O relógio para o TikTok sair dos Estados Unidos da América não pára e há cada vez mais desafios para poder continuar. Agora, é a China, país onde está a sede da rede social, a pôr mais impasses: tudo pode ser negociado, mas o governo chinês tem de ter uma palavra final. A notícia é avançada pelo The New York Times que explica que, este fim de semana, foi feita uma mudança ao regime de exportações chinesas que dá à China poder direto sobre o que o TikTok está a negociar.

A bem ou a mal, o TikTok — que é detido pela ByteDance — tem até 15 de setembro para resolver a sua situação nos EUA. A partir dessa data, caso nenhuma empresa não chinesa compre a rede social, esta é banida do país. A medida da China à “23ª hora”, como conta o mesmo jornal, pode mudar, ou até cessar, uma eventual compra pelas empresas norte-americanas Microsoft ou Oracle.

Quanto ao que o país asiático vai agora fazer, a Xinhua, a agência oficial de China, publicou este sábado um comentário de um professor da Universidade Chinesa de Negócios Internacionais e Economia, Cui Fan. De acordo com o académico chinês, a decisão implicará sempre que a China tenha de validar qualquer acordo. O problema é que isso pode afastar a Microsoft e a Oracle do negócio. Com a interferência direta chinesa estas empresas podem não querer comprometer os negócios atuais que têm na China, afirmou ao The New York Times Scott Kennedy, um consultor do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington, que estuda a política económica chinesa.

Pode ser um esforço para bloquear totalmente a venda, ou apenas aumentar o preço, ou estabelecer condições para dar à China vantagens no futuro”, diz Kennedy.

Ao intrometer-se no negócio, o governo chinês pode estar a dar razão a Donald Trump, o presidente dos EUA, quando afirma que a aplicação é um perigo para a segurança nacional por ser chinesa e levar o TikTok mesmo a ser banido. No entanto, se isso acontecer, ainda ninguém sabe os passos seguintes, porque empresas como a Apple e a Google podem recusar-se a tirar a aplicação das suas lojas de apps para iOS e Android, explica o jornal.

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Do lado dos EUA, nenhum dos potenciais intervenientes neste negócio, incluindo o governo norte-americano, prestou ainda declarações sobre como é que estas mudanças podem mudar o eventual futuro do TikTok.

TikTok processa governo dos EUA

No final da semana passada, o presidente executivo da empresa chinesa nos Eua, Kevin Mayer, demitiu-se devido ao “contexto político ter mudado drasticamente”. Com a saída de Mayer, previu-se que a aquisição da empresa estaria para breve. Contudo, com a decisão chinesa, o cenário está outra vez em suspenso. Atualmente, a rede social tem ainda um processo judicial pendente para evitar que o decreto para a banir entre em pleno vigor a 15 de setembro.

Neste contexto, e como esperamos chegar a uma resolução muito em breve, é com o coração pesado que gostaria de informar (…) que decidi deixar a empresa”, disse Mayer.

Donald Trump assinou no início de agosto a ordem executiva que proíbe todas as transações com a ByteDance. De acordo com o executivo, o Tik Tok representa uma “ameaça à segurança nacional”. No mesmo dia, a secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, defendeu as ordens contra o TikTok e o WeChat, um serviço de mensagens chinês, e disse que o presidente estava a exercer a sua autoridade de emergência sob uma lei de 1977 que o permite regular o comércio internacional para lidar com ameaças incomuns.

O Tik Tok juntou-se, assim, a outras empresas chinesas como a Huawei ou a ZTE que são vistas pelos EUA e alguns aliados como ameaças à soberania nacional dos Estados por alegado conluio com o Partido Comunista Chinês. Desde 2009 que um dos principais concorrentes do TikTok, o Facebook, está banido na China continental.

O TikTok, antigo Musical.ly, é uma rede social de partilha de vídeos curtos (até 15 segundos), que pertence à ByteDance, empresa tecnológica chinesa fundada em 2012 por Zhang Yiming, que é, atualmente, o unicórnio (empresa privada avaliada em mais de mil milhões de dólares) mais valioso da história. Segundo o ranking da CB Insights, uma base de dados de investimento em capital de risco, a ByteDance está atualmente avaliada em cerca de 140 mil milhões de dólares (117 mil milhões de euros).