A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, instou o Governo a trocar as injeções no Novo Banco por medidas de proteção social, apresentando quatro propostas para apoiar aqueles que perderam tudo, ou quase tudo, com a crise. Em Vila Nova de Famalicão, na segunda ação da rentrée do Bloco, Catarina Martins disse que, em tempos de crise, “é preciso fazer escolhas”.

“A nossa escolha é pelas pessoas, pela recuperação da economia, pela proteção social”, referiu, sublinhando que as propostas apresentadas custariam menos para os cofres do Estado do que uma injeção anual no Novo Banco.

“Custaria menos de 800 milhões de euros, menos que uma injeção anual no Novo Banco”, enfatizou.

O Bloco de Esquerda propôs, concretamente, para 2021 e 2022, o alargamento do acesso ao subsídio social de desemprego e aumentar o seu valor para o limiar da pobreza (502 euros).

Atualmente, só 10 mil pessoas têm acesso ao subsídio social de desemprego, um número que o Bloco quer quadruplicar.

Por outro lado, o Bloco quer recuperar o subsídio de desemprego, com redução dos prazos de garantia e retoma da duração anterior a 2012 e dos valores da lei de 2009, com o salário mínimo nacional como limiar mínimo.

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O partido liderado por Catarina Martins propõe ainda a criação de um novo apoio social para trabalhadores independentes, trabalhadores do serviço doméstico, trabalhadores por conta de outrem não abrangidos por outras prestações de desemprego e trabalhadores, incluindo informais, que perderam o emprego desde março de 2020 e sem acesso a proteção social.

A partir de 2023, o Bloco propõe a substituição daquelas medidas pela criação de uma nova prestação social definitiva, o Rendimento Social de Cidadania, com um valor de pelo menos o limiar da pobreza. Para Catarina Martins, o custo destas medidas seria pago pelo fim das injeções no Novo Banco”.

“A escolha é simples: nem mais um tostão para os desmandos do Novo Banco”, exigiu. Sublinhando que Portugal tem atualmente uma proteção social “que envergonha”, a líder do Bloco de Esquerda disse ser necessário um sistema “que não deixe ninguém para trás”.

“Não haverá recuperação económica se abandonarmos as pessoas”, referiu. Nesta ação de rentrée, o deputado bloquista José Maria Cardoso saudou Marisa Matias por ter aceitado “o desafio” de se candidatar à Presidência da República.

“Começamos com boas notícias, e ainda bem, nesta rentrée”, sublinhou Catarina Martins. Fonte próxima de Marisa Matias adiantou à Lusa que a eurodeputada do Bloco vai voltar a concorrer às eleições presidenciais do próximo ano.

De acordo com a mesma fonte, para quarta-feira está marcada a primeira declaração de Marisa Matias no âmbito destas eleições, uma sessão que vai decorrer no Largo do Carmo, em Lisboa, e que contará com a presença de “trabalhadores que estão na linha da frente do combate à pandemia de covid-19 e na proteção de quem está mais vulnerável”.