Nos últimos dias, António Lacerda Sales garantiu que todos os profissionais de saúde em contacto com infetados com o novo coronavírus foram testados, mas as declarações do secretário de Estado de Saúde foram postas em causa pela Ordem dos Enfermeiros. Na habitual conferência de imprensa sobre os números da pandemia em Portugal, a ministra da Saúde manteve-se em linha com Lacerda Sales mas disse que a Direção-Geral de Saúde vai “avaliar o que possa estar a suscitar esta questão.”

“Há critérios para a submissão a teste e o ter contacto com um caso é um deles. Estou em crer que todas as estruturas terão respeitado as nossas orientações”, afirmou a Marta Temido. A ministra garantiu não haver motivos para acreditar que as unidades de saúde não tenham seguido as orientações e testado os profissionais”, mas nesta sexta-feira a Ordem dos Enfermeiros (OE) disse em comunicado “que tal não aconteceu”.

Para a Ordem, as declarações de António Lacerda Sales só podem ter sido “um lapso”, já que as orientações da DGS só prevêem “a realização de testes aos profissionais que desenvolvam sintomas”. Isto é, os testes só serão feitos a quem ti

Questionada pelos jornalistas, a ministra da Saúde respondeu que as autoridades de saúde vão “avaliar o que possa estar a suscitar esta questão”, palavras que surgiram pouco depois de dizer que a estratégia a nível nacional passa por “testar, testar, testar, com uma lógica de poder escolher testes fiáveis”.

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Com o número recorde de testes alcançado a 13 de maio, quando foram feitos cerca de 17.500, uma das prioridades agora é testar funcionários que vão retomar funções na próxima segunda-feira. Marta Temido garante haver regiões que já testaram todos os funcionários de creches a reabrir dia 18 — e as que faltam poderão levar a dar o processo por terminado nos próximos dias. Na mesma linha estão os profissionais e utentes de lares e estruturas residenciais para idosos que, no que diz respeito à região norte, já foram testados na sua totalidade.

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Objetivos de confinamento “genericamente cumpridos”

Onze semanas depois de ter sido registado o primeiro caso de Covid-19 em Portugal, os sinais existentes são hoje “encorajadores”, diz Marta Temido. “Quase todos os indicadores epidemiológicos apresentam tendência decrescente ou pelo menos estável”, acrescentou, depois de ter apresentado os números com que o país vai entrar na segunda etapa do desconfinamento, na próxima segunda-feira.

Nos últimos cinco dias, o número médio de novos casos foi de 200, o número de óbitos 12, o número médio de transmissões [Índice R] foi de 0,97 e o número médio de doentes internados médio foi de 570, 110 dos quais em Unidade de Cuidados Intensivos. Número de testes tem continuado a crescer, foram feitos mais de 15.800 testes ao longo dos últimos cinco dias”, diz a ministra.

Portugal está em estado de calamidade há quase duas semanas, doze dias dos primeiros passos do desconfinamento. No entanto, segundo a Marta Temido, ainda não é possível ver a totalidade dos resultados desta reabertura. Garante, contudo, que já é possível perceber que os objetivos do confinamento “foram genericamente cumpridos”: fomos capazes de “desacelerar a transmissão da infeção e manter a capacidade do sistema de saúde”.

Antes de dar a conferência de imprensa por terminado, Marta Temido quis deixar um apelo de responsabilidade social, lembrando que “todo o nosso retomar da vida social vai depender muito do nosso comportamento cívico e auto-vigilância, mais do que da instalação de uma sociedade policial, repressiva ou de medo”. “O maior inimigo que enfrentamos não é o vírus. É o medo”, afirmou.