“Localização desativada deve significar localização desativada; não exceto para este caso ou aquele caso”. Esta é uma das queixas internas na Google que foi revelada esta quinta-feira, como conta o The Verge. Em causa estão documentos de um processo que a empresa enfrenta no Arizona (EUA) que revelam que até funcionários da Google, à semelhança de muitos utilizadores, sentem que as definições de controlo de privacidade são propositadamente confusas.
“Mesmo os funcionários de topo da Google não entendem em que condições a Google coleta dados de localização”, acusa o procurador-geral do Arizona, Mark Brnovich. O caso remonta a 2018, quando a Associated Press divulgou que a Google sabe a localização dos utilizadores em smartphones com sistema operativo Android e até nos iOS (os iPhone), mesmo que o botão do “histórico de localizações” esteja em pausa.
Ao jornal de tecnologia a Google afirmou estar a cooperar com o procurador-geral do Estado do Arizona, que tem respondido às questões que têm surgido. “Os controles de privacidade foram incorporados nos nossos serviços há muito tempo e nossas equipas trabalham continuamente para discuti-los e melhorá-los”, disse um porta-voz da empresa.
No caso das informações de localização, recebemos comentários e trabalhamos muito para melhorar os nossos controlos de privacidade. Na verdade, mesmo essas frases publicadas escolhidas a dedo indicam claramente que o objetivo da equipa era ‘reduzir a confusão em torno das configurações do Histórico de Localização'”.
Atualmente, os sistemas de privacidade criticados da Google já sofreram mudanças, como a empresa passar a apagar automaticamente os dados de localização e pesquisa para novos utilizadores por predefinição. Porém, os utilizadores que já tinham conta da Google ainda têm de mudar isso nesta página.
Contudo, e referente a esta notícia, o mesmo jornal afirma com base nos documentos revelados que a Google “pode fazer muito mais”. “A Google oferece anúncios personalizados para os seus utilizadores, e parte do que usa para personalizar esses anúncios são dados de localização. É possível desativar a personalização de anúncios desativando uma configuração”, lê-se. Porém, mesmo assim a Google recolhe dados de localização. Não o faz com tanta eficácia, mas continua a saber onde o utilizador está numa área de nove quilómetros quadrados.
É por isso que a acusação afirma: “Ao mesmo tempo, por meio desses atos e práticas enganosas e injustas, a Google torna impraticável, se não impossível, que os utilizadores optem de forma clara pela não coleta de informações de localização da Google caso queiram”.
As polémicas relativamente à forma como a Google recolhe dados têm crescido nos últimos anos. Recentemente, foi revelado que a empresa exige que os dados de localização estejam ligados para que o Bluetooth possa funcionar devidamente. Na prática, é uma questão de software do Android, mas isto criou dúvidas porque, tecnicamente, a empresa mostra que há a opção de recolha de dados de localização através das apps de rastreio da Covid-19.