O Twitter está a expandir uma ferramenta que permite verificar informações falsas veiculadas em tweets. Mas se o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, tinha conseguido, até aqui, escapar ao crivo da rede social, esta terça-feira foi exceção — com o Twitter a colocar um rótulo de fact-check em duas publicações do líder da maior economia do mundo e a concluir que as declarações são “infundadas”.
Em dois tweets publicados esta terça-feira, Donald Trump expressou críticas quanto ao alargamento da possibilidade de voto por correspondência nas próximas eleições presidenciais. Segundo o líder dos EUA, o método é “substancialmente fraudulento”.
“As caixas de correio serão roubadas, os boletins de voto serão falsificados e até impressos ilegalmente e assinados de forma fraudulenta”, apontou Trump. “O governador da Califórnia está a enviar boletins para milhões de pessoas, qualquer pessoa que more no Estado, não importa quem seja nem como lá chegou, terá um”, disse o presidente dos EUA, acrescentando que, ao longo desse processo, haverá “profissionais que vão dizer a todas estas pessoas, muitas das quais nunca pensaram em votar, como e em quem votar. Esta será uma eleição fraudulenta. Nem pensar!”
O Twitter não deixou as declarações passar em branco e colocou o rótulo “Conheça os factos sobre o voto por correspondência [Get the facts about mail-in ballots]”. Quem nesse link clicar tem depois acesso a diversas notícias sobre este método de votação. Com base nesses links, o Twitter afirma mesmo que “as afirmações de Trump são infundadas, de acordo com a CNN, o Washington Post e outros verificadores de factos”. Ou que os “especialistas apontam que a votação por correspondência raramente está ligada a fraudes”.
“Trump alegou falsamente que a Califórnia enviará boletins de votos por correspondência para “qualquer pessoa que viva no Estado, não importa quem seja ou como chegou lá”. De facto, apenas os eleitores registados vão receber os boletins”, lê-se ainda. Além disso, “embora Trump tenha como alvo a Califórnia, os boletins de voto por correspondência já são usados em alguns estados, incluindo Oregon, Utah e Nebraska”.
A equipa de Donald Trump responsável pela campanha para as eleições deste ano já respondeu ao fact-check. “Sempre soubemos que Silicon Valley [onde está sediado o Twitter] faria todos os esforços para obstruir e interferir com a transmissão das mensagens do presidente Trump aos eleitores”, disse Brad Parscale, que gere a campanha de Trump. “Há muitas razões pelas quais a campanha de Trump retirou toda a nossa publicidade do Twitter há meses e o seu claro enviesamento político é uma delas.”
Recorde-se que o Twitter decidiu proibir todo o tipo de publicidade política a partir de 22 de novembro do ano passado — o que exigiu que a campanha de Trump retirasse a publicidade política da rede social.
Twitter proíbe todo o tipo de publicidade política a partir de 22 de novembro