maioria dos estados da Super Tuesday, incluindo o Texas

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Agora sobram Biden e Sanders. Qual é a estratégia de cada um deles para ganhar

A Super Tuesday marcou a subida de Biden, que agora combate a sós com Sanders. Agora, os democratas só querem saber quem é mais capaz de derrotar Trump. Conheça a estratégia de cada um deles.

Agora, tudo terá de ser decidido entre o “outro candidato” e o “outro tipo”.

Foi mesmo assim que os dois vencedores da Super Tuesday se referiram um ao outro nos seus discursos a meio da noite, numa altura em que já se tinha tornado claro que a corrida para a nomeação do Partido Democrata seria de agora em diante um assunto a resolver entre dois homens: o ex-vice-Presidente Joe Biden e o senador do Vermont Bernie Sanders.

Cada um sabia-o muito bem quando subiu ao respetivo palco para falar aos seus apoiantes. Sem referir o nome do principal adversário, não desperdiçaram a ocasião para atirar contra ele.

[Veja aqui o discurso de Bernie Sanders]

O primeiro a falar foi Bernie Sanders. Perante uma multidão de apoiantes na cidade de Burlington, no estado do Vermont, o senador que se diz “socialista democrático” atirou contra o “outro candidato”, Joe Biden, seguindo as linhas-mestras previamente desenhadas pela sua equipa para o cenário de uma ressurreição de Joe Biden.

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Bernie Sanders discursou em Burlington, no Vermont. Segundos depois de este terminar, começou Joe Biden, a partir de Los Angeles, na Califórnia (John Tlumacki/The Boston Globe via Getty Images)

Boston Globe via Getty Images

“Um de nós nesta corrida liderou a oposição à guerra no Iraque. Estão a olhar para ele”, disse, apontando para si mesmo. E depois o disparo, remetendo para o tempo em que Joe Biden era senador pelo Maryland: “O outro candidato votou a favor da guerra no Iraque”. E assim continuou, tema atrás de tema: segurança social (acusando o “outro candidato” de defender cortes), tratados de comércio internacional (recordando que Joe Biden apoiou o NAFTA), o financiamento da campanha (que disse ser “financiada por 60 bilionários”).

[Vej aqui o discurso de Joe Biden]

Mal Bernie Sanders desceu do palco, Joe Biden subiu ao dele, em Los Angeles, na Califórnia. Nunca os dentes do ex-vice-Presidente brilharam tanto nesta campanha que até há pouco tempo parecia perdida. “Bom, pode é estar perdida para o outro tipo”, atirou o Joe Biden mais ufano de toda a campanha para as primárias. E num discurso onde prometeu de tudo um pouco — cura para o cancro, o Alzheimer e as diabetes; controlo das armas; combate às alterações climáticas; nacionalidade para os filhos de imigrantes ilegais nascidos nos EUA. E, quanto a este último tema, voltou a atirar contra Bernie Sanders, numa alusão ao seu voto de 2007 onde impediu uma reforma do sistema de imigração nos EUA. “Se o outro tipo tivesse votado a favor…”, começou por dizer, levado pelo próprio balanço e depois, com a voz já bem mais baixa, travou a fundo: “… É melhor não ir por aí, senão não saio daqui”.

Mesmo que não queira ir “por aí”, o caminho está de todo o modo marcado: as primárias do Partido Democrata são agora entre Joe Biden e Bernie Sanders, depois de os resultados da Super Tuesday os terem deixado com distâncias confortáveis de todos os outros concorrentes.

De todos os candidatos às primárias, Sanders é o mais forte representante da ala progressista e Biden é o moderado com mais apoio (ROBYN BECK/AFP via Getty Images)

ROBYN BECK/AFP via Getty Images

Joe Biden foi o que mais estados conquistou, entre os quais o gigante Texas e outros importantes, como a Carolina do Norte e o Massachusetts. Neste último, tal como noutros estados mais pequenos como o Oklahoma e o Minnesota, conseguiu contrariar as sondagens das últimas semanas, que não tiveram em conta o empurrão à campanha do ex-vice-Presidente após a expressiva vitória na Carolina do Sul (a 29 de fevereiro) e a desistência in extremis da Super Tuesday dos candidatos Pete Buttigieg e Amy Klobuchar, que declararam o seu apoio a Joe Biden.

