“Não será a minha cadeira de sonho porque o FC Porto é mais que um sonho, é real! O meu amor ao clube não chega, mas aliado à competência daqueles, que comigo estão neste desígnio, sei que darão de alma e coração a sua total entrega ao clube que tanto amamos, FC Porto!”. É desta forma que Nuno Lobo, de 50 anos, empresário do ramo da restauração, se apresenta no site oficial da candidatura da lista B à liderança dos dragões. Objetivo? Dar continuidade à parte boa de Pinto da Costa invertendo a parte má de Pinto da Costa. Caminho? Ser terrível como era Pinto da Costa, “o dobro ou triplo do que ele foi” como destacou numa entrevista à Lusa.

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Ao longo das visitas que foi fazendo a Casas do FC Porto, Nuno Lobo foi deixando várias mensagens sobre o que defende para “salvar o clube” mas sempre com essa tónica: recuperar o espírito guerreiro que entretanto considera que se apagou no discurso do atual líder. “Adoro o senhor Jorge Nuno Pinto da Costa, não o escondo. Estou eternamente agradecido e isto não é uma luta contra ele. Mas, como tudo na vida, há um ciclo, tem que haver uma mudança. O presidente Pinto da Costa não é eterno, eu não sou, ninguém o é. A única coisa que terá de ser eterna é o nosso querido FC Porto. Só espero ser terrível como era Pinto da Costa. Espero ser o dobro ou triplo do que ele foi, e já tive oportunidade de lhe transmitir isso”, destacou numa entrevista à agência Lusa.

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Tal como o outro candidato à Direção, José Fernando Rio, as principais críticas entroncam no percurso desportivo nos últimos anos alicerçado nas dificuldades financeiras conhecidas e que motivaram mesmo intervenção da UEFA por causa do fair play financeiro. “Desportivamente, com 25 títulos possíveis e dois ganhos, sinto-me uma lástima. Financeiramente, com 400 e tal milhões de euros em dívida, custa-me muito ver o meu clube estar a ser falado como insolvente ou em falência técnica. Um clube que foi, há poucos anos, campeão europeu e que vendeu milhões e milhões, onde tem esse dinheiro?”, questionou nas intervenções mantidas nos últimos dias.

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Entre “um conjunto de 235 medidas” que espera começar implementar caso seja eleito, entre as quais se incluem o aumento do número de sócios pagantes (que hoje representam 3% das receitas) para 150 mil, a criação de uma Academia para o futebol de formação – em terrenos cedidos pela Câmara em direito de superfície –, o incremento das receitas de merchandising e a fundação ou reativação de modalidades como o futsal, o futebol feminino, o andebol feminino e o voleibol masculino (que tem grande história), Nuno Lobo tem também elegido o Benfica e Luís Filipe Vieira como outros dos principais alvos, como já se percebera numa primeira aparição pública do sócio azul e branco com 30 anos de filiação quando foi “o” adepto dos dragões numa campanha da Liga NOS.

O candidato à presidência do FC Porto, Nuno Lobo, durante a entrevista à Agência Lusa, Porto, 27 de maio de 2020. (ACOMPANHA TEXTO DE 30/05/2020) JOSÉ COELHO/LUSA

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“O FC Porto é uma doença. Uma doença boa, uma paixão”, disse então, em 2018, explicando que torcia pelo clube ainda em Angola antes de se mudar para Lisboa, Vila Real e finalmente para o Porto. “Sou portista e não tenho problema de dizer que não gosto do Benfica. Sou um adepto genuíno. Não quero que o Benfica ganhe, nunca!”, acrescentou, contando ainda que fez parte das claques dos dragões, que viu o primeiro jogo frente ao Barreirense (4-1) com oito anos, que foi várias vezes a pé de Ermesinde às Antas e que ainda hoje tem a camisola da época de 1987, quando o clube foi pela primeira vez campeão europeu e acordou às 11h do dia seguinte nos Aliados depois de ter beijado um cão no meio da festa, naquele que considera ter sido um dos dias mais felizes que teve.

“Esta Direção tem tanta experiência e estamos desta maneira? Serei um presidente de proximidade, não serei um presidente ausente, passivo, sereno. Somos contra o rumo que o FC Porto tomou. Escreveram que queria ser mais terrível do que Pinto da Costa. Eu sou assim, não vou ficar calado em relação a todos os processos que envolvem um certo clube. Vou levar todos esses processos às últimas instâncias. São casos que lesaram gravemente a nossa instituição, porque nos tiraram campeonatos. Tivemos, mais uma vez, passividade e o FC Porto não pode ser assim. Passado? Sou sócio do FC Porto. Sou e serei sempre uma voz ativa. O meu passado foi mostrar o meu cachecol e a minha camisola do FC Porto por esses campos fora”, salientou em entrevista ao Porto Canal.

