No passado sábado, Cristiano Ronaldo marcou finalmente de livre direto. Dois anos depois de chegar à Juventus, um ano depois de acertar na baliza de livre pela última vez, ao serviço da Seleção Nacional, o jogador português conseguiu fazer golo depois de afastar as pernas, subir os calções e respirar fundo, naquela preparação tão própria e tão reconhecida. Mas mais do que esse golo contra o Torino, mais do que o encerrar de uma série pouco positiva de 42 livres consecutivos sem conseguir marcar nenhum, foi a celebração de Ronaldo que acabou por fazer correr tinta.
Num grito quase em formato de espanta fantasmas, o português abriu os braços, ativou todos os músculos e olhou fixamente para a frente, sendo de imediato congratulado pelos colegas de equipa, cientes do importante momento que tinham acabado de presenciar — assim como o normalmente sisudo Maurizio Sarri, que sorriu junto ao banco de suplentes. Um grito que, 12 anos depois, fez lembrar outro praticamente igual: quando Ronaldo marcou de livre direto contra o Portsmouth, ainda ao serviço do Manchester United e em 2008, num dos golos mais conhecidos do avançado português. Nesse dia, um ano antes de sair para o Real Madrid, Cristiano Ronaldo abriu os braços, ativou todos os músculos e olhou fixamente para a frente. “A mesma energia”, escreveu o site Bleacher Report para descrever uma comparação entre duas fotografias com 12 anos de diferença mas nem um centímetro de distância no que toca à sensação.
Same energy ???????? pic.twitter.com/otLMbe21He
— B/R Football (@brfootball) July 5, 2020
Depois de tudo isto, a Juventus entrava esta terça-feira em campo para defrontar o AC Milan em San Siro com a certeza de que uma vitória significava ficar com mais dez pontos do que a Lazio, já que a equipa comandada por Simone Inzaghi perdeu em casa do Lecce — num jogo onde Patric, defesa dos romanos, acabou expulso depois de morder um jogador adversário. Sem Dybala e De Ligt, ambos suspensos, Sarri lançava Higuaín na frente de ataque, perto de Ronaldo e Bernardeschi, e Rugani era o central titular ao lado de Bonucci. Do outro lado, Rafael Leão começava na condição de suplente e Ibrahimovic era o homem mais adiantado da equipa de Stefano Pioli.
Lazio defender Patric was sent off for biting Lecce's Giulio Donati. pic.twitter.com/C681xLtPuz
— ESPN FC (@ESPNFC) July 7, 2020
Depois de uma primeira parte em que o AC Milan mostrou vontade de fazer frente à Juventus, ainda que as melhores oportunidades tenham pertencido aos bianconeri, Rabiot abriu o marcador logo nos instantes iniciais do segundo tempo, com uma arrancada impressionante que começou no próprio meio-campo e terminou com um remate perfeito de fora de área (47′). Cristiano Ronaldo aumentou a vantagem da Juventus (53′), depois de um passe longo de Cuadrado e da total desorientação da defesa rossoneri, e a vitória parecia garantida depois de o jogador português marcar pelo quinto jogo consecutivo, mantendo a lógica de fazer golo em todos os jogos da retoma até agora.
Até que, de repente e em cinco minutos, tudo mudou. Ibrahimovic reduziu a desvantagem (62′), na conversão de uma grande penalidade cometida por Bonucci, Kessié empatou logo depois na sequência de uma boa jogada de ataque rendilhada (66′) e Rafael Leão, que entretanto já tinha entrado, confirmou a reviravolta com um remate rasteiro no interior da grande área (67′). Até ao fim, e numa fase de total desorientação defensiva por parte da Juventus, Rebic ainda fechou a vitória do AC Milan depois de um passe inexplicável de Alex Sandro, que tinha acabado de entrar (80′).
Golo da @Juventus ! Golo de @Cristiano ! A defensiva milanesa distraiu-se e deixou o astro português isolar-se. O capitão da nossa seleção, claro está, não perdoou. Dois golos de vantagem para a "vecchia signora". pic.twitter.com/DuhDoueHvA
— SPORT TV (@SPORTTVPortugal) July 7, 2020
Golo do AC Milan! Golo de Rafael Leão! Mais um português a brilhar na partida. O antigo jogador do Sporting CP aproveita uma distração da defensiva "bianchonera" e não perdoa! AC Milan dá a volta. Que jogo… pic.twitter.com/umNdhVK0jF
— SPORT TV (@SPORTTVPortugal) July 7, 2020
No dia em que podia ter ficado com dez pontos de vantagem em relação à Lazio, a Juventus perdeu pontos pela primeira vez nesta retoma e falhou aquele que seria o xeque-mate à conquista na nona Serie A consecutiva. Já o AC Milan, que na meia-final da Taça de Itália perdida para a equipa de Sarri já tinha mostrado que tinha qualidade e capacidade para melhor do que o atual sétimo lugar do campeonato, deu a volta a um jogo em cinco minutos, mostrou eficácia e inteligência para segurar a vitória e conquistou três pontos importantes na luta pelas competições europeias.