Uma equipa internacional de astrónomos detetou o que pode ser o primeiro planeta intacto próximo de uma anã branca, estrela em fim de vida que normalmente destrói planetas na sua vizinhança, anunciou esta quarta-feira a NASA.
Em comunicado, a agência espacial norte-americana, que opera o telescópio TESS, um “caçador” de planetas fora do Sistema Solar, refere que o planeta em causa, o WD 1856b, possivelmente 14 vezes maior do que Júpiter, está a 80 anos-luz da Terra, na constelação Dragão.
O planeta extrassolar (exoplaneta) completa uma órbita à estrela WD 1856+534 ao fim de um dia e 14 horas, a uma velocidade 60 vezes superior à da órbita de Mercúrio em relação ao Sol. A anã branca é muito velha, terá 10 mil milhões de anos (o Universo terá 13,8 mil milhões de anos).
Justificando a relevância da descoberta, um dos astrónomos, Andrew Vanderburg, que leciona na Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, disse que “o processo de criação de uma anã branca destrói planetas próximos”.
“Qualquer coisa que depois se aproxima demasiado é normalmente despedaçada pela enorme gravidade da estrela”, acrescentou o líder da investigação, citado pela NASA.
Além do telescópio TESS, os investigadores socorreram-se de um outro telescópio espacial, o Spitzer, antes de ter passado à “reforma”, em 30 de janeiro, para poderem fazer o estudo, uma vez que a estrela, por ser tão velha, emite uma luz ténue, dificultando o trabalho de deteção de uma alteração significativa no seu brilho provocada pela passagem de um planeta. Os resultados do estudo são publicados na revista científica Nature.
Em dezembro, o Observatório Europeu do Sul anunciou a descoberta do primeiro planeta gigante em torno de uma anã branca, mas que estava a evaporar-se.
Em 2015 foi divulgado um estudo na Nature que reportava a descoberta de uma anã branca a “devorar” os restos de um planeta semelhante, na composição, à Terra. O estudo era igualmente coordenado por Andrew Vanderburg, que assina o trabalho hoje divulgado.