Uma autópsia pedida pela família do norte-americano George Floyd concluiu que a morte do homem de 46 anos foi causada por “asfixia por pressão continuada” no pescoço e nas costas. É uma conclusão diferente da que havia sido transmitida numa primeira autópsia, que falava de drogas e de uma paragem cardíaca e pulmonar.

Vários vídeos da detenção de Floyd em Minneapolis na semana passada mostram o polícia Derek Chauvin a pressionar um joelho no pescoço do afroamericano com a ajuda de outros agentes, ajoelhados nas suas costas. De acordo com a queixa criminal, Chauvin teve o joelho no pescoço de Floyd durante 8 minutos e 46 segundos até que este deixou de responder. Depois disso, manteve a mesma postura durante 2 minutos e 53 segundos.

“Não foi apenas o joelho [de Derek Chauvin] no pescoço do George que causou a sua morte, foi também o peso que os outros dois polícias puseram nas suas costas, o que impediu que o sangue chegasse ao cérebro e o ar entrasse nos seus pulmões”, explicou Antonio Romanucci, advogado da família, numa conferência de imprensa esta segunda-feira.

Segundo Romanucci, os registos médicos mostram que George Floyd morreu no local. “A ambulância foi a sua carrinha funerária”, afirmou, citado pelo The New York Times, frisando que Floyd “morreu porque precisava de respirar”.

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A autópsia, realizada a pedido da família de George Floyd pelos médicos Allecia M. Wilson, da Universidade de Michigan, e Michael Baden, um antigo médico-legista de Nova Iorque, contraria as conclusões do médico-legista do condado de Hennepin. Segundo o The New York Times, a queixa apresentada refere que a autópsia, ainda por divulgar, “revelou não existirem evidências físicas que apoiem o diagnóstico de asfixia traumática ou de estrangulamento” e que na morte de Floyd teriam pesado outros fatores, nomeadamente a doença arterial coronariana e a hipertensão de que sofria.

Michael Baden afirmou na mesma conferência de imprensa que Floyd “não tinha nenhum problema médico subjacente que causasse ou tivesse contribuído para a sua morte”.

Segunda autópsia diz que “possível presença de substâncias psicoativas no corpo provavelmente contribuíram para a sua morte”

Outra autópsia realizada por um médico legista do condado de Hennepin confirmou que Floyd morreu devido à pressão feita no seu pescoço e teve uma “paragem cardíaca e pulmonar” por causa da forma como foi imobilizado pela polícia. No relatório, listou “outros parâmetros importantes: arteriosclerose e pressão alta; envenenamento por fentanil [um opiáceo]; uso recente de anfetaminas”. Até aqui, o médico legista oficial garantiu não ter “provas físicas que apoiassem o diagnóstico de asfixia traumática ou estrangulamento”.

“O efeito combinado da detenção e imobilização da polícia de Floyd, o historial médico e a possível presença de substâncias psicoativas no corpo provavelmente contribuíram para a sua morte”, tinha escrito no relatório preliminar.

Agora, no relatório final, o uso de drogas e a hipertensão não foram listados como causa da morte.

George Floyd morreu na segunda-feira passada, depois de ter sido violentamente detido por suspeita de ter tentado pagar compras feitas num supermercado de Minneapolis com uma nota falsa de 20 dólares. As imagens da sua detenção tornaram-se virais e a sua morte gerou uma onda de protestos violentos que se estendeu a outras localidades dos Estados Unidos da América.

[Artigo atualizado às 9h04 com o resultado da segunda autópsia]