O complexo arqueológico da Villa Romana do Rabaçal (VRR), em Penela, deverá ser um empreendimento “diferenciador do território” que valorize a herança da romanização, foi esta quarta-feira defendido numa apresentação das propostas de intervenção.

“Queremos ter algo único e diferenciador”, disse o presidente da Câmara de Penela, Luís Matias, ao encerrar um debate sobre os próximos passos para definir o futuro da estação arqueológica do Rabaçal.

O autarca realçou a importância de debater o assunto com a população e com os especialistas, na procura de uma solução que ajude a “dinamizar a base económica local”, a partir da valorização do património cultural, natural e paisagístico e em torno da antiga presença romana na região da Serra de Sicó.

Na sua opinião, importa “pensar o território como um todo”, reforçando a identidade do concelho, no distrito de Coimbra, e das terras de Sicó, que abrangem também alguns municípios do norte do distrito de Leiria.

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Na sessão, realizada no salão nobre dos Paços do Concelho de Penela, com transmissão direta através das plataformas digitais da autarquia, Maria Conceição Figueiredo Melo, presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos (OA), frisou que o Estado e a autarquias, quando intervêm nesta área, “também estão a construir património”.

Muitas vezes, as instituições públicas esquecem-se disso”, acrescentou, para alertar que, em geral, “o mais baixo preço é o pior ponto de partida” para as intervenções associadas ao património cultural”.

Por sua vez, o vice-presidente da Câmara Municipal, Rui Seoane Pereira, que detém o pelouro da Cultura, defendeu que o projeto final de transformação da VRR num complexo arqueológico que atraia visitantes à região tem de “ser muito bem pensado e discutido”.

Os diferentes contributos devem “orientar os caminhos” dos decisores políticos, o que, segundo o autarca, também terá de acontecer com a Villa Romana do Rabaçal, cujos trabalhos de escavação arqueológica foram coordenados nos últimos 30 anos por Miguel Pessoa, do Museu Nacional de Conímbriga, em Condeixa-a-Nova.

Gostamos de poder orientar os nossos caminhos, para podermos conciliar o que já temos com o que podemos ter”, sublinhou.

O presidente da Secção Regional do Centro da OA, Carlos Figueiredo, aconselhou a Câmara de Penela “a proteger o vale do Rabaçal”, com valorização da “matriz arqueológica” e tendo presente as relações da arquitetura com o território, a natureza e a história.

Os arquitetos “devem ter voz nestes processos”, como noutros congéneres, e o seu papel “não pode ficar confinado àquilo que são os regulamentos”, preconizou o arquiteto Carlos Antunes.

Na sessão, a Câmara de Penela, assessorada pelo Pelouro da Encomenda da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos, apresentou o resultado do primeiro concurso público de Conceção do Complexo Arqueológico da Villa Romana do Rabaçal, a par da inauguração da exposição dos trabalhos dos concorrentes.

Esta exposição é mote para um conjunto de iniciativas que visam envolver todos os intervenientes naturais deste processo, nomeadamente a população local, os técnicos das várias disciplinas, as instituições públicas e privadas com expressão local, regional e mesmo nacional, numa reflexão e discussão conjunta sobre o futuro da Villa Romana do Rabaçal”, segundo a autarquia.

Os contributos estarão na base do programa preliminar do segundo concurso público internacional de conceção para a Villa do Rabaçal.

Intervieram também, entre outros, as equipas da arquiteta Sara Maduro, vencedora do primeiro concurso, bem como do segundo e do terceiro classificados, Riccardo Renz (Itália) e Tiago Filipe Pedrosa Martins, respetivamente.