Barack Obama entrou esta segunda-feira no caso George Floyd ao escrever um artigo, publicado na plataforma Medium, onde admite que “se deve lutar para garantir que tenhamos um presidente, um congresso, um departamento de justiça dos EUA e uma justiça federal que realmente reconheçam o papel corrente e corrosivo que o racismo desempenha na nossa sociedade e que desejem fazer algo a respeito”. Mas também que é nos poderes mais pequenos que está a solução.
Num artigo intitulado “como fazer deste momento o ponto de viragem para a mudança real”, o antigo presidente dos Estados Unidos diz que “as autoridade eleitas que mais importam na reforma dos departamentos de polícia e no sistema de justiça criminal trabalham ao nível estadual e local”, é o caso dos presidentes de câmara, os governadores dos condados, exemplifica. São eles que “nomeiam a maioria dos chefes de polícia e negoceiam acordos coletivos com os sindicatos da polícia”, diz apelando aos eleitores para participarem das eleições locais que têm “participação “geralmente baixa, especialmente entre os jovens”.
Para Obama, os “protestos por todo o país representam uma frustração genuína e legítima de décadas de falhas na reforma das práticas policiais e no sistema de justiça criminal” dos Estados Unidos. “Se, a partir de agora, pudermos canalizar a nossa raiva justificada para ações pacíficas, sustentadas e eficazes, este momento poderá ser um verdadeiro ponto de viragem na longa jornada de nação para cumprir os ideais mais altos”, diz. Mas para o antigo presidente, antecessor e Donald Trump, os protestos não são suficientes.
Quem protesta merece “apoio e não condenação”, defende louvando a atitude das autoridades policiais em cidades como Camden e Flint que se juntaram aos manifestantes. Mas Obama também critica a “pequena minoria” de protestos violentos que aconteceu no mesmo contexto. “Estão a pôr em risco pessoas inocentes”, escreve no mesmo artigo.
“Juntem-se a nós!”: os polícias e xerifes que se juntaram às manifestações não-violentas
Quanto à “mudança” que diz que não estar só num lado. “Se queremos verdadeira mudança, então a escolha não é entre protesto e política. Temos de ter ambos. Temos de mobilizar e consciencializar as pessoas, e organizar e votar para garantir a eleição de candidatos que reformem”, defende. A seis meses das presidenciais, Barack Obama vem dizer que “as autoridades eleitas que mais importam na reforma dos departamentos de polícia e no sistema judicial trabalham ao nível estadual e local” e é para estas eleições que chama mais a atenção.
“Quanto mais específicos formos, mais podemos exigir da justiça criminal e da reforma da polícia” e “mais difícil será para as autoridades eleitas apenas elogiarem a causa e depois voltarem aos negócios, como de costume, depois dos protestos desaparecerem”. Obama defende que o conteúdo das medidas terá de ser diferente para cada comunidade e reencaminha os leitores para “um relatório e um conjunto de ferramentas desenvolvidos pela Conferência de Liderança em Direitos Civis e Humanos e baseados no trabalho da Força-Tarefa sobre Policiamento do Século XXI que formei quando estava na Casa Branca”.