A primeira sessão de cinema pós-desconfinamento do Cinema Ideal, em Lisboa, contou com cerca de 20 pessoas a assistir ao filme francês “Retrato da rapariga em chamas”, de Céline Sciamma.

Ainda havia pessoas a comprar bilhetes para a sessão das 14h no Cinema Ideal, a dois passos do Chiado, e já Fátima Santos estava sentada no seu lugar dentro da sala. Frequentadora assídua de salas de cinema e “principalmente” do Cinema Ideal, esta espectadora estava “desejosa” pela reabertura, permitida a partir desta segunda-feira.

O mesmo sentiram Jacques e Marie, um casal de franceses a viver há muitos anos em Portugal. Ver um filme no cinema, lembra Jacques, “não é o mesmo que na televisão”. Por isso, não podiam falhar a primeira sessão, ao fim de quase três meses sem poderem entrar numa sala de cinema.

O Cinema Ideal é “a sala preferida” de Marie, “em conjunto com o Nimas [na zona do Saldanha, também em Lisboa]”.

“Quando recebi cartaz a dizer que ia abrir tive que vir logo”, contou à Lusa, momentos antes de entrar para a sala.

Fátima, Jacques e Marie foram três dos 21 espectadores que esta segunda-feira assistiram à primeira sessão no Cinema Ideal, todos de máscara como é obrigatório, encerrado desde 13 de março por causa das medidas de contenção da Covid-19.

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Para o diretor daquela sala, o exibidor Pedro Borges, ter “21 espectadores na primeira sessão, às 14h, num dia de semana, é muito bom”.

Seguindo as regras definidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS), o Ideal, à semelhança de outras salas de cinema, funciona “sempre com lugares marcados e com uma lotação que pode ser muito limitada”. “Portanto, pedimos às pessoas que reservem os bilhetes antes, e parece-nos que é o procedimento com que se vai funcionar durante algum tempo”, disse, em declarações à Lusa.

Até domingo à noite, segundo Pedro Borges, 12 espectadores tinham reservado bilhetes para sessão desta segunda-feira às 14h.

A DGS estabeleceu também que nas salas de cinema e de espetáculos, na mesma fila, os lugares ocupados têm de ser alternados, com um de intervalo (exceto se os espectadores forem coabitantes), e têm de ficar desencontrados em relação à fila seguinte.

No Cinema Ideal, porém, a realidade é outra. Pedro Borges lembra que, quando em 14 de abril foi anunciado que os cinemas poderiam reabrir em 1 de junho, “a regra de que se falou para os espetáculos em sala foi uma fila não utilizada em cada duas e dois lugares de distanciamento físico”.

“E para reabrir parece-nos a melhor escolha, do ponto de vista de assegurar às pessoas, não só a segurança, mas a sensação de conforto e de segurança. E para isso é bom que haja realmente distância física entre os espectadores agora no início”, justificou.

Antes de encerrar, no Ideal havia bilhetes a cinco, seis e sete euros. Mas, “durante este mês só funciona o preço mais baixo”.

“Para quem queira apoiar o cinema, porque 12 semanas encerrados foi um prejuízo muito grande, temos também o bilhete ‘Apoie o Cinema Ideal’ por dez euros”, referiu Pedro Borges.

O prejuízo por ter tido as portas fechadas desde 13 de março “arrisca-se a ser completamente irrecuperável”.

“Mas de momento aquilo que pensamos mais é, com estas condições que nos parecem obrigatórias, quando é que finalmente se poderá a ir ao cinema como se ia dantes. Mas isso é um problema de vacina e de outras coisas, até lá vai ter que ser assim”, referiu.

“Retrato da rapariga em chamas”, de Céline Sciamma, está em exibição no Cinema Ideal todos os dias, até 10 de junho, às 14h, 16h30 e 21h30.

Entre esta segunda-feira e sexta-feira, às 19h, é exibido o documentário “Quem escreverá a nossa história”, de Roberta Grossman.

Teatros, salas de espetáculos e cinemas podem reabrir a partir desta segunda-feira, no mesmo dia em que é possível regressarem as iniciativas culturais ao ar livre, desde que sejam seguidas as normas definidas DGS.

A reabertura estava prevista na terceira fase do “Plano de Desconfinamento” do Governo, apresentado em abril.