O incêndio que lavrava desde sábado no concelho de Oleiros, em Castelo Branco, “está dominado naquilo que é o seu perímetro”, mas todo o efetivo mobilizado para o combate ao fogo continua no terreno em trabalhos de consolidação. Terão ardido cerca de seis mil hectares.

De acordo com o comandante de Agrupamento Distrital do Centro Sul (CADIS), Luís Belo Costa, o incêndio ficou dominado pelas 8h desta segunda-feira e estão a decorrer os trabalhos de consolidação, num perímetro “extraordinariamente grande” e complexo.

Pode ouvir aqui a conferência de imprensa da Proteção Civil:

Está dominado o incêndio em Oleiros

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“Estamos ainda num período que carece de muita atenção, sobretudo nas zonas [em que o incêndio] ficou dominado mais tarde, nomeadamente na frente virada para o concelho de Proença-a-Nova e na frente virada para o concelho de Castelo Branco”, afirmou o comandante, esta manhã, durante a conferência de imprensa, acrescentando que não existe atualmente “nenhuma frente viva”.

Não há nenhuma aldeia em risco.”

No terreno estão 868 operacionais, apoiados por 274 veículos e dois meios aéreos — um avião para monitorização e coordenação do perímetro e detetar eventuais pontos quentes e outro para apoio ao combate —, sendo que alguns destes efetivos estão alocados a aglomerados populacionais. Além destes meios, há 11 máquinas de arrasto.

O comandante adiantou que as condições meteorológicas “voltam a ser desfavoráveis” a partir do final da manhã e que o dispositivo não será aliviado.

Vamos manter todo o dispositivo empenhado, tal como estava quando tínhamos que combater e dominar o incêndio”, afirmou Belo Costa.

A área ardida ronda os seis mil hectares, indicou ainda o comandante, sublinhando que este número “carece de confirmação”. Quanto às causas do incêndio, Luís Belo Costa referiu que serão apuradas pelas “entidades competentes”.

O vice-presidente da Câmara de Oleiros, Vítor Antunes, indicou também que três pessoas foram retiradas de suas casas na aldeia do Pedintal: um casal e uma senhora que, “por sua opção”, acabou por ficar em casa de familiares na mesma freguesia. O casal, que foi retirado da sua habituação “por precaução”, regressou a casa ainda durante a noite.

“Não temos informação de que tenha havido prejuízos a nível de habitações”, disse Vítor Antunes, durante a conferência de imprensa.

Governo previra que o incêndio de Oleiros dure até quarta-feira

Este incêndio causou grandes preocupações tendo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, admitido no domingo à tarde, em conferência de imprensa, que poderia durar até quarta-feira e levar a evacuações de localidades.

“Admitimos que este incêndio, é necessário dizê-lo com realismo, possa envolver mobilização de dispositivo até terça ou quarta-feira”, disse o responsável da Administração Interna. “O que antevemos é um incêndio com as condições meteorológicas que temos. Preveem-se nesta região que podem ir até hoje [domingo] 43 graus, ventos superiores a 65 quilómetros por hora, e níveis de humidade muito baixos.”

Às 20h24 de este domingo, combatiam este incêndio quase 900 bombeiros (897), apoiados por 277 veículos terrestres e dez meios de combate aéreos.

A situação levou a que três aldeias de este concelho de Oleiros estivessem ao início da noite ainda em “risco efetivo” por causa do incêndio. “Temos três aldeias, Vale da Lousa, Pedintal e Vale da Cuba [Oleiros] que têm estado em observação muito apertada da GNR e do Serviço Municipal de proteção Civil. O risco é efetivo mas, com a concentração de meios projetado para a defesa destas aldeias, o risco é menor”, afirmava, em conferência de imprensa, o Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Centro Sul (COADCS), Luis Belo Costa.

É um empenhamento musculado. Ainda estamos à espera da chegada de mais três grupos de reforços, o que implica mais uma centena de operacionais”, explicou Belo Costa.

Ministro revela proibição de trabalhos rurais

Na conferência de imprensa de este domingo à tarde, o ministro Eduardo Cabrita salientou ainda que “vivemos nos últimos dias uma dimensão muito significativa de incêndios rurais”, apontando para “uma média de 120 incêndios por dia ao longo deste mês de julho, sobretudo nos últimos dias”.

Em julho já foram registados mais de 2 mil incêndios, afirmou o ministro, e este domingo, à altura da conferência de imprensa, essa contagem ia em 123. Quando aos incêndios que lavravam em Ponte de Lima, Viana do Castelo, foram dados como dominados esta manhã.

