A partir de casa, na Irlanda, Paddy Cosgrave falou para uma plateia espalhada pelo mundo inteiro. Sob o chapéu do “Collision From Home” — versão exclusivamente online do Collision, evento irmão da Web Summit que tradicionalmente decorre em Toronto –, o fundador da Web Summit explicou que a sua equipa passou “muito tempo a tentar perceber como é que o software [que tem estado a desenvolver para eventos online] pode tornar os eventos melhores. Temos agora uma fantástica equipa de mais de 50 pessoas em várias papéis, de data science a comunicações, entre outros”, referiu.

“Perguntámo-nos como é que a magia do que acontece offline pode acontecer online. É o que temos testado nas últimas 24 horas e vamos continuar a testar”, afirmou Paddy, com o alvo apontado para o evento que se realizará em Lisboa, em dezembro, a Web Summit.

“Estamos muito entusiasmados por ver como é que esta plataforma vai evoluir. Achamos que quando chegarmos à Web Summit, em dezembro, a experiência vai ser melhor”, acrescentou

Nesta quarta-feira, a organização da Web Summit esclareceu que a conferência se vai realizar de 2 a 4 de dezembro e que vai contar com uma parte online e outra offline. Até aqui, aquela que é a maior conferência de empreendedorismo e tecnologia da Europa tem decorrido na primeira semana de novembro. Na semana passada, Paddy Cosgrave disse no Twitter que a Web Summit iria decorrer em Lisboa, mas, tal como o Observador noticiou na altura, não revelou os moldes em que iria ser realizada a edição de 2020.

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A organização explicou esta quarta-feira que as conferências vão ser transmitidas online a partir de um estúdio no Altice Arena, bem como a partir de outros estúdios colocados em diferentes cidades do país. “O foco tem sido só em Lisboa, mas o mundo tem de saber que há muito mais em Portugal”, respondeu Paddy a uma das perguntas feitas pelo Observador, na conferência de imprensa desta tarde.

Web Summit adiada para dezembro, conferências serão gravadas em estúdios e transmitidas online

“Uma das coisas que estou a pensar não é fazer um estúdio no Altice Arena, mas fazer noutras cidades em Portugal. Ir ao Porto, a Faro, a Coimbra… Fazer uma coisa em simultâneo é bom.”

Sobre o número de pessoas que o fundador espera receber na edição de 2020 da Web Summit, Paddy Cosgrave diz que é possível que este ano haja “um maior número de pessoas a participar na Web Summit, por causa do online”. Na edição do ano passado, estiveram mais de 70 mil pessoas em Lisboa, mas sobre a edição deste ano ainda não há certezas sobre o público que poderá assistir às conferências — nem sequer se isso será possível. Paddy Cosgrave remeteu esclarecimentos sobre isto para outubro, tal como já tinha dito em comunicado.

É uma decisão que vamos tomar em outubro. No final, ainda vai ser decidido tendo em conta aqueles que forem os protocolos de saúde acionados”, acrescentou, sublinhando que este tipo de decisão terá de ser revisto semanalmente. “Acho que não é uma pergunta à qual se possa responder a seis meses do evento.”

Sobre a plataforma online, Paddy Cosgrave referiu que a equipa está a trabalhar para ter mais de 100 mil pessoas online. “Sejam quais forem as limitações em Portugal, quero garantir que vamos mostrar mais do país. Em dezembro vai ser fantástico para o mundo ver Portugal inteiro.”

Tudo isto é sinal de que as conferências podem tornar-se, por defeito, primeiramente online? “Não posso falar por outras conferências”, respondeu Paddy Cosgrave, assegurando, de seguida, que o futuro passa por uma complementaridade entre o online e o offline. “O futuro dos nossos eventos é híbrido, é o que vejo.”

A Web Summit realiza-se tradicionalmente no Parque das Nações, na FIL (Feira Internacional de Lisboa) e no Altice Arena. Este ano, o evento tinha data marcada para 2 a 5 de novembro.

Em 2018, foi assinado um contrato de 10 anos com a CML e o Governo que implica um investimento público de 11o milhões de euros ao todo, o que perfaz 11 milhões de euros por ano. Na altura, Fernando Medina, presidente da CML, dizia: “Ganhámos”. Na mesma apresentação foi revelado que a FIL ia ter obras até 2022 para duplicar a capacidade das exposições também para as ambições de crescimento da Web Summit.