O fundador e presidente da Farfetch, José Neves, vai apresentar a sua fundação na próxima quinta-feira, 17 de setembro, em Lisboa. A Fundação José Neves é presidida por Carlos Oliveira — ex-secretário de Estado de Empreendedorismo, fundador da MobiComp (vendida à Microsoft em 2008) e atual membro do Conselho Europeu de Inovação — e conta com o investidor em capital de risco António Murta (diretor-geral da Pathena) como administrador não executivo.

“A Fundação José Neves pretende ajudar a transformar Portugal numa Sociedade do Conhecimento, através da aposta na Educação”, lê-se na nota de imprensa.

Em junho de 2019, José Neves explicava ao Observador que queria que esta fundação ajudasse Portugal “a abraçar esta nova economia digital, formar mais quadros”.  “Lancei uma fundação em Portugal à qual me comprometi em doar dois terços de tudo o que tenho, no decorrer da minha vida”, dizia aquando do evento de encerramento de uma das edições da Dream Assembly, o programa de aceleração de startups da Farfetch, em Londres.

Prejuízos na Farfetch? “Seremos lucrativos quando quisermos. Não estou nada preocupado”

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Já na altura, a atenção do líder daquele que foi o primeiro unicórnio (empresa avaliada em mais de mil milhões de dólares) português estava centrada na educação e na forma como esta pode potenciar a economia do país.

“Vai dedicar-se a apoiar uma geração para tornar Portugal numa economia do conhecimento. Nós não temos recursos naturais, muito poucos, temos algum turismo, mas realmente temos de apostar para vencer as batalhas do emprego e do desenvolvimento humano, temos de apostar sobretudo na educação, porque penso que a iliteracia digital vai ser o novo analfabetismo. E com isto não estou a dizer que toda a gente devia aprender a programar, não é nada disso, acho que devíamos ter psicólogos que percebem de digital, sociólogos que percebem de digital, antropólogos que percebem de digital, todas estas disciplinas podem ser aplicadas a uma nova economia, mas sem dúvida que, antes de tudo, precisamos de muitos engenheiros, de muitos cientistas de dados e as universidades não conseguem ter mãos a medir, não conseguem ter o output necessário”, afirmava.

Na próxima terça-feira vai ser divulgado o programa do evento de lançamento da Fundação José Neves, que vai decorrer a 22 de setembro, no Porto, e que vai contar com a participação do banqueiro António Horta Osório, do músico Will.i.am, de Naomi Campbell (modelo, empreendedora e fundadora da organização Fashion For Relief), de Niklas Zennström (fundador do Skype e da capital de risco Atomico) e de Jean-Philippe Courtois (vice-presidente executivo e presidente para a área de Global Sales, Marketing and Operations da Microsoft).

José Neves fundou a Farfetch, com sede em Londres, em 2008 e desde 21 de setembro de 2018, que a plataforma online de comércio de moda de luxo está cotada na bolsa de Nova Iorque. Foi a primeira startup portuguesa a valer mais de mil milhões de dólares, ou seja, a ser um unicórnio.

Durante os meses de confinamento na maioria dos países (de abril a junho), as receitas da Farfetch  subiram 74% face ao mesmo período de 2019, totalizando 365 milhões de dólares. Já os prejuízos depois de impostos mais do que quadruplicaram face aos mesmos meses de 2019: de 95 milhões, passaram a 436 milhões de dólares.

Receitas da Farfetch disparam 74% com o confinamento. Prejuízos mais do que quadruplicam

*Artigo atualizado com a nova data de apresentação (17 de setembro), na versão original deste artigo estava 15 de setembro