O Ickabog, a história com mais de dez anos que J.K. Rowling disponibilizou gratuitamente durante o isolamento, vai ser publicada em livro em Portugal em novembro. A edição será da Presença, responsável pela publicação das obras da autora de Harry Potter em Portugal.

Rowling escreveu o primeiro rascunho de O Ickabog há cerca de dez anos para os filhos. A autora tencionava publicar o “conto de fadas” depois de sair o sétimo volume de Harry Potter, mas acabou por se envolver noutros projetos e por adiar a edição da história para crianças. A escritora voltou a pegar no manuscrito, que estava desde então guardado no sótão de sua casa, durante o pico da pandemia do novo coronavírus. Depois de revisto, disponibilizou o conto gratuitamente num site próprio em finais de maio para que as crianças que em confinamento pudessem lê-lo. Os primeiros dois capítulos tiveram cinco milhões de visualizações nas primeiras 24 horas e foram lidos por utilizadores oriundos de 50 países.

Ao mesmo tempo, foi anunciada a publicação da história em livro a 10 de novembro, com os direitos de autor a reverterem para organizações e projetos internacionais afetados pela Covid-19. Será na mesma data que a edição em português chegará às livrarias em Portugal. Até lá, a Presença, à semelhança do que foi feito com a edição em inglês, irá disponibilizar num site próprio e de forma gratuita durante as próximas sete semanas (entre 18 de agosto, esta terça-feira, e 2 de outubro) todos os capítulos de O Ickabog. Os dois primeiros capítulos já se encontram online.

Também à semelhança do que foi feito no Reino Unido, a Presença vai lançar em Portugal um concurso de ilustração dirigido a crianças dos 7 aos 12 anos. Este termina a 9 de outubro, altura em que serão selecionados 34 vencedores, que verão os seus desenhos reproduzidos no livro. A par da possibilidade de terem os seus desenhos impressos, os vencedores receberão um prémio. Todas as informações relativas ao concurso estão disponíveis aqui.

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A história, que não está relacionada com o universo de Harry Potter, passa-se numa terra imaginária, o reino da Cornucópia, governado pelo rei Fred, o Destemido. Fred decide partir com um exército para as Terras Pantanosas, no extremo norte do reino, com o intuito de caçar o Ickabog, uma personagem dos contos infantis que é usada para aterrorizar as crianças.

Apesar das boas intenções de Rowling, a divulgação e publicação do conto acabou por ser afetada pela polémica em que a autora esteve envolvida em junho depois de ter chocado os fãs ao fazer pouco de um artigo sobre “a criação de um mundo pós-Covid-19 mais igualitário para pessoas com menstruação” e de ter passado semanas a trocar tweets com eles. Segundo noticiou na altura a The Bookseller, quatro ou cinco trabalhadores da Hachette, a editora que vai publicar o livro no Reino Unido, que ocupam várias funções dentro da equipa editorial, mostraram-se desconfortáveis em continuar a trabalhar no projeto.

Mais recentemente, uma livraria no estado norte-americano do Missouri anunciou que ia retirar das prateleiras todos os livros da saga Harry Potter, que popularizou a autora, por considerar que “os comentários públicos de Rowling sobre as pessoas transgénero, em particular sobre as mulheres transgénero, são atrozes, ofensivos e deliberadamente ignorantes”.