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“Quero um FC Porto transnacional, habilitado por propostas e gente capaz, que lhe dará o ‘cunho’ da internacionalização desejável, que até hoje não foi conseguido. Ao longo dos últimos anos, percebi que não basta ‘ganhar em campo’, é preciso ganhar dimensão, nacional e mundial e por isso tenho o melhor instrumento para o fazer: a marca FC Porto. Nesta marca, temos tudo: ambição, seriedade, coerência, futuro, projetos, qualidade e grandeza. Acredite que a tarefa é exigente mas estarei pronto com a equipa multidisciplinar motivada, que garanta o futuro do nosso clube”, escreveu numa nota no site oficial. Como cabeças de lista para os outros órgãos estão Martins Soares (ex-candidato à presidência em 1988 e 1991 que concorre agora ao Conselho Superior), Francisco Araújo Ramos (Mesa da Assembleia Geral) e António Nunes (Conselho Fiscal e Disciplinar).

Além desses textos e do programa de 30 páginas que apresenta a sufrágio, Nuno Lobo tem também uma parte dedicada apenas às mudanças que pretende implementar em caso de triunfo no sufrágio deste fim de semana:

  • Vetor Desportivo Futebol. Construção de uma Academia e de uma unidade hoteleira no centro de estágio; aposta na formação; maior envolvimento nos espaços do clube das Filiais, Núcleos, Casas e Delegações a nível de rede de recrutamento; criação de futebol feminino e de futsal masculino; criação efetiva de uma equipa de velhas glórias; criação ou desenvolvimento de um Gabinete de Apoio aos Atletas (GAA), de um Gabinete de Psicologia e Apoio Escolar (GPAE) e de um Gabinete de Alto Rendimento e Treino Especifico (GARTE).
  • Vetor Social – Comercial e Marketing. Pay-per-view no Porto Canal; criação de um Museu no Hotel do Edifício dos Aliados; realização de concertos e grandes eventos; chegar aos 150 mil sócios pagantes; criação da Figura do Sócio Embaixador (nomeado anualmente); Estádio Inteligente; protocolar com a Câmara Municipal do Porto a comemoração nos Aliados de todas as conquistas; estudar viabilidade de venda de jogos da Santa Casa nas Lojas, Delegações, Filiais, Casas e Núcleos do FC Porto revertendo parte do lucro da receita do que é vendido, para as respetivas e criação de protocolo com a Santa Casa de um jogo para o FC Porto, como a Raspadinha do Dragão, com a receita a reverter para os GOA e para o FC Porto em partes iguais por forma a patrocinar as viagens dos GOA; naming do Dragão, do Dragão Arena, do Olival e do Campo da Constituição.

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  • Vetor Social – Delegações, Filiais, Casas, Núcleos do FC Porto. Criação da figura do Sócio das Delegações, Filiais, Casas e Núcleos do FC Porto a mais de 100 quilómetros da cidade e com a receita do mesmo a reverter de forma integral para as Delegações, Filiais, Casas e Núcleos do FC Porto.
  • Vetor Territorial – Património. Alargamento da rede de escolas e academias de futebol, privilegiando a expansão nacional e internacional; criação da primeira Escola Academia Porto, nacional/internacional; criar Delegação do FC Porto no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, com merchandising; envolver autarquias de Gondomar, Maia e Matosinhos em projetos de educação desportiva nas modalidades.
  • Vetor Económico – SAD. Aumentar o peso das receitas que não dependam diretamente do êxito desportivo; aumentar receitas de sponsors; rentabilizar Dragão Arena, com parcerias e protocolos nacionais e internacionais; criação de um espaço líquido para um grande festival de Verão; enquadrar as Festas de São João privilegiando a vinda das Delegações, Filiais, Casas e Núcleos do FC Porto; repor o capital próprio em níveis positivos, garantindo que o FC Porto mantenha a posse e o controlo das empresas participadas, com relevância para a SAD; redução gradual do passivo global, através de fluxos operacionais positivos, resultantes de uma gestão de rendimentos e gastos criteriosos; estabelecimento de tetos salariais para os vencimentos dos administradores da SAD; limitação dos prémios a atribuir, sendo que devem ser pensados em função de objetivos claros; excedentes orçamentais devem ser investidos em áreas de desenvolvimento e crescimento para o futuro como por exemplo a construção de uma Academia do FC Porto.
  • Vetor social – Associados. Reforço dos privilégios aos sócios (acesso a bilhetes e instalações); manter e reforçar o Provedor do Sócio; melhoria da linha direta do sócio; criação de Match Day dos sócios; criação de conteúdos infantis, na Porto Canal, para sócios mais novos; isenção, até aos 16 anos, de pagamento de quotas; comunicação regular do presidente com os sócios através do telefone; Open Day na direção com sócios.

O Observador vai escrever todos os dias um artigo sobre as eleições do FC Porto, a 6 e 7 de junho