O surto de Covid-19 detetado esta semana num lar de Reguengos de Monsaraz, que já registou 62 casos positivos, pode já estar instalado na comunidade, disse este sábado em Évora o responsável da Autoridade Local de Saúde.
O foco detetado esta semana conta já com 62 testes positivos, de 45 utentes e 17 funcionários, segundo a última atualização da Administração Regional de Saúde do Alentejo (ARS Alentejo), que aguarda ainda o resultado de 47 testes, entre os quais três que tiveram um primeiro resultado inconclusivo.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara e responsável pela Proteção Civil de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, disse que dos seis novos casos, a juntar aos 56 já conhecidos, “quatro resultam dos 47 testes” cujo resultado ainda era desconhecido, “um resulta da repetição dos inconclusivos” e o outro é “o caso que deu início” à testagem massiva, cujo resultado “só agora foi oficializado”.
Os seis novos casos ainda não estão incluídos no boletim da situação da pandemia em Portugal divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde.
O primeiro caso positivo de covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz foi detetado na quinta-feira de manhã, tendo no próprio dia sido iniciados os testes a todos os 105 funcionários e 83 utentes da instituição, explicou hoje o Presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Alentejo, José Robalo.
De acordo com declarações prestadas hoje em conferência de imprensa pelo responsável de Autoridade Local de Saúde do ACES Alentejo Central, Augusto Santana de Brito, o surto de covid-19 detetado no lar pode já estar instalado na comunidade.
Com exceção de um único caso que ficou internado em enfermaria, no Hospital do Espírito Santo, em Évora, todos os utentes que testaram positivo encontram-se em residências de familiares ou na instituição.
Em conferência de imprensa realizada na sede da ARS Alentejo, Augusto Santana de Brito, a Autoridade Local de Saúde do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Alentejo Central, referiu que a investigação epidemiológica, “a decorrer”, já se estende a contactos de funcionários e utentes com pessoas de concelhos vizinhos de Reguengos de Monsaraz e apelou a cuidados redobrados por parte da população dessa região.
A testagem, de acordo com Santana de Brito, vai depender agora da investigação epidemiológica, mas estão já a ser tomadas diversas medidas de prevenção no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, onde o surto foi detetado.
“Foram canceladas todas as visitas, cessaram as atividades conjuntas, entre as quais as refeições, cessou a atividade da creche adjacente ao lar, por precaução, estão a ser criadas alas diferentes para os utentes que testaram positivo ou negativo e reforçaram-se as medidas de higienização da instituição”, elencou o responsável da Autoridade Local.
Com exceção de um único caso que ficou internado em enfermaria, no Hospital do Espírito Santo, em Évora, todos os utentes que testaram positivo encontram-se em residências de familiares ou na instituição, pois a autoridade local considera que “em utentes com esta idade pode ser contraproducente retirá-los” para outros locais.
“O Centro de Saúde está, neste momento, a avaliar todos os utentes no sentido de perceber quais possam precisar de cuidados diferenciados”, explicou o Presidente do Conselho Diretivo da ARS Alentejo, José Robalo.
Quanto aos 16 funcionários que testaram positivo, estes encontram-se em isolamento nas suas residências, pelo que os serviços do lar afetado vão ser reforçados com 15 técnicos especializados, cedidos pela Segurança Social, que vai assegurar, também, o fornecimento de equipamentos de proteção individual adequados.
José Robalo explicou ainda que teve conhecimento na quinta-feira de manhã de um utente do lar que tinha sido transportado para o serviço de urgência do hospital de Évora e que nessa tarde iniciaram “de imediato” os testes a todos os 105 funcionários e 83 utentes.
Apesar dos números “preocupantes” e das suspeitas de que a infeção possa estar já disseminada na comunidade local, a responsável da Autoridade Regional de Saúde Alentejo, Filomena Araújo, garantiu que a autoridade “estava preparada” para os testes e para a investigação epidemiológica e avançou que tem capacidade para, em caso de necessidade, efetuar entre 400 e 500 testes diários.
Por outro lado, apelou à responsabilidade civil da população no sentido de travar o surto epidemiológico que se alastra na região alentejana.
“O Alentejo tem sido considerado seguro e estamos em crer que é possível manter esta situação. É um esforço que todos temos de fazer. Se tiverem quaisquer sintomas suspeitos, não se desloquem ao local de trabalho, contactem a linha Saúde 24, não saiam da área de residência e evitem ao máximo contactos mais próximos com quaisquer familiares”, pediu Filomena Araújo.
Quanto à origem do foco, a responsável referiu que “ainda não foi possível perceber” e que isso será determinado, “se possível”, através da investigação epidemiológica.
(Número de infetados atualizado com informações da autarquia)