Ao todo, 153 lares em Portugal apresentam casos positivos de Covid-19, com utentes e funcionários infetados. O número pode ser lido de outra forma: atualmente, 5,5% de todas as estruturas residenciais para idosos do país apresentam casos de contágio. Os dados foram avançados por António Lacerda Sales que, na habitual conferência de imprensa, reiterou a seguinte mensagem: “Não desistimos de proteger os mais vulneráveis”.

Outros números dão conta que mais de 6.600 doentes foram transferidos dos hospitais do SNS para unidades da rede nacional de cuidados continuados e integrados desde o dia 9 de março. Foram ainda “encontradas mais de 620 repostas sociais que permitiram libertar camas de hospitais”, assegurou o secretário de Estado da Saúde, que referiu ainda que desde março e até ao dia 7 de julho foram contratados cerca de 3.900 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, assistentes técnicos e operacionais.

“Há a possibilidade de expandir este número de contratações dentro do que é o quadro legal e as necessidades”, confirmou, fazendo uma referência ao plano de contingência preparado pelo Governo para a época de inverno, o qual não passa exclusivamente pelo reforço de recursos humanos, mas também pelo reforço da capacidade instalada dos hospitais e das unidades de cuidados intensivos, pela vacinação — com um aumento de 600 mil doses face ao ano anterior —, pelo aumento da capacidade de testagem no serviço público, pelo reforço da reserva estratégica e pela própria preparação para a resposta Covid e não Covid.

“Temos de manter a atividade não Covid num eventual segundo surto.” Da estratégia fazem ainda parte o recurso a novas tecnologias como a teleconsulta e novos processos de reorganização de teletrabalho. Lacerda Sales referiu-se a um “plano de preparação de grande profundidade para o inverno”.

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Área Metropolitana de Lisboa: incidência de 120 casos por 100 mil habitantes

Na área metropolitana de Lisboa a incidência de infeções é cerca de 120 casos por 100 mil habitantes, referiu Graça Freitas na conferência desta segunda-feira. “O número é um pouco mais elevado nas freguesias que estão atingidas. (…) Varia à volta de 125, 140, 145, 150 novos casos por 100 mil habitantes.” A diretora-geral da Saúde referiu ainda que os dados mostram uma “tendência ligeiramente decrescente”, mas que é precisa cautela.

Relativamente ao surto no Hospital São José, que surgiu no serviço de cirurgia, Graça Freitas fez o ponto de situação: dos 36 doentes que estavam internados, 7 que deram positivo foram transferidos para o Hospital Curry Cabral e 29 estão isolados nas suas enfermarias, ou seja, não foram transferidos. Todos os 130 profissionais foram testados, sendo que 10 estão em domicílio neste momento e os outros estão a trabalhar “devidamente protegidos”.

Considerando o IPO de Lisboa, a situação “está completamente estabilizada”, mas o surto ainda não foi dado por terminado “porque não passaram os dias suficientes” para isso. Continua a política do IPO de testar pessoas, profissionais e doentes. “Até à data esse mecanismo de testagem já permitiu identificar 121 casos que depois são isolados em conformidade com as boas práticas”.

Ainda face ao surto no Carregado, Graça Freitas referiu que existem 42 casos positivos confirmados, sendo que há 170 pessoas testadas cujos resultados ainda não estão disponíveis. “Vamos atualizando estes dados.” A diretora-geral da saúde garantiu que está a ser feita uma intervenção para conter o surto e procurar contactos próximos das pessoas infetadas. “As autoridades estão a acompanhar [a situação]”, assinalou.

“Não esperamos um aumento do número de casos” após melhoria tecnológica

A pedido da DGS, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde encontram-se a fazer uma intervenção profunda nos sistemas de recolha e tratamentos de dados epidemiológicos com o objetivo de reduzir tarefas manuais e também diminuir a possibilidade de ocorrência de erros.

Luís Goes Pinheiro, presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, confirmou o trabalho de “grande cooperação” com a DGS e garantiu que a SPMS está a promover a integração dos vários sistemas usados para report de dados epidemiológicos de maneira a que a “informação seja extraída automaticamente”.

Sobre a importância dos formulários “complexos e não muito amigáveis”, Graça Freitas assegurou que a “melhoria imensa do ponto de vista da tecnologia” visa “facilitar a rapidez do processo de análise” e, assim, libertar pessoas para analisar melhor a informação em tempo útil.

Não esperamos um aumento do número de casos. Este trabalho é moroso, mas o total de casos reportados diariamente estará muito próximo da realidade, poderá haver algumas questões com a sub-notificação inicial — o que não é reportado, não é contado —, mas não estamos à espera que este processo venha levar ao aumento do número de casos”, concluiu Graça Freitas.