Bernie Sanders não teve a Super Tuesday com que sonhou — falhou vitórias que lhe eram reconhecidas como óbvias, como nos casos do Maine e Oklahoma. Mas levou para casa a vitória que mais falta lhe fazia, a Califórnia, que com 415 delegados em jogo é o mais expressivo destas eleições primárias.

Atrás, e em posições que auguram um futuro complicado para as suas campanhas, ficaram o bilionário Michael Bloomberg e a senadora Elizabeth Warren.

O ex-mayor de Nova Iorque, apesar de ter investido 410 milhões de dólares nos primeiros quatro meses de campanha (uma quantia que ultrapassa a soma do que Hillary Clinton e Donald Trump gastaram nas respetivas primárias e nas eleições gerais em 2016), venceu apenas as primárias na Samoa Americana e ficou em terceiro na generalidade dos estados. Nesta Super Tuesday perdeu para Joe Biden terreno no campo moderado do Partido Democrata que muito dificilmente conseguirá recuperar.

Apesar de ter investido fortemente nos estados da Super Tuesday, Michael Bloomberg só venceu na na Samoa Americana (Drew Angerer/Getty Images)

(Drew Angerer/Getty Images)

Já a senadora do Massachusetts Elizabeth Warren teve nesta Super Tuesday a confirmação de que o campo ideológico em que se lançou (a ala esquerda/progressista do Partido Democrata) está nas mãos de Bernie Sanders, político que desde a sua campanha de 2016 reuniu os meios, humanos e financeiros, que Elizabeth Warren nunca conseguiu alcançar. Contrariar esta tendência parece ser um feito fora do alcance da senadora, sobretudo depois de ter ficado em terceiro lugar no seu próprio estado.

Assim, depois de 29 candidatos terem anunciado campanhas para as primárias democratas, formando um grupo que foi de senadores a empreendedores ou de bilionários e conselheiros espirituais, sobram dois. Joe Biden, antigo senador pelo Maryland e ex-vice-Presidente, que aos 77 anos é a cara da ala moderada do Partido Democrata. E Bernie Sanders, ex-mayor de Burlington e senador do Vermont, homem de 78 anos que encabeça o movimento para puxar os democratas para a esquerda.

Como pretende cada um chegar à meta final?

A estratégia de Biden: afro-americanos e mais velhos

Na entrevista de emprego que são as primárias democratas, Joe Biden tem aquela que é possivelmente a melhor entrada possível no currículo numa corrida destas: foi vice-Presidente de Barack Obama durante oito anos. E ele próprio reconhece-o. Enquanto o ex-Presidente se mantém em silêncio quanto à sua preferência nestas eleições primárias do Partido Democrata (não é sequer provável que o venha a fazer antes de haver um vencedor óbvio), Joe Biden faz questão de lhe dizer o nome — e, acima de tudo, de associar-se a ele.

Atirando à cara de Bernie Sanders e dos seus apoiantes o facto de o senador do Vermont não ser oficialmente do Partido Democrata (até hoje, tem sido eleito como independente), Joe Biden voltou a dizer esta terça-feira: “Se querem um nomeado que é um democrata, um democrata de toda a vida, um democrata orgulhoso, um democrata à Obama-Biden, juntem-se a nós”.

Joe Biden foi vice-Presidente de Barack Obama durante os seus dois mandatos — associação que leva a que o candidato seja especialmente apoiado por afro-americanos (Olivier Douliery-Pool/Getty Images)

(Olivier Douliery-Pool/Getty Images)

O facto é que a proximidade a Barack Obama tem servido a Joe Biden como a ninguém. Apesar de no seu passado ter negociado leis e se ter associado a políticos segregacionistas (um facto que lhe foi cobrado repetidas vezes pela senadora Kamala Harris enquanto esta ainda estava na corrida para as primárias democratas), o facto de ter estado oito anos ao lado de Barack Obama parece ser um bálsamo forte o suficiente para Joe Biden ser o preferido dos afro-americanos, que representam um bloco de votos crucial numas eleições primárias do Partido Democrata.