Incêndios: Fogo em Ponte de Lima dominado

O ministro da Administração Interna anunciou que “pelo menos até às 24 horas da próxima terça-feira” serão proibidos “todos os trabalhos em espaço rural, exceto os combates a incêndios florestais e a garantia da alimentação dos animais”. Este anúncio surge porque, diz Eduardo Cabrita, a “grande parte dos incêndios” registados nos últimos dias “são evitáveis”.

“Nesta semana, o incêndio de Vale de Cambra começou com um churrasco. O incêndio de Vila Flor de ontem começou com trabalhos agrícolas. Outros incêndios foram também fruto de atividade absolutamente evitáveis”, apontou o ministro.

A morte do bombeiro Diogo Dias, um jovem de 21 anos, marca-nos a todos e motiva-nos também para homenageá-lo respondendo ativamente a esta ocorrência”.

“As indicações que temos é que se tratou de um capotamento quando se deslocavam para o teatro de operações, num quadro de combate. mas um trágico acidente de viação. Desejamos também a recuperação aos restantes quatro bombeiros que ficaram feridos nesse acidente e relativamente aos quais temos notícias genericamente positivas”.

Comissão Europeia apoia autoridades portuguesas

A Comissão Europeia anunciou entretanto que está a “acompanhar de perto” o incêndio florestal em Oleiros, tendo já alocado apoio satélite para o combate ao fogo, a pedido de Portugal, disponibilizando mais assistência se necessária.

“Estamos a acompanhar de perto os incêndios florestais no município de Oleiros, em Portugal. O Serviço de Gestão de Emergências do Copernicus foi acionado para apoiar as autoridades nacionais de proteção civil”, informou o comissário europeu com esta tutela, Janez Lenarcic, numa publicação na rede social Twitter. De acordo com o responsável pela área da Gestão de Crises, “a União Europeia está disponível para fornecer mais assistência” a Portugal, se necessário.

De acordo com o pedido, consultado pela agência Lusa, o Copernicus foi ativado pelas 09:30 (hora local) de este domingo, após um pedido realizado por Portugal. Em causa está o recurso aos mapas de satélite produzidos pelo Serviço de Gestão de Emergência Copernicus para facilitar o combate ao fogo florestal, com este sistema europeu a fornecer informação geoespacial mais precisa para apoiar a Autoridade Nacional de Proteção Civil.

Incêndio começou no sábado e já vitimou um bombeiro

O incêndio que começou sábado em Oleiros, e que vitimou um bombeiro e fez seis feridos, alastrou para uma zona com pequenas aldeias nos concelhos da Sertã e Proença-a-Nova, revelou o comandante Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco.

“O incêndio que teve uma propagação violentíssima desde o início e, apesar de termos registado que os trabalhos de combate estavam a correr muito favoravelmente, fruto de muitas projeções que aconteceram pela intensificação do vento, não foi possível na fase inicial dominar este incêndio”, referiu, em conferência de imprensa este domingo, o comandante Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco, Luís Belo Costa.

Deste fogo há a registar a morte de um bombeiro, bem como seis feridos, sendo quatro ligeiros (um civil e três bombeiros) e dois feridos graves, disse Luís Belo Costa.

O comandante admitiu que existem várias habitações na linha de fogo por esta ser uma zona com muitas aldeias dispersas o que, acrescentou, “têm trazido preocupação acrescida na sua defesa”. “Há habitações atingidas pelas chamas. Mas é cedo para fazer um levantamento. Durante a progressão do incêndio houve pessoas que foram deslocadas das suas habitações, mas a maioria já regressou às habitações”, referiu.

Belo Costa considerou, cerca das 10h00 em declarações transmitidas pelas televisões, que “ainda não é fácil prever em quanto tempo demorará a dominar [o incêndio] porque o trabalho é extraordinariamente difícil nesta área do território”, vincando a “ambição de o conseguir o mais rapidamente possível”.

Um total de 644 operacionais e nove meios aéreos combatem esta manhã o incêndio que começou no sábado em Oleiros, distrito de Castelo Branco, e se alastrou aos concelhos vizinhos de Proença-a-Nova e Sertã.

O presidente da Câmara de Oleiros, Fernando Marques Jorge, afirmou à Rádio Observador que a situação está a evoluir positivamente no concelho, com várias maquinas de arrasto a operar, mas admite que isso não esteja a acontecer nos concelhos limítrofes.

