Numa altura em que muitos países começam a desconfinar, Portugal incluído, a Reuters pediu a cinco epidemiologistas e especialistas em saúde pública para classificarem 11 atividades do dia-a-dia numa escala de 1 a 5, sendo o número 1 equivalente a pouco risco e o 5 a um risco elevado. Apesar da multiplicidade de cenários, os peritos atestam que as atividades com maior risco associado são aquelas que acontecem dentro de portas, com má ventilação e muitas pessoas durante longos períodos de tempo. O contrário também se verifica: mais seguras são as atividades no exterior, onde é possível manter a distância social.

Ir ao médico: risco de 2,1

O risco desta atividade é baixo, com Jared Baeten, da Universidade de Washington, a explicar que apesar de as pessoas estarem a adiar consultas de rotinas e cuidados de saúde urgentes, o médico é atualmente “um dos sítios mais seguros onde as pessoas podem ir”, dado os protocolos de triagem para os funcionários, entre outros, que são muito rigorosos.

Participar num piquenique ao ar livre ou num churrasco: risco de 2,3

Também aqui o risco é baixo. Marybeth Sexton, da Universidade de Emory, explica que as pessoas devem usar máscaras quando não estão a comer, bem como trazer álcool em gel e aplicá-lo antes de comer, mantendo sempre que possível uma distância de dois metros das pessoas. Outro conselho passa por não partilhar comida ou bebidas. “Qualquer coisa que envolva contacto próximo ou comida partilhada, particularmente buffets, aumenta o risco.”

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Marcar um encontro para o seu filho com um amigo no exterior: risco de 2,4

O risco é baixo a moderado, ainda com Marybeth Sexton a identificar dois cenários distintos: caso as crianças sejam mais velhas e tenham capacidade de perceber a importância da distância social, e o caso número de pessoas envolvidas seja diminuto e a atividade não envolva contacto físico direto, a situação representa um 2; as coisas mudam drasticamente se em causa estiverem crianças mais novas, o que aumenta o risco para 4 ou 5.

Ir ao centro comercial: risco de 2,5

O risco é baixo a moderado se as pessoas tiverem “uma estratégia de entrada e saída”, se usarem máscaras e se que quem estiver a prestar o serviço também estiver a usar, argumenta Jared Baeten.

Regressar ao local de trabalho: risco de 2,6

O risco é moderado. Ainda assim, Barun Mathema, da Universidade da Columbia, oferece alternativas: “As empresas podem implementar dias alternados de forma a haver menos pessoas nos escritórios. Devem também garantir que os funcionários têm mesmo noção dos possíveis sintomas e até incentivar as pessoas a fazer testes.”

Visitar um familiar idoso: risco de 3,2

Richard Jackson, da Universidade da Califórnia, diz que o maior risco neste cenário é para o idoso, sobretudo se quem visita não tem o hábito de manter o distanciamento social, ao contrário da pessoa mais velha. Jackson salienta ainda os benefícios psicológicos desta situação para ambos os envolvidos caso estes se encontrem de saúde, algo que só pode acontecer seguindo este conselho — “Usar máscaras, lavar as mãos e manter a distância”.

“Se não entrou em contacto com mais ninguém e se se examinou para detetar sintomas, visitar parentes mais velhos pode ser realmente benéfico. Se os seus circuitos são pequenos, visite o seu familiar idoso ao ar livre e de máscara posta.”

Ir ao cabeleireiro: risco de 3,4

Richard Jackson continua e argumenta que se o cabeleireiro se encontrar bem de saúde, sem sintomas, estiver usar uma máscara à semelhança de quem vai cortar o cabelo, então a situação representa um risco diminuto. Isso muda caso o staff esteja a espirrar e a tossir.

Ir a um restaurante: risco de 3,4

Marybeth Sexton diz que o risco é moderado, ainda que comer no exterior é menos arriscado do que fazê-lo em espaços fechados dada a circulação do ar. O risco varia consoante as pessoas com quem estamos — há uma diferença entre ser com a família à qual estamos expostos diariamente versus contactos externos —, o quão próximas estão as mesas e quantas pessoas estão no restaurante. É ainda de salientar a necessidade de o staff estar a usar máscaras.

Ir a um jantar num local fechado: risco de 3,8

Nesta situação, o risco vai de moderado a elevado, com Richard Jackson a dizer que caso isso aconteça entre adultos que tenham mantido uma distância social, o cenário representa um 2, isto é, garantido que as pessoas que parecem estar doentes não entram. “Para evitar o constrangimento de mandar pessoas embora quando estão à porta de sua casa, deixe clara essa condição quando fizer os convites.” No entanto, se alguém apresentar sintomas, a situação rapidamente escala para um 4.

Mandar o seu filho para um campo de férias: risco de 3,9

Jackson diz que caminhadas, desporto, refeições em grupo, fogueiras, beliches, trabalhos manuais e até cantoria são coisas importantes na experiência de acampar e são também formas eficientes de espalhar o vírus. “É essencial que os responsáveis do campo levem a prevenção e monitorização muito sério.”

Já Baeten argumenta que acampamentos com poucos grupos e com atividades que aconteçam sobretudo no exterior podem ser um 3. Já os acampamentos com muitas crianças e sem triagem “são 4 e não 5 apenas porque as crianças têm um risco muito baixo de adoecer com este vírus”. Mas os funcionários podem ficar em risco.

Andar de transportes públicos: risco de 4,1

“Normalmente, isso é algo a que as pessoas são obrigadas a fazer se são trabalhadores essenciais e precisam ganhar a vida, especialmente em áreas urbanas. Eu usaria luvas, máscara e lavaria as mãos”, diz Jackson. “Os autocarros devem ter as janelas abertas, se possível.”