Pelo menos 10 mil pessoas vão a testar a vacina contra a Covid-19 que está a ser desenvolvida pela Universidade de Oxford. O medicamento vai entrar já esta semana na fase III de testes clínicos, a de testagem em massa, segundo avança o jornal O Estado de S. Paulo, que falou com um dos membros da equipa de investigação do Instituto Jenner, que pertence àquela instituição universitária, a brasileira Daniela Ferreira.

Embora não se tenha querido comprometer com uma data, a especialista em infeções respiratórias e desenvolvimento de vacinas afirmou que “entre dois a seis meses” já se saberá se a vacina é eficaz. O grande problema, explicou, é que não basta saber se a vacina combate o vírus.

Cientistas de Oxford começam a testar vacina em humanos já esta quinta. O que já se sabe e que hipóteses tem de ser eficaz?

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“É preciso saber se pode ser produzida rapidamente e em larga escala, se será acessível globalmente, se terá um preço razoável ou se poderá ser distribuída de graça. Enfim, tudo isso entra nessa conta”, sublinhou a cientista brasileira.

Não adianta, por exemplo, uma vacina que proteja muito bem, mas esteja disponível apenas para um milhão de pessoas”, argumentou Daniela Ferreira.

Num estudo clínico, a fase I refere-se ao uso do medicamento pela primeira vez num ser humano. Na fase II estudam-se cerca de 100 a 300 indivíduos com diferentes dosagens.

Vacina já em setembro? Investigadora de Oxford diz que está 80% confiante de que é possível

Entrar na fase III significa que a potencial vacina tem de ser testada de forma massiva para garantir a eficácia do medicamento. Desta fase, devem sair todas as informações necessárias para a elaboração da bula do medicamento, podendo, a partir daqui, pedir-se aprovação para uso comercial.

Desde o final de maio que os investigadores estão a recrutar voluntários, segundo anunciou a universidade de Oxford, preferencialmente entre os profissionais de saúde, já que estes são mais facilmente expostos ao vírus.

Durante esta fase do ensaio clínico, em que metade recebe a vacina e metade um placebo, nenhum dos participantes é inoculado com o SARS-CoV-2, responsável pela doença Covid-19, devendo ser exposto naturalmente ao novo coronavírus.

Para acelerar esta fase, a Universidade de Oxford está a trabalhar com 18 centros de pesquisa no Reino Unido.

Macacos infetados ganharam anticorpos contra o vírus 14 dias depois de receberem a vacina da Universidade de Oxford

A vacina de Oxford é uma das mais esperadas contra o SARS-Cov-2 até porque as notícias continuam a ser promissoras. A meio de maio, a equipa de investigadores do Instituto Jenner publicou um artigo onde dá conta dos detalhes da sua investigação com macacos rhesus (macaca mulatta): 14 dias depois de receberem a vacina, os macacos infetados ganharam anticorpos contra o vírus. Para além disso, parece prevenir danos nos pulmões e impede a replicação do vírus.

Em abril, Sarah Gilbert, investigadora da Universidade de Oxford, disse acreditar que a vacina pode estar disponível em setembro. “Isto não é apenas um palpite. À medida que as semanas vão passando vamos tendo mais informação para analisar. Diria que estou 80% confiante. Penso que há uma grande probabilidade de que funcione, com base noutras coisas que fizemos com este tipo de vacina”, disse em entrevista ao britânico Times.