910kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Danilo, a figura de uma época que foi de dispensado do estágio a super-herói (a crónica do FC Porto-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

Começou a época dispensado de um estágio, acabou a época fora do onze. Mas no jogo decisivo, o capitão Danilo foi o super-herói renascido das cinzas que apareceu para abrir o champanhe da festa.

O internacional português marcou pelo segundo consecutivo e desbloqueou o jogo contra o Sporting
i

O internacional português marcou pelo segundo consecutivo e desbloqueou o jogo contra o Sporting

LUSA

O internacional português marcou pelo segundo consecutivo e desbloqueou o jogo contra o Sporting

LUSA

“Whiplash”, filme de 2014, é um ótimo exemplo. Esteve nomeado para as principais categorias dos Óscares, entre Melhor Filme e Melhor Argumento Adaptado, mas somente para uma de representação: a de Melhor Ator Secundário, onde acabou por ganhar, através de uma interpretação brilhante de J. K. Simmons no papel do implacável professor Terence Fletcher. É um filme onde o ator secundário se sobrepôs ao principal para se tornar o verdadeiro destaque. E era precisamente isso que o Sporting queria fazer esta quarta-feira no Dragão.

https://observador.pt/2020/07/15/fc-porto-sporting-o-segundo-classico-a-quarta-feira-o-primeiro-classico-a-porta-fechada-e-o-classico-dia-p-das-decisoes-na-liga/

De forma atípica mas natural tendo em conta as circunstâncias, apenas uma das duas equipas mais mencionadas em dia de Clássico entrava em campo. A possibilidade de o FC Porto terminar a noite desta quarta-feira como novo campeão nacional, já que só precisava de um ponto para garantir desde já o primeiro lugar no final da temporada, tornava o Benfica o outro protagonista da partida do Dragão, por ser o provável derrotado no final dos 90 minutos. O Sporting, o verdadeiro adversário dos dragões, parecia cair para o fosso do ator secundário. E era precisamente isso que Rúben Amorim queria evitar esta quarta-feira no Dragão.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

FC Porto-Sporting, 2-0

32.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

FC Porto: Marchesín, Wilson Manafá, Mbemba, Pepe, Alex Telles (Diogo Leite, 84′), Danilo, Loum, Otávio (Romário Baró, 90+3′), Fábio Vieira (Vítor Ferreira, 72′), Luis Díaz (João Mário, 84′), Marega (Soares, 90+3′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Tomás Esteves, Zé Luís, Fábio Silva

Treinador: Sérgio Conceição

Sporting: Maximiano, Eduardo Quaresma (Tiago Tomás, 78′), Coates, Borja, Ristovski (Rafael Camacho, 73′), Matheus Nunes, Wendel, Nuno Mendes, Gonzalo Plata (Francisco Geraldes, 54′), Jovane Cabral (Joelson Fernandes, 78′), Sporar

Suplentes não utilizados: Renan, Gonçalo Inácio, Luís Neto, Battaglia, Doumbia

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Danilo (64′), Marega (90+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Jovane (39′), a Alex Telles (49′), a Pepe (57′), a João Mário (88′), a Wendel (90+7′)

Depois de ganhar ao Tondela na quinta-feira, de ter visto o Benfica empatar com o Famalicão e depois vencer o V. Guimarães, o FC Porto entrava na 32.ª jornada da Liga com a vontade natural de não querer voltar a adiar o título — até porque, pela primeira vez nesta epopeia, dependia apenas de si mesmo para chegar ao objetivo de reconquistar o Campeonato. E era precisamente isso que Sérgio Conceição queria alcançar esta quarta-feira no Dragão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Do outro lado, do lado do ator secundário, o Sporting procurava manter-se invicto com Rúben Amorim e queria ganhar ainda mais vantagem para o Sp. Braga no terceiro lugar, já que entrava em campo depois de os minhotos terem empatado com o Belenenses SAD na Pedreira. Assentes numa exibição tímida contra o Santa Clara onde o resultado foi melhor do que o jogo em si, os leões queriam capitalizar os bons indicadores dados pelos jovens Eduardo Quaresma, Nuno Mendes, Matheus Nunes e Jovane Cabral, aliados ao bom momento de Wendel, para surpreender no Dragão e procurar estragar a festa antecipada do FC Porto. E era precisamente isso que Sérgio Conceição queria impedir esta quarta-feira no Dragão.

Sem Sérgio Oliveira, lesionado, e sem Corona e Uribe, ambos castigados por acumulação de cartões amarelos, Sérgio Conceição optava por retirar uma peça ao ataque, deixando Soares no banco, para reforçar o setor intermédio: Loum, Danilo, Fábio Vieira e Luis Díaz eram todos titulares, sendo que o jovem médio se estreava no onze dos dragões. Do outro lado, Rúben Amorim não surpreendia e só lançava Borja no lugar do também castigado Acuña, enquanto terceiro central.

