Pode parecer uma troca meramente semântica mas representa muito mais do que isso: após deixar a posição de adjunto de Pep Guardiola e assinar pelo Arsenal, Mikel Arteta era head coach (treinador principal, numa tradução literal); esta semana, na antecâmara do arranque da Premier League, passou a first-team manager (manager da primeira equipa). Ou seja, e em vez de ter apenas competências técnicas, o espanhol recebeu um voto de confiança por parte dos responsáveis, ganhando uma área mais larga de intervenção na construção do plantel e na gestão dos ativos com ligação aos gunners. Os dois títulos entretanto conquistados, da Taça de Inglaterra frente ao Chelsea à Supertaça diante do Liverpool, também ajudaram a esse reconhecimento mas foi a própria de trabalhar e todo o envolvimento com a estrutura desde que chegou a meio da época que promoveu a alteração.
“Ele chegou no final de dezembro e os últimos nove meses foram provavelmente aqueles mais desafiantes da história do Arsenal – e já temos 134 anos. Apesar de todos esses desafios, o Mikel levou o clube para a frente, levantou o espírito e a energia no London Colney [n.d.r. centro de treinos do clube] e de todos os fãs pelo mundo. Está a fazer um trabalho absolutamente fenomenal. E a outra coisa que parece clara é que desde o dia em que entrou por aquela porta, fez muito mais do que ser apenas o nosso treinador. Subir o Mikel para first-team manager é um reconhecimento pelo que fez desde que chegou e pelas capacidades demonstradas. Pode trazer muito mais ao clube”, explicou Vinai Venkatesham, chefe executivo dos gunners, ao Arsenal Digital.
“O meu cargo mudou um pouco mas estou aqui apenas para tentar fazer o meu trabalho o melhor que conseguir. É sempre bom ser reconhecido pelo clube mas só quero ajudar a fazer bem as coisas. Quando tiver de ser mais envolvido, fantástico. Quando estiver a trabalhar apenas na minha área, fantástico. Só quero tornar o clube no conjunto com mais sucesso o mais rápido possível e de forma sustentável, essa é minha ambição”, comentou a esse propósito Mikel Arteta, mostrando-se satisfeito com o novo contrato de Aubameyang que segurou a grande referência da equipa, assumindo que a preparação da equipa não foi fácil devido aos compromissos das seleções e aplaudindo a capacidade de adaptação dos reforços aos métodos dos gunners.
???? season, same @Aubameyang7 ????#FULARS pic.twitter.com/OucoZ7qaIP
— Premier League (@premierleague) September 12, 2020
A venda a título definitivo de Henrikh Mkhitaryan à Roma de Paulo Fonseca foi a única saída com algum peso, as chegadas de Gabriel Magalhães (central do Lille, por 26 milhões de euros) e Willian (avançado do Chelsea, a custo zero) as únicas contratações com impacto – além das permanências de Pablo Marí e Cédric Soares, que acabaram a última época ainda como emprestados. Por opção própria, Mikel Arteta quis manter o núcleo duro da equipa para dar continuidade ao trabalho feito na segunda metade de 2019/20 mas esta seria uma época complicada para os gunners, que além de um Liverpool e de um Manchester City que criaram um “fosso” nos últimos anos teriam ainda pela frente um Chelsea super renovado e um Manchester United em renovação. E o primeiro desafio da Premier League também não seria fácil, num dérbi londrino contra o regressado Fulham.
I'm very happy with my debut! Great team work guys! But it's only the beginning, let's keep working hard! Thanks for all the support Arsenal fans!???????? #arsenal #premierleague #debut #W12 pic.twitter.com/eDpl9eSNjt
— Willian (@willianborges88) September 12, 2020
Logo à cabeça, pelo que se passou antes do início de jogo: com Özil mais uma vez de fora da equipa, confirmando que é uma opção que não conta mas que também não se mostra muito disposto a sair (e até na folha salarial o Arsenal iria agradecer…), Dani Ceballos e Nketiah “pegaram-se” no aquecimento após uma primeira entrada do espanhol, ficaram agarrados e tiveram de ser os companheiros de equipa também suplentes a separar a dupla para que a questão ficasse por aí. O momento de maior tensão não passou ao lado do grupo e a entrada em campo também não teve o condão de acalmar a equipa, com o estreante Gabriel a ter um erro de cálculo numa bola nas suas costas que não fosse a rápida intervenção de Leno poderia a Kamara a hipótese de fazer o 1-0 (2′).
You don't see this every day ????
Dani Ceballos and Eddie Nketiah got into a heated exchange during a pre-match training routine ???? pic.twitter.com/u1qMPuZ8Ux
— Football on TNT Sports (@footballontnt) September 12, 2020
A equipa de Scott Parker, o antigo médio internacional que se apresentou vestido a rigor de fato e gravata para a estreia no regresso à Premier League, teve um arranque onde pareceu até melhor em campo mas não demorou até que a superioridade de Arsenal frente ao conjunto do português Ivan Cavaleiro (que foi titular) viesse ao de cima, com um golo na primeira grande oportunidade: cruzamento atrasado de Aubameyang para o remate na passada de Xhaqa, recarga de Willian para defesa de Rodak depois de Ream ter demorado a tirar a bola da zona de perigo e toque final de Lacazette, que se tornou o primeiro jogador da história a marcar o golo 1 de um Campeonato (8′). Ainda antes do intervalo, e com os gunners a dominarem, Willian ainda teve um livre direto ao poste (27′).
2 – Alexandre Lacazette is the first player to score the opening goal of a @premierleague season on more than one occasion (also 2017-18 v Leicester). Repeat. #FULARS pic.twitter.com/MhIJrsm1kq
— OptaJoe (@OptaJoe) September 12, 2020
O Fulham precisava de mudar vários aspetos de jogo para poder discutir o resultado mas o 2-0 do Arsenal, por Gabriel após canto de Willian logo a abrir a segunda parte (49′), acabou por definir o resto do encontro, que teve Aubameyang a fazer o 3-0 final em mais uma diagonal da esquerda para o centro com remate em arco sem hipóteses para Rodak (57′), que não ficara isento de culpas no cabeceamento que originou o segundo golo. Se o Fulham não conseguiu propriamente trazer uma grande resistência ao Arsenal, os gunners também não tiveram de realizar uma grande exibição para vencerem na estreia. No entanto, o grau de dificuldade vai tendencialmente aumentar. E sem um grupo coeso onde não existam casos como aconteceu entre dois suplentes ainda durante o aquecimento será complicado recuperar o “fosso” que foi criado nos últimos anos para o topo da classificação.
Gabriel Magalhães' Arsenal debut by numbers:
121 touches (most)
113 passes (most)
95% pass accuracy
5 ball recoveries
3 clearances
2 tackles made
2 fouls won
1 goal scored
0 goals conceded
0 x dribbled pastAnd he was named Man of the Match. ???? pic.twitter.com/8chEE401rA
— Squawka (@Squawka) September 12, 2020
Aubameyang continues his phenomenal #AFC goal scoring record ????
— Fanzine Football (@Fanzine_com) September 12, 2020
???????????????????????????? Fulham ???? Arsenal
Mesmo "dispensado" pelo Chelsea, Willian ???????? abre a época como a terminou: de melhor #GoalPointRating "blue" em 19/20 a Melhor em Campo (2 assistências e sem falhar um passe) no jogo de abertura #EPL 20/21 ⭐️#FULARS #RatersGonnaRate#PremierLeague pic.twitter.com/JjGPuDxPYv
— GoalPoint (@_Goalpoint) September 12, 2020