Com 19 mil milhões de dólares em dívida e quase 700 mil carros parados devido à pandemia, a norte-americana Hertz decidiu na sexta-feira entregar um pedido de proteção contra credores ao abrigo de um processo de insolvência. Ao Observador, o líder da operação portuguesa garante a continuidade das operações e sublinha que já foram e estão a ser tomadas medidas de adequação ao “panorama atual”.

O The Wall Street Journal noticiou na noite de sexta-feira que a empresa tinha falhado um acordo com os principais credores, no sentido de rescalonar as obrigações financeiras de forma a compensar o impacto profundo que o setor de aluguer de automóveis está a sentir, em todo o mundo, por causa da pandemia Covid-19 e das medidas restritivas que foram tomadas para a tentar controlar.

Não terá sido possível chegar a esse acordo, pelo que a empresa decidiu entregar o chamado pedido “Capítulo 11”, que a escuda dos credores e impede uma liquidação imediata dos ativos, designadamente a frota de veículos (que é da Hertz via contratos leasing).

As parcas operações podem continuar, enquanto decorre o processo de insolvência, mas este é um processo que marca o culminar de vários anos de dificuldades empresariais da Hertz, que sofreu com a concorrência de outros operadores e também de empresas como a Uber e a Lyft. A dívida elevada acumulada nas últimas décadas também dificultou a reestruturação da empresa.

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“O impacto da covid-19 na procura de viagens foi repentino e dramático, resultando numa queda acentuada nas receitas da empresa e reservas futuras”, apontou o grupo. A Hertz diz que tomou uma “ação imediata” que dá prioridade à saúde e a segurança dos funcionários e dos seus clientes.

Hertz Portugal garante continuidade das operações no país

O processo abrange as operações nos EUA e no Canadá. Não tem consequências diretas para a Europa, Austrália e Nova Zelândia, os outros mercados da empresa. Em declarações ao Observador, o presidente-executivo da Hertz Portugal, Duarte Guedes, lembra que “a Hertz em Portugal é representada em regime de franchise pelo grupo português do sector automóvel Hipogest, desde 1998, e é uma entidade independente da Hertz Global Holdings nos EUA”.

Tal como se diz no comunicado emitido pela Hertz Global Holdings, que garante que “esta reorganização financeira vai deixar a Hertz com uma estrutura financeira mais robusta”, “as principais regiões internacionais onde a Hertz opera, incluindo a Europa, Austrália e Nova Zelândia não estão incluídos no processo hoje avançado” e que “os franchisados da Hertz, que não são detidos pela companhia, também não estão incluídos”.

Para além do acionista, a gestão da Hertz Portugal é também autónoma, tendo por isso a Hipogest desde cedo tomado as medidas necessárias para adaptar o seu negócio ao panorama atual existente, que impacta as demais entidades ligadas ao sector do turismo em Portugal.”

Assim, a Hipogest “manifesta, para além da continuidade das suas operações em Portugal, a sua convicção no valor da marca centenária e pioneira do rent a car mundial a longo prazo, e nos fundamentos que tem permitido a evolução e aumento de relevância do seu modelo de negócio, nomeadamente com o crescimento da chamada sharing economy”.

A Hipogest salienta, também, “a independência e continuidade dos outros negócios que opera com a insígnia Hertz, que nasceram do espírito inovador que tem caracterizado o franchisado português. São exemplos disso a Hertz Equipment Rental que opera em Portugal no sector do aluguer de equipamentos, e a Hertz Ride, criação do grupo Português no mototurismo, e cuja atividade tem expandido na Europa e, recentemente, nos EUA”.