O jogo arrancou com velocidade e logo com um golo anulado. Nuno Mendes subiu pelo corredor esquerdo, rematou para defesa de Marchesín e Sporar apareceu na recarga para bater o argentino (1′); o lance, porém, foi anulado pelo VAR por posição irregular do avançado leonino. Do outro lado e antes ainda de estar cumprido o quarto de hora inicial, a história foi semelhante. Luis Díaz aproveitou um passe em profundidade de Fábio Vieira para aparecer na cara de Max e marcar mas dominou a bola com a mão e a jogada também não valeu (10′). Em resumo e em 15 minutos, só um remate foi feito no Dragão — o de Nuno Mendes logo aos 15 segundos.

Num jogo com pouca baliza, muito discutido na zona do meio-campo e com as duas equipas encaixadas e sem espaço nem criatividade para desenhar lances disruptivos, Otávio ainda assustou Max com um remate rasteiro de longe que passou ao lado (24′) e Jovane cabeceou por cima (34′) depois de Manafá ter falhado por completo a marcação ao jovem avançado na sequência de um canto. A partida desenrolou-se aos repelões, principalmente nos últimos 10 minutos, e nem FC Porto nem Sporting conseguiam impor uma ideia de jogo coerente que não fosse previsível para o adversário. Com poucos lances de perigo, dois golos anulados e uma qualidade bem abaixo da média, o Clássico foi para o intervalo ainda com um nulo no marcador — e com o FC Porto a 45 minutos de ser novamente campeão nacional.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Sporting:]

Na segunda parte, e com os minutos iniciais a confirmarem uma lógica de pouco futebol e ainda menos entrosamento, Rúben Amorim não esperou sequer 10 minutos para fazer a primeira substituição e trocou Gonzalo Plata por Francisco Geraldes. O Sporting tinha mais bola e mais presença no meio-campo adversário, até por estar com as linhas mais adiantadas no terreno, mas os jogadores pareciam permanentemente demasiado afastados: Sporar estava isolado, Wendel e Matheus Nunes não conseguiam ligar o setor mais defensivo ao avançado, Ristovski e Nuno Mendes apareciam muito encostados à ala e acabava por ser Jovane, mais inconformado na segunda parte, a procurar desequilibrar. Geraldes entrou precisamente para criar conexões, atuando mais nas costas de Sporar e mais perto da dupla do meio-campo, para oferecer soluções e linhas de passe.

Do outro lado, o FC Porto parecia apostar principalmente nas transições rápidas depois de passes errados do Sporting, aproveitando a velocidade de Luis Díaz e Otávio. Com cerca de uma hora de jogo cumprida, o encontro continuava parado num marasmo de escassez de criatividade e ideias — ainda que um crescente caráter partido e desconexo deixasse adivinhar que o golo poderia cair para qualquer um dos lados a qualquer momento. Fábio Vieira mostrou isso mesmo, com um remate de fora de área que esbarrou na trave da baliza de Max (63′), e abriu a porta ao lance que acabou por mudar o encontro. Na sequência de um canto batido na direita, Danilo antecipou-se ao primeiro poste, longe da marcação leve de Eduardo Quaresma, e cabeceou para inaugurar o marcador (64′), marcando pelo segundo consecutivo.

Até ao final, pouco mais aconteceu para lá das várias substituições que diminuíram em larga escala a média de idades dos jogadores em campo, com as entradas de Rafael Camacho, Joelson Fernandes e Tiago Tomás no Sporting e Vítor Ferreira, Diogo Leite e João Mário no FC Porto. Os leões tomaram por completo a dianteira da partida até ao fim do jogo mas não conseguiram sequer chegar perto do golo do empate, permitindo o segundo golo dos dragões já nos descontos, por intermédio de Marega (90+1′).

O FC Porto conquistou o segundo Campeonato em três anos, recuperou o título depois de o ter perdido para o Benfica na temporada passada e sobreviveu após ter estado a sete pontos de distância dos encarnados. O Sporting, por outro lado, perdeu pela primeira vez na era Amorim — que também sofreu a primeira derrota na Primeira Liga –, e ficou com apenas dois pontos de vantagem para o Sp. Braga no terceiro lugar.

Danilo Pereira, o capitão que esta quarta-feira foi titular devido à lesão de Sérgio Oliveira, tornou-se o símbolo de uma equipa de Sérgio Conceição que acredita na reabilitação, na resolução e na recuperação. Danilo começou a temporada dispensado de um estágio, depois de uma discussão com o treinador, chegou a recusar usar a braçadeira e acabou a época no banco de suplentes, afastado do onze inicial. Mas no jogo decisivo, no jogo que deu o título ao FC Porto, foi Danilo quem apareceu a desbloquear o resultado e a abrir o marcador. Como super-herói renascido das cinzas.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.