“Vamos conseguir chegar a bom porto em Oleiros. O mesmo não direi nos concelhos limítrofes”

“Neste momento [07:45] temos 207 veículos com 644 operacionais. Houve um reforço significativo durante a noite com 11 grupos terrestres para reorganizar o teatro de operações, visto que o perímetro já é demasiado extenso”, disse à agência o comandante Carlos Pereira, oficial de operações do Comando Nacional de Emergência e Proteção Civil.

Carlos Pereira afirmou que o incêndio que começou num pinhal “continua a evoluir com alguma intensidade”, tem três frentes ativas e já chegou aos concelhos de Proença-a-Nova e Sertã, também no distrito de Castelo Branco.

O comandante referiu ainda que não tem conhecimento que estejam povoações em risco: “Que nós tenhamos conhecimento, não. Durante a noite foram retirados alguns populares de algumas habitações isoladas, por precaução”. Quanto aos danos materiais, o comandante disse que ainda não sabe a dimensão dos danos nessas habitações.

A notícia da morte do bombeiro, Diogo Dias, começou por ser avançada por vários meios de comunicação e foi confirmada ao final da noite pelo presidente da Liga dos Bombeiros, Jaima Marta Soares, em declarações à Rádio Observador. O bombeiro, revelara antes Marta Soares ao Observador, tinha “cerca de 21 anos”.

Incêndio em Oleiros. “Confirma-se a morte de um bombeiro”

O despiste automóvel aconteceu no âmbito do combate ao fogo e provocou ferimentos a outros quatro bombeiros da corporação de Proença-a-Novas. Antes da confirmação da morte, o presidente da Liga dos Bombeiros dissera apenas que ainda não tinha sido possível “chegar ao pé da viatura” na qual seguia o bombeiro que foi posteriormente encontrado já sem vida.

Sobre o estado dos outros bombeiros envolvidos e feridos, que foram projetos da viatura, Jaime Marta Soares garantira: “Não são ferimentos graves, felizmente. Pensava-se que fosse mais grave. O que pode ser grave é a situação do bombeiro desaparecido”. Os receios confirmaram-se.

Ao Observador, fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Castelo Branco também tinha confirmado anteriormente a “existência de alguns feridos” nessa acidente, resultado de um “despiste de uma viatura”. A mesma fonte, no entanto, não precisara o estado das vítimas do despiste: “Não sabemos a gravidade dos mesmos. O INEM está no local a fazer a avaliação”, apontara. Houve ainda um “veículo que aparentemente levou um bocado calor e não sabemos ao certo se estará queimado ou não”, indicara a mesma fonte.

O despiste aconteceu num combate que à meia-noite continuava a lavrar e a preocupar as autoridades no terreno. O presidente da Câmara Municipal de Oleiros, Fernando Jorge, perspetivou mesmo “uma noite terrível” e adiantou estar tudo preparado para evacuar duas povoações que estão em risco, esperando não ter de o fazer.

António Costa e MAI lamentam, Presidente transmite condolências à família

O Presidente da República em nota publicada revela que esteve esta noite “em contacto com os presidentes da Câmara das zonas afetadas pelos incêndios e com o Comandante dos Bombeiros de Proença a Nova, a quem apresentou condolências pelo terrível acidente no quadro de operações que vitimou um jovem bombeiro, tendo também transmitido os sentimentos diretamente à família com quem falou”.

O primeiro-ministro, António Costa reagiu, com “tristeza” à notícia do falecimento de Diogo Dias, bombeiro voluntário da corporação de Proença-a-Nova.

“Transmito aos bombeiros e a todos quanto estão empenhados no combate aos incêndios uma palavra de solidariedade, incentivo e agradecimento pelo trabalho que realizam por Portugal e por todos nós. Envio à família e amigos assim como à corporação dos bombeiros voluntários de Proença-a-Nova os meus sentimentos e de todo o governo”.​

Numa nota assinada por Eduardo Cabrita, o Ministério da Administração Interna sublinha”mais um momento de pesar” vivido no combate aos incêndios, após um “acidente de viação”.

Neste momento difícil, envio os meus sentidos pêsames à família, amigos e à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Proença-a-Nova”, escreveu o ministro da Administração Interna.

Eduardo Cabrita manifesta ainda “votos de plena recuperação aos quatro bombeiros que ficaram feridos neste mesmo acidente” e vinca que “nunca será demais recordar e reafirmar a forma empenhada, altruísta e profissional com que todos os dias milhares de bombeiros integram este esforço nacional da defesa da floresta contra incêndios”.

(Notícia atualizada às 9h05 de 27 de julho com a informação de que o fogo estava dominado no seu perímetro)