A Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana anunciou esta quinta-feira que “está a trabalhar” no processo-crime que envolve pastores angolanos e brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola, em desavenças, recusando qualquer inércia do órgão.
“Há um processo-crime que corre a sua tramitação no Serviço de Investigação Criminal (SIC) e estamos a trabalhar no processo”, disse o PGR de Angola, Hélder Pitta Grós, quando questionado esta quinta-feira pela Lusa, em Luanda.
Segundo o magistrado, na sequência das contendas entre os pastores da IURD, que culminaram na segunda-feira com a tomada de templos em várias províncias, incluindo 30 em Luanda, e em algumas detenções, os advogados da IURD apresentaram uma outra queixa-crime.
Aconteceu agora há dias esta situação, a polícia teve a sua intervenção e os advogados da IURD também apresentaram uma outra queixa-crime e estamos a trabalhar”, explicou.
Em relação à alegada inércia da PGR face ao conflito entre pastores da Igreja Universal em Angola, Pitta Grós negou afirmando que “há um processo que estava em curso de uma situação anterior”. Esta queixa dos advogados da IURD, explicou, “deu entrada ontem” [quarta-feira] e a PGR também está “a trabalhar”.
A polícia angolana foi chamada a intervir na madrugada de quarta-feira num dos templos da Igreja Universal do Reino de Deus em Luanda, tendo conduzido até à esquadra cinco pessoas, que foram posteriormente libertadas.
Segundo declarações do superintendente Lázaro Conceição, à Televisão Pública de Angola (TPA), a polícia foi chamada a intervir no templo do Morro Bento (bairro de Luanda) “para manter a ordem e a tranquilidade públicas, às quatro da manhã”, tendo sido identificadas no local cinco pessoas, quatro de nacionalidade angolana e uma estrangeira.
Depois de serem levados para a 21.ª esquadra, onde “foram submetidos a uma entrevista policial”, os cidadãos foram libertados.
Segundo um dos dissidentes da IURD, o incidente terá acontecido quando um grupo de pastores brasileiros tentou recuperar o templo que tinha sido tomado por angolanos.
Gime Inácio, porta-voz da comissão de reforma da IURD, disse à TPA que os templos do Morro Bento e do Patriota foram invadidos por homens armados e que a polícia efetuou alguns disparos para controlar o tumulto, o que foi, no entanto, negado por Lázaro Conceição.
O mesmo porta-voz afirmou que foi indicado um novo líder para dirigir “os destinos da igreja” brasileira em Angola, o bispo Luís Valente.
As desavenças entre os pastores brasileiros e angolanos arrastam-se há vários meses. Os angolanos, que se desvincularam da ala brasileira falam de vários crimes e práticas negativas dos brasileiros, incluindo racismo, corrupção e desvio de dinheiro.
A IURD contesta e acusa este grupo de “práticas e desvio de condutas morais e, em alguns casos criminosos, contrárias aos princípios cristãos exigidos de um ministro de culto”, queixando-se de ser alvo de ataques xenófobos.
Entretanto, a IURD em Angola comunicou, na sua página da rede social Facebook, que as suas igrejas vão continuar fechadas em todo o país, por não estar garantida a segurança de pastores e fiéis.