O fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, diz estar “abalado e enojado com a retórica divisória e incendiária” de Donald Trump relativamente aos protestos anti-racismo que se têm multiplicado nos Estados Unidos e por todo o mundo na sequência da morte, às mãos da polícia, do cidadão afro-americano George Floyd.

Numa carta assinada em conjunto com Priscilla Chan, sua mulher e cofundadora da Chan Zuckerberg Initiative (CZI), lê-se que os dois estão “profundamente abalados e enojados com a retórica divisória e incendiária do Presidente Trump num momento em que nossa nação precisa, desesperadamente, de unidade”.

A carta, conhecida esta manhã, surge como resposta a uma carta aberta assinada por mais de uma centena de cientistas que são financiados pela Chan Zuckerberg Initiative e que acusam a rede social liderada por Zuckerberg de ter políticas que são “diretamente antiéticas” em confronto com a missão do fundo de investimento com que o casal apoia a investigação em tecnologia e ciência.

Mark Zuckerberg tem sido alvo críticas por ter recusado intervir diretamente nas publicações do Presidente dos EUA, Donald Trump, como fez o Twitter — que colocou alertas e fact-checks em mensagens de Trump. Zuckerberg afirmou até diretamente que o Facebook tem “uma política diferente” da do Twitter neste assunto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Depois das críticas, o líder do Facebook admitiu que vai ponderar uma forma de moderar as publicações do Presidente dos EUA. Sem se referir diretamente a Trump, Zuckerberg afirmou que a rede social vai “rever” as suas políticas no que diz respeito a “ameaças do estado sobre o uso da força”. O empresário referia-se à ameaça de Donald Trump de enviar o Exército para as ruas para dominar os protestos anti-racismo caso os governadores dos estados não o fizessem.

A promessa não foi suficiente para o grupo de cientistas, que no dia seguinte remeteu uma carta a Zuckerberg apelando-lhe que considerasse “políticas mais estritas sobre a desinformação e a linguagem incendiária que magoa as pessoas ou grupos de pessoas, especialmente no atual clima de injustiça racial”.

A guerra entre Trump e o Twitter que pode mudar a internet

Na resposta, Zuckerberg e Chan respondem enquanto líderes da Chan Zuckerberg Initiative para argumentar que o fundo, que se destina a financiar projetos inovadores em ciência e tecnologia, é uma entidade separada do Facebook.

“Este é um ponto de inflexão extraordinariamente doloroso na história da nossa nação, particularmente para a comunidade negra e para os nossos colegas negros, que têm vivido com os impactos do racismo sistémico há gerações”, escrevem Zuckerberg e Chan.

Remetendo para a mensagem recente do líder do Facebook sobre as medidas que poderão vir a ser tomadas em breve pela rede social, Zuckerberg e Chan advertem que essas “não são decisões da CZI enquanto organização” e que “as políticas do Facebook nunca irão ditar como é que nós, na CZI, abordamos a nossa missão, o nosso trabalho e as nossas parcerias”.