Há um novo astro a captar as atenções dos terráqueos e a consolar os especialistas da desilusão que o cometa Atlas produziu. Chama-se C/2020 F8, mais conhecido por cometa SWAN, e foi descoberto a 25 de março. Sete semanas depois, o nosso novo visitante já chegou ao ponto de maior aproximação à Terra — o perigeu. Mas em Portugal é precisa uma pitada de sorte para o encontrar.

C/2020 F8 foi descoberto pela câmara SWAN a bordo do Observatório Solar e Heliosférico, uma sonda que estuda o Sol a partir do espaço desde 1995 e que resultou de uma parceria entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a agência espacial norte-americana, a NASA.

Desde 25 de março que os astrónomos mantêm os olhos neste cometa cor de esmeralda e longa cauda para estudar a sua órbita. Fazem-no na esperança de uma paisagem mais bela do que a dada pelo Atlas, um cometa que prometia um espetáculo nos céus que nunca se concretizou porque se desfez ao aproximar-se do Sol.

O cometa SWAN, com a sua longa cauda e cor de esmeralda.

Neste momento, o cometa SWAN está a cerca de 84 milhões de quilómetros da Terra e a rasgar a constelação de Peixes. A magnitude do astro — que é medida numa escala em que quanto menor for o valor, mais brilhante é o corpo celeste — é, atualmente, de 5.4. Até há poucos dias, os astrónomos pensavam que SWAN pudesse até ultrapassar o brilho máximo de Júpiter. Agora, julga-se que deve ficar-se pela magnitude 5.

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Ainda assim, o cometa já pode ser visto a olho nu, e com muita precisão, no hemisfério sul, como provam as imagens e os vídeos que chegam da Austrália. O hemisfério norte também pode encontrar o cometa SWAN a vaguear pelos céus — as Ilhas Canárias foram afortunadas com uma vista desafogada para o astro a 10 de maio —, mas sempre com mais dificuldade.

Aliás, a dificuldade é tanta que precisa mesmo de uma pitada de sorte (e de coragem para acordar muito cedo) para ver o cometa SWAN a rasar o horizonte. No Últimas Notícias do Cosmos, um podcast feito pelo Planetário do Porto com o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, o astrónomo Ricardo Cardoso Reis explicou porquê: SWAN vai passar a apenas 10 graus acima do horizonte e ao amanhecer, por isso “praticamente não vai ser visível em Portugal”.

Se ainda assim quiser testar a sua capacidade para esta “corrida de velocidade”, como adjetiva o especialista, deve colocar-se virado para nascente e com vista desimpedida entre este e nordeste, preferencialmente meia hora antes do amanhecer. Pode começar já esta madrugada, que é a ideal uma vez que o cometa está a passar pelo perigeu, até 27 de maio, quando chega ao periélio. E leve binóculos.

A partir daí, há pouca esperança para o destino de SWAN, uma vez que cometa chegará ao ponto de maior aproximação ao Sol, a 64 milhões de quilómetros do astro-rei.