O ex-primeiro-ministro José Sócrates está desde março a trabalhar como consultor no setor privado e recebe um salário muito superior à subvenção vitalícia que recebia da Caixa Geral de Aposentações, segundo noticia o Correio da Manhã este sábado.
Desde junho de 2016 que Sócrates recebia da Caixa Geral de Aposentações (CGA) uma subvenção de 2.372 euros brutos mas, segundo o Correio da Manhã, terá perdido o direito a receber a totalidade da subvenção vitalícia. O jornal garante que o ex-primeiro-ministro e principal suspeito da Operação Marquês estará a receber mais de 3.700 euros por mês. Este valor representa um cálculo a partir das regras para a atribuição das subvenções vitalícias. Ou seja, só ganhando mais do que esse valor é que Sócrates reuniria condições para ter uma “redução total” do subsídio que era atribuído a ex-políticos.
Devido a este trabalho como consultor no setor privado, numa empresa que o jornal não identifica, Sócrates deixa, assim, de receber a pensão mensal vitalícia relacionada com 18 anos de funções políticas e trabalho como deputado na Assembleia da República. Sócrates só pediu a subvenção em 2016 mas conseguiu recebê-la com efeitos retroativos, desde o momento em que deixou de ser primeiro-ministro, em 2011.
A instrução do processo Marquês, em que José Sócrates foi acusado de 31 crimes, recomeça no próximo dia 22 de junho.
Entre os 31 crimes graves que são imputados a José Sócrates, destacam-se os três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político — e logo enquanto primeiro-ministro de Portugal. O número de crimes está diretamente ligado aos três grupos empresariais (Grupo Lena, Grupo Espírito Santo e Grupo Vale do Lobo) que, segundo a acusação deduzida esta quarta-feira, terão alegadamente pago subornos a Sócrates. Terão sido estes três grupos económicos que terão transferido um total de cerca de 24.875.00 de euros para as diversas contas bancárias que Carlos Santos Silva tinha aberto na Union des Banques Suisses (UBS) em nome de diversas sociedades offshore.
PT, BES e Vale do Lobo. Como Sócrates terá sido corrompido desde o 1.º dia
Se acrescentarmos a esse valor os cerca de 7.154.925 euros que Santos Silva terá recebido do Grupo Lena (tendo alegadamente colocado tais fundos à disposição de Sócrates) e um mínimo de 2,3 milhões de euros em numerário que o primo do ex-primeiro-ministro (José Paulo Pinto de Sousa) terá feito chegar ao ex-líder do PS, estamos a falar de um total de cerca de 34,3 milhões de euros que o Ministério Público entende que “foi disponibilizado ao arguido José Sócrates com origem na prática de crime”.