O fundador e co-presidente da Netflix Reed Hastings diz não ver quaisquer fatores positivos no trabalho remoto, imposto às empresas pela pandemia de Covid-19. “Debater ideias tornou-se mais difícil” e é “100% negativo que não se possa juntar pessoas, ao vivo – sobretudo pessoas de vários países”, defende o empreendedor, dizendo com humor que toda a gente vai voltar ao escritório “12 horas após a aprovação de uma vacina”. Ainda assim, Reed Hastings acredita que esta experiência tornará mais provável que muitas empresas optem pela semana de quatro dias de trabalho no escritório (mais um em casa).
Reed Hastings, que lançou um novo livro – “No Rules Rules: Netflix and the Culture of Reinvention” –, comentou em entrevista ao The Wall Street Journal que a opção quase total pelo trabalho remoto é um “fator totalmente negativo” que só não tem tido impactos piores porque as pessoas têm tido uma entrega “impressionante”, fazendo muitos “sacrifícios”. Mais a sério, Reed Hastings explica que, provavelmente, só seis meses depois da aprovação de uma vacina é que a empresa se sentirá confortável a fazer regressar os trabalhadores.
Quando for possível regressar à normalidade, aposta Reed Hastings, muitas empresas irão optar pela semana de quatro dias no escritório. A Netflix poderá ser uma delas, presumivelmente, mas a regra será sempre o trabalho presencial, na ótica do empreendedor.
A visão de Reed Hastings contrasta, por exemplo, com a decisão tomada pela empresa dona da rede social Twitter, que comunicou aos seus trabalhadores que podem ficar a trabalhar a partir de casa “para sempre” se o desejarem. O Twitter foi a primeira multinacional tecnológica a dar este passo em resposta à pandemia.
“Se os nossos funcionários tiverem uma função e uma situação que lhes permitam trabalhar a partir de casa e queiram continuar a fazê-lo, faremos com que seja uma realidade”, garante a empresa, em comunicado publicado na página oficial.
Google e Facebook, outras duas multinacionais tecnológicas, estão a fazer um regresso aos escritórios de forma progressiva desde junho mas a maioria dos trabalhadores poderá permanecer em casa até final do ano.
Teletrabalho? “Em Portugal, muitos gestores não confiam nas pessoas que trabalham com eles”