Pelo menos três candidatos a conselheiros da Juventude do Chega pertenceram a grupos fascistas e terão publicado mensagens racistas ou de apoio a Salazar nas redes sociais, indica esta terça-feira a revista Sábado. Um deles é Carlos Tasanis, candidato a conselheiro regional da zona sul da jota do Chega na “Lista Futuro”, que terá pertencido ao movimento neonazi Nova Ordem Social no núcleo de Évora.
Em mensagens publicadas no Twitter, Carlos Tasanis afirmou que “os portugueses são brancos e europeus”, “Salazar era um bom homem” e que foi “o melhor estadista de sempre”, mostram as capturas de ecrã que a Sábado guardou antes de o estudante de Relações Internacionais da Universidade de Évora ter eliminado a conta naquela rede social.
Manuel Rezende, candidato a conselheiro regional da zona Norte, é outro dos membros da “Lista Futuro” que terá tido ligações a grupos fascistas. A revista diz que terá sido membro da direção do Escudo Identitário, inspirado no neofascismo italiano do CasaPound. Em declarações à Sábado, sobre a ligação a grupos neonazis, Manuel Rezende afirma: “Essa designação vai contra os meus princípios”.
Sobre a participação no Escudo Identitário, Manuel Rezende afirma que o movimento não é neofascista: “Enquanto movimento identitário, tem pressupostos diametralmente opostos ao fascismo. O fascismo é agregador e expansionista, o identitarianismo não. Entre outras diferenças”, justifica.
Depois, há o caso de Dário Soares, aponta a Sábado. Professor de música e formado em Relações Internacionais pela mesma universidade que Carlos Tasanis, Dário terá afirmado no Twitter que não haveria nada de errado em instruir os filhos e netos a não terem filhos com pessoas de outras etnias, porque “preservar a tua gente é de louvar”. O tweet em questão foi apagado, assim como a página de Dário Soares.
Questionado pela Sábado sobre estes comentários, Dário Soares sugeriu que as capturas de ecrã da revista podiam ser “montagem”: “Certamente que é equivoco pois não tenho Twitter. As únicas redes sociais que utilizo são o Facebook e Whatsapp. Além de que nem pertenço à tal lista”, referindo-se à Lista Futuro.
Ainda de acordo com a revista, depois de a Sábado ter contactado os três nomes em causa, as publicações que os anunciavam como membros dessa lista foram apagadas das redes sociais. Mesmo confrontado com as capturas de ecrã, Carlos Martins, líder da lista, continuou a afirmar que Dário Soares, Manuel Rezende e Carlos Tasanis não fazem parte do grupo.
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“Pode ter as montagens que quiser. A lista é feita por mim. Até à publicação dos editais não existe outro representante da lista que não eu”, respondeu à Sábado. Mais tarde, numa publicação feita no Facebook, Carlos Martins afirmou: “Nada que não seja dito por mim, em declarações proferidas por mim, em sede pública, vinculam a posição ideológica e política da Lista Futuro nem do Partido Chega”.
Depois de sublinhar que não será “conivente com comportamentos e opiniões por parte de qualquer militante que se queira associar a esta lista, ainda que a nível pessoal, que não sejam compatíveis com os estatutos do partido Chega”, Carlos Martins acrescentou ainda: “Os meios de comunicação social se quiserem falar sobre a Lista Futuro terão que me contactar diretamente”. “Não serei condicionado, nem controlado, por nenhum elemento do jornalismo ideologico-partidário”, terminou.