A estrutura dos Açores da Ordem dos Enfermeiros disse esta segunda-feira que o Governo Regional manifestou “abertura” para contratar em agosto de cerca de 80 enfermeiros para reforço do Serviço Regional de Saúde.

O presidente do Conselho Diretivo da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares, que se reuniu esta segunda-feira com o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, declarou à saída da audiência, em Ponta Delgada, que na região, “com cerca de 80 enfermeiros consegue-se resolver o imediato” e “pensar com mais segurança o que pode ser o pós-Covid-19, ou, pelo menos, estar mais seguros no combate face a uma segunda vaga”.

Pedro Soares, que referiu que nos Açores existem 2.164 enfermeiros, disse que existe por parte do executivo açoriano “abertura para a contratação de 80 novos enfermeiros, até meados de agosto”.

Este valor corresponde ao número de profissionais que irão sair das duas escolas superiores de enfermagem dos Açores, de acordo com o responsável nos Açores pela Ordem dos Enfermeiros, que apontou que os hospitais de Ponta Delgada e Horta “estão com défices muito maiores” de profissionais.

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Sendo as unidades de saúde de ilha uma das “grandes preocupações”, Pedro Soares pretende que os novos enfermeiros sejam integrados “o mais rapidamente possível, porque são eles que estão a fazer as triagens da Covid-19”, uma vez que as equipas no terreno “já apresentam um cansaço muito elevado”.

O presidente do Conselho Diretivo da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros defendeu a criação de um “corredor Covid-19” na região, separado das outras patologias que em nada estão relacionadas com a pandemia.

Hoje em dia existe este cuidado de separação, sendo, contudo, difícil, tendo em consideração os recursos humanos existentes, que esta tenha lugar”, sendo que “em algum dia ou situação haverá algum tipo de cruzamento, nem que seja acidental”, declarou o responsável.

O presidente da Direção Regional dos Açores do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Francisco Branco, que também foi esta segunda-feira recebido pelo presidente do Governo Regional, considerou que saiu do encontro tal como entrou em relação aos “dois problemas graves” com que a classe se confronta.

Gostaria de os ver solucionados antes do final da legislatura nos Açores, que termina em outubro com novas eleições legislativas regionais.

O dirigente especificou que uma questão prende-se com os enfermeiros que exercem nos hospitais dos Açores com contrato individual de trabalho, desde 2007, altura em que foram estas unidades transformadas em empresas públicas, não beneficiando das regras da função pública, e estando “sempre, onde vão manter-se”, no primeiro escalão da carreira.

O sindicato reivindica que a estes profissionais seja considerado o tempo de serviço até 2020, sendo que nos três hospitais dos Açores 50% dos enfermeiros encontram-se nesta situação, enquanto os restantes colegas dos centros de saúde estão enquadrados na função pública.

A segunda questão prende-se com a contagem do tempo retroativo de trabalho dos enfermeiros, entendendo a Secretaria Regional da Saúde que “só conta o tempo desde 2014, sem argumento legal ou suporte jurídico para esta decisão”.