António Costa Silva, o presidente executivo da Partex escolhido pelo primeiro-ministro António Costa para o assessorar no Plano de Recuperação Económica, foi desafiado para esta missão ainda em abril num almoço e precisou apenas de dois dias para traçar as linhas gerais do plano, para entregar a Bruxelas, que será desenvolvido em dez anos.
“Não o conhecia, nem nunca tinha estado com ele. Lançou-me este desafio, de dar uma resposta à crise e desenvolver um plano para o day after“, disse Costa Silva, que lembrou que esse almoço decorreu a 24 de abril e que em dois dias tinha o essencial do plano pronto.
Segundo explicou em entrevista à RTP, aquele que o Bloco de Esquerda chamou de “paraministro” não vai coordenar ministros, muito menos negociar com os partidos. “A minha missão não é negociar, é fazer o plano. Quem vai fazer as escolhas e estabelecer as prioridades é o Governo”, afirmou.
Na entrevista, Costa Silva explicou com que “linhas estratégicas” é que o país vai relançar a atividade económica. O plano é “ambicioso” e foi delineado para os “próximos 10 anos”. Mas também tem respostas para os problemas imediatos que, segundo o gestor escolhido por António Costa para coordenar a recuperação, são dois: “Salvar a economia e proteger o emprego”. E, para isso, é preciso “uma intervenção forte do Estado”. Ou dito de forma mais clara: “Mais Estado na economia”.
“Esta crise mostrou que o papel do Estado tem de ser revalorizado. O Estado é o último protetor de todo o tipo de ameaças”, frisa o gestor, que apesar de se assumir como independente, não lhe cabendo a ele “tomar decisões ou negociar”. Sobre a TAP, Costa Silva defende que o Estado também deve intervir, com o objetivo claro de evitar que “empresas rentáveis se afundem e entrem em estado de coma”.
Ainda sobre os termos de uma provável capitalização da TAP pelo Estado, Costa Silva reconhece que terá de estar sujeita a condições, como sejam a “preservação dos postos de trabalho” ou a “qualificação dos trabalhadores”.
A médio e longo prazo, o plano é composto por “dois eixos estratégicos” que, realça o gestor, estão “limitados aos recursos financeiros” disponíveis. Num primeiro momento, a aposta é na modernização das estruturas físicas do país, como seja “qualificar a rede viária” ou “intervir nas estruturas portuárias”, ou de “energia”, fundamentais para alavancar as exportações do país.
Ao mesmo tempo, é preciso “acelerar a transição digital” na administração pública e, em especial, no tecido empresarial das pequenas e médias empresas — um dos pontos do segundo eixo, mais virado para as infraestruturas digitais. E antecipa o “enorme impacto na economia” que o aumento das competências digitais possa vir a ter.
Costa Silva fala, ainda, em “estender a fibra ótica a todo o território nacional”, depois do recurso às tecnologias, durante a pandemia, ter espelhado as desigualdades sociais entre os alunos.
À RTP, o gestor garantiu que o Serviço Nacional de Saúde, depois de ter respondido à pressão da Covid-19, vai ver o “investimento reforçado”, numa clara aposta em “equipamentos e recursos humanos”, concluiu Costa Silva.
António Costa coloca plano de recuperação económica nas mãos de presidente da petrolífera Partex