A prova disso é que é precisamente nos estados onde há uma forte predominância de afro-americanos, como a Carolina do Sul e o Alabama, que Joe Biden consegue arrancar os melhores resultados. A par disso, Joe Biden é também o preferido do eleitorado mais velho, cujos votos atrairá mais facilmente ao afirmar-se como a opção mais viável da ala moderada do Partido Democrata.

A estratégia de Sanders: jovens, latinos e órfãos políticos

Bernie Sanders já admitiu várias vezes que ele próprio tem um “grande ego”. A insuflá-lo, estão os seguidores que o senador do Vermont passou a conquistar desde que enfrentou Hillary Clinton em 2016, assumindo-se como o líder de um “movimento” onde expressões como “socialismo” e “saúde gratuita para todos” deixaram de ser palavrões e passaram a ser promessas eleitorais.

Com esta mensagem, Bernie Sanders nunca conseguiu atrair os eleitores mais moderados do Partido Democrata, que são por norma os mais velhos. Porém, conseguiu chamar a atenção dos mais jovens, que são a sua maior base de apoio. De 2016 para 2020, Bernie Sanders passou ainda a contar com a preferência do eleitorado latino, o “gigante adormecido” da demografia política dos EUA, que lhe valeu uma vitória expressiva no Nevada (a 22 de fevereiro), tal como no Colorado, nesta Super Tuesday.

A estratégia de Bernie Sanders passa ainda por tentar recuperar para o Partido Democrata os votos de eleitores que votaram em Barack Obama em 2008 e 2012 e que em 2016 desviaram a sua preferência para o Partido Republicano, ajudando a eleger Donald Trump.

Nos estados pós-industriais que decidiram as eleições de há quatro anos (como a Pensilvânia, Michigan, Wisconsin e Ohio), Bernie Sanders poderá tentar ensaiar um discurso anti-globalista, atacando os acordos de comércio livre, mas liberal no que respeita a temas sociais, com a imigração à cabeça. Resta saber se são mais os eleitores que ganha do que aqueles que perde, seja para Donald Trump ou para a abstenção, com esse discurso.

Qual é o “outro” mais capaz de vencer Trump?

A partir desta Super Tuesday as atenções dos eleitores democratas ficarão mais do que nunca concentradas entre eleger o “outro candidato” ou o “outro tipo”, como Joe Biden e Bernie Sanders se referiram um ao outro. Porém, o que as sondagens demonstram é que há um terceiro nome que está acima de todos os outros na cabeça dos eleitores democratas: Donald Trump.

Nas sondagens à boca da urna realizadas nos estados da Super Tuesday, os eleitores democratas deixaram claro que aquilo com que mais se preocupam é tirar Donald Trump da Casa Branca — deixando claro que a escolha do seu substituto é um tema importante, mas não tanto quanto isso.

6 em cada 10 democratas prefere eleger um candidato que consiga vencer Donald Trump a elegerem um candidato pelas suas ideias. E, por agora, a maioria desses eleitores acreditam que Joe Biden é quem tem mais possibilidade de tirá-lo da Casa Branca.

De acordo com a sondagem da NBC, 6 em cada 10 eleitores democratas estão mais preocupados em eleger um candidato que consiga vencer Donald Trump nas eleições de 3 de novembro — e que a maioria das pessoas que votam em Joe Biden fazem-no com esse raciocínio em mente, mesmo que concordem pontualmente com Bernie Sanders.

Noutra sondagem, levada a cabo pelo YouGov, o ex-vice-Presidente foi igualmente apontado como o candidato mais apto para vencer Donald Trump: ao passo que Bernie Sanders venceria 48% contra 45% de Donald Trump, Joe Biden surge naquele estudo destacado do atual presidente: 50% contra 43%. Também por isso, Joe Biden sorriu esta terça-feira como nunca antes.

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