Descreve-se com o “primeiro (e, esperemos, o último) festival internacional de curtas-metragens em auto-isolamento” e nasceu como “desafio criativo” para “tirar o melhor partido da situação atual”. Foram selecionados para o Corona Short Film Festival 35 filmes produzidos durante a pandemia. Entre eles está a produção luso-brasileira “Mulheres em Quarentena”, de Bárbara Tavares.

Os filmes em competição são provenientes de cerca de 20 países, da Croácia à China, Reino Unido ou Japão, e estão disponíveis para visionamento online e para votação. O prémio do público renderá 500 euros e o grande prémio terá um valor de 1.500 euros. Os vencedores terão ainda apoio à distribuição e vendas internacionais, em parceria com o festival Interfilm Berlin.

A curta-metragem de Bárbara Tavares foi filmada em Portugal e no Brasil e produzida inteiramente por telemóvel. As protagonistas da história são duas mulheres, fechadas em casa com os filhos, em Brasília e a em Lisboa. As imagens foram captadas pelos telemóveis das próprias personagens e enviadas à realizadora brasileira, que atualmente vive no Porto.

“Mulheres em Quarentena” é descrito como “um retrato íntimo e pessoal de mulheres em quarentena devido à pandemia de Covid-19” e promete “um mergulho nas suas dúvidas, fraquezas e fortalezas” e “uma imersão na força da vida sob o olhar feminino.”

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Bárbara Tavares explica que “desejava fazer um registo desse momento histórico mundial da actual pandemia da Covid-19 sob o olhar das mulheres”. Contactou amigas e grupos de mulheres e acabou por receber mensagens de voluntárias de várias partes do mundo. A partir do material enviado, a montagem foi realizada juntamente com seu parceiro, sócio e marido, Frandu Almeida, ambos fundadores da produtora Bodhgaya Films.

O mentor do Corona Short Film Festival é o ator alemão de origem sérvia Dejan Bućin, que acaba de gravar com o realizador norte-americano Terrence Malick e que figura na série da Amazon Prime “Carnival Row”. Juntam-se na organização outros profissionais da indústria alemães, que estão em auto-isolamento e que “decidiram transformar as suas casas em escritórios do festival”, explica-se no site do evento.

As regras ditavam que os filmes a concurso tivessem sido feitos em isolamento e que fossem inéditos, sem qualquer exibição em redes sociais ou outras plataformas. O prazo de candidaturas terminou a 25 de abril e o festival recebeu mais de 1200 propostas, provenientes de 70 países.

A página onde estão disponíveis os filmes selecionados e onde decorrem as votações abre com uma nota introdutória, que explica que o festival nasceu “sem orçamento e sem fins lucrativos”. A organização apela antes a quem quiser contribuir que canalize a sua solidariedade fazendo uma doação aos Médicos Sem Fronteiras.