O português Vasco Vilaça, que sábado se sagrou vice-campeão mundial de triatlo em Hamburgo, disse à Lusa que esta corrida foi “quase” a prova com que sonhou, ao conseguir uma medalha de prata no Mundial aos 20 anos.

“Foi quase a prova dos meus sonhos. Nunca pensei conseguir estar na frente com os melhores atletas do mundo, muito embora seja esse o sonho. Depois de tantos anos a ver na televisão, estar lá a correr com eles é algo muito difícil de descrever”, contou à agência Lusa o português.

Na prova corrida em distância ‘sprint’ (metade da distância olímpica), que, perante um calendário reduzido da World Series, devido à pandemia de covid-19, coroava os novos campeões do mundo, o português, campeão europeu de juniores em 2017, acabou por ficar a dois segundos do título, ao cumprir a distância com o tempo de 49.15 minutos.

Depois de perder alguns segundos para o francês Vincent Luis no trecho de natação, acabou por ganhar tempo na bicicleta antes de, na corrida até à meta, fazer um tempo pior, ficando com o segundo lugar, após uma aceleração do ‘veterano’ francês no ‘sprint’ final. Mais atrás, o também francês Léo Bergere foi terceiro, a seis segundos do vencedor, que revalidou o título de campeão do mundo de triatlo, conseguido em 2019 na habitual série de várias provas.

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Segundo Vilaça, o objetivo desde cedo foi juntar-se a Vincent Luis, até por este ser “o melhor atleta do mundo neste momento”, tendo por isso “o ritmo para lutar pelo pódio”.

“A bicicleta foi muito dura e estava muito cansado. (…) No final, no ‘sprint’, [o Vincent] tinha mais energia. Foi um resultado excelente, estou muito feliz”, atira. Este resultado dá “muita energia para manter entre os melhores”, confessa, e tem como ‘segredo’ um trabalho específico na natação durante o período de paragem devido à pandemia de covid-19.

É o meu ponto mais fraco, e esse trabalho fez a diferença na prova. Andei a trabalhar muito a corrida e a bicicleta também, mas diria que o que fez este resultado tão fora do normal foi a evolução na natação”, confessa o atleta, que domingo volta a competir em Hamburgo, nas estafetas mistas.

Na mesma corrida, com 750 metros de natação no Lago Stadtpark, 20 quilómetros de bicicleta e uma corrida de cinco quilómetros, João Silva foi 22.º classificado, ao cortar a meta com o tempo de 50.14 minutos.

Para Vasco Vilaça, após Hamburgo segue-se a Taça do Mundo de Karlovy Vary (República Checa), em 12 de setembro, num ano em que já tem como “muito difícil” a qualificação para os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para 2021 e cuja qualificação não integrou na fase inicial.

“Mas quero estar nos Jogos de 2024, e claro que o sonho é uma medalha olímpica”, sonha Vasco Vilaça.

Nascido em 21 de dezembro de 1999, o atleta do Benfica, natural da Amadora, distrito de Lisboa, vive atualmente em Linköping, na Suécia, acumulando o triatlo com os estudos universitários, e com 20 anos já admite que será mais ‘marcado’ nas próximas provas.

“Faz com que a partir de hoje seja mais difícil. Não vai ser tão fácil a bicicleta fugir para começar a correr à frente e controlar melhor a prova. Quando os atletas começam a conhecer o nome, já não deixam fugir. [Mas] é um momento bonito, ser reconhecido pelos outros atletas, e faz muito bem”, confessa. A ‘aventura’ no triatlo começou aos seis anos, ainda no duatlo, deixando a ginástica para trás, sete anos antes da mudança para a Suécia, num ano de 2013 em que já tinha amealhado vitórias nos Nacionais de todos os escalões jovens.

Até chegar a Hamburgo, no que foi apenas a segunda participação numa prova da World Series, foi vice-campeão mundial de juniores e campeão europeu de juniores, em 2017, chegando agora ao ponto mais alto da carreira. Em declarações à União Internacional de Triatlo, o terceiro classificado, Léo Bergere, destacou o sentimento “ótimo de partilhar o pódio com um amigo como o Vincent e um talento puro como o Vasco”.