O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) exigiu esta quinta-feira ao Governo respostas para o setor, nomeadamente para a progressão de carreiras de cerca de 20 mil profissionais, criticando que “para a banca existe sempre dinheiro, mas para os trabalhadores não”.

“A pandemia da Covid-19 só veio demonstrar como os enfermeiros foram e são importantes na resposta a dar aos cidadãos por parte do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Da população aceitamos as palmas. À sociedade não pedimos reconhecimento, é a nossa missão. Mas ao Governo exigimos opções”, disse a coordenadora da direção Regional do SEP, Fátima Monteiro, em declarações aos jornalistas à porta do Hospital de São João, no Porto.

Esta manhã um grupo de cerca de uma dezena de enfermeiros protagonizou, junto à entrada principal desta unidade hospitalar, uma espécie de rábula a satirizar as ajudas e apoios do Estado à banca e a outros setores.

Com uma máscara com a cara do primeiro-ministro, António Costa, um dos enfermeiros aproximou-se dos colegas e exibiu um cheque fictício endereçado ao Novo Banco. Seguiu-se a “visita” da “ministra da Saúde”, ou seja, de uma enfermeira com uma máscara a representar Marta Temido que se aproximou para aplaudir o grupo e agradecer o seu trabalho, mas este exibiu bolsos vazios.

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“Para a banca há sempre dinheiro e para os profissionais de saúde, e para os trabalhadores portugueses, não”, frisou Fátima Monteiro que descreveu, ainda, a reunião do SEP com o Ministério da Saúde que decorreu a 14 de julho como inconclusiva.

“As expectativas foram totalmente goradas. Saímos conforme entramos. Disseram que a Assembleia da República vai discutir em setembro as nossas petições, mas compete ao Governo encontrar soluções e não à Assembleia da República. De qualquer forma, vamos ver quais são os partidos que disseram que estavam a lado dos enfermeiros e como se posicionam na votação destas propostas”, referiu a coordenadora.

Entre outras reivindicações, o SEP queixa-se de que a atual carreira “não valoriza a profissão”. “Continuamos a assistir a colegas aos quais não são contados os pontos para progredir” e “continua a existir uma carreira diferente para contratos de trabalho em funções públicas e para contratos individuais de trabalho”, disse Fátima Monteiro.

A coordenadora da direção Regional do SEP falou de uma “revolta de anos”, sublinhou que o setor “sofre com falta de profissionais” e lamentou que “quem é agora admitido só o consegue por vínculo precário”. “O descongelamento das progressões foi usado na última campanha de forma política, tendo sido dito que o descongelamento iria resolver problemas e os mais beneficiados seriam os enfermeiros. Não. Estão a ser muito prejudicados e mais de 20 mil enfermeiros aguardam o descongelamento”, descreveu Fátima Monteiro.

O SEP critica ainda o valor de 1.201 como ordenado mínimo da profissão, mas recorda que este valor é o de “acesso à profissão”, pelo que “não pode ser considerado como pontos para descongelamento (de carreira)”, querendo evitar “injustiças” como “a de um colega que comece a trabalhar ganhe o mesmo que profissionais com 20 anos de carreira”.

“A carreira foi revista e em nada veio valorizar ninguém e veio criar injustiças. E isto sem contrapartidas económicas. A transição de carreiras não significou um acréscimo salarial. Governo reconhece publicamente isto, mas não toma opções políticas que solucionem estes problemas”, concluiu.