Escola Secundária Pedro Nunes, Escola Secundária Maria Amália e Instituto Espanhol de Lisboa. São três casos, na capital do país, onde o regresso às aulas se tem traduzido diariamente em multidões, ora de pais, ora de alunos, à porta dos estabelecimentos de ensino ou nas zonas circundantes. Já na Secundária Padre António Vieira, em Alvalade, o primeiro dia de aulas também ficou marcado esta quinta-feira por ajuntamentos à porta da escola, como constatou a equipa de reportagem da Rádio Observador, embora os encarregados de educação esperem que a situação não se repita.
No regresso às aulas na Secundária Padre António Vieira não foi possível evitar os ajuntamentos
“Tem sido o caos todos os dias, mas esta quinta-feira com a chuva, a confusão ainda foi pior”, conta ao Observador um encarregado de educação com três filhos a estudar no instituto Giner de los Rios, a escola espanhola do Dafundo, e que tem fotografado diariamente o cenário que ali encontra.
Nas poucas escolas onde o ano letivo já começou (ex: Inst Espanhol), aconteceu o que se previa. É impossível respeitar as regras de distanciamento social, com grandes aglomerações de pais e alunos nos exíguos espaços de entrada.
A solução é simples, mas contra o rei automóvel. pic.twitter.com/NzCuOBFYQX— Menos Um Carro (@menos1carro) September 10, 2020
O problema, na opinião deste pai que pede o anonimato, passa por a escola ter optado por criar horários diferentes para a entrada das várias turmas, obrigando quem tem mais do que um filho a ficar no passeio à espera que todos entrem. “Para quem tem só um filho não há problema”, diz, lembrando que no seu caso são três menores que tem de deixar na escola.
A confusão à porta da escola está muito pior do que o ano passado. Os meus filhos entram com diferença de 10 minutos, o que quer dizer que eu (como muitos outros) fico durante meia hora no passeio com os miúdos ao meu lado. E tenho sorte de, pelo menos, entrarem todos pelo mesmo portão”, conta.
Para evitar aglomerados à entrada do instituto espanhol, a escola internacional optou por ter diferentes zonas de entrega de alunos. O problema com esta solução, conta o mesmo pai, é que há famílias que têm filhos a entrar à mesma hora em portões diferentes ou, como é o seu caso, entradas muito espaçadas. “Em vez de chegar, deixar os três e seguir, fico à espera. Em vez de dois minutos são 30.”
As crianças só entram no estabelecimento de ensino quando o adulto encarregado por esse grupo de alunos, normalmente um professor, os vem buscar.
Na zona da Estrela, também em Lisboa, situação idêntica tem-se vivido à porta do Liceu Pedro Nunes, mas com uma diferença. Ali, não há vários horários de entrada desfasados e uma das mães, citada pela agência Lusa, pede para esta escola a solução que terá criado problemas no instituto espanhol.
“Se em vez de estarem todos aqui às 8h15, uns entrassem às 8h00, outros às 8h30 e outros às 9h00, não haveria este tipo de concentração”, disse, pedindo o anonimato. Os cerca de 1.200 alunos do secundário têm apenas duas horas distintas de entrada, separadas por 15 minutos: 8h15 e 8h30. Um dos principais problemas, contam os pais, foi criado pela entrada, demasiado estreita para escoar tantos estudantes — apesar de ser dupla, apenas uma das portas estava aberta.
Caras escolas: esta coisa de tentar meter 1200 pessoas por meia porta à mesma hora à chuva talvez mereça ser repensado. pic.twitter.com/G4C5rKcrco
— Pedro Magalhães (@PCMagalhaes) September 17, 2020
Segundo a agência de notícias, à hora de entrada mais de mil alunos amontoavam-se à porta do estabelecimento de ensino. “Eu não o deixei vir de transportes públicos por causa do risco de contaminação e depois estão aqui todos encavalitados. Isto é uma vergonha”, criticou outra mãe. A agravar o descontentamento dos pais está o facto de a escola ter mais entradas: a porta principal do edifício, um acesso semelhante ao que foi usado e ainda uma entrada que dá acesso ao parque de estacionamento.
Perante as críticas, Rosário Andorinha, diretora da escola, assume o erro e garantiu que na sexta-feira haverá uma nova entrada a funcionar. Já usar o portão lateral diz estar fora de questão, uma vez que é utilizado por carros. Mas deixou um recado a pais e alunos: o cumprimento das regras fora da escola não é da sua responsabilidade.
A um quilómetro e meio de distância, mais perto do centro da cidade, Fátima Lopes, diretora da escola Maria Amália Vaz de Carvalho, usa o mesmo argumento. “A parte extra escola não conseguimos controlar. Dentro da escola os alunos são impecáveis”, argumenta, em declarações à SIC Notícias, frisando que os estudantes juntam-se uns com os outros do lado de fora do liceu.
No interior do estabelecimento de ensino, garante Fátima Lopes, o plano de contingência, que respeita todas as indicações da Direção Geral de Saúde, está a ser cumprido.
https://twitter.com/luaninhaaa19/status/1306559633537077248
Há dois dias consecutivos, segundo aquela estação televisiva, que os alunos não respeitam o distanciamento social do lado de fora da escola. No total, são mais de mil alunos a frequentar aquela secundária.
Para tentar evitar a repetição deste cenário, Fátima Lopes pediu a intervenção da Escola Segura que irá estar à porta do estabelecimento de ensino às 10h00 e às 14h00, os horários mais problemáticos, para sensibilizar os alunos e dispersá-los, se necessário.
Alunos quebram regras de distanciamento social junto a uma escola de Lisboa https://t.co/Cyqs8vWAWV
— SIC Notícias (@SICNoticias) September 15, 2020