Marcada para os dias 8, 9, 10 e 11 de outubro, nos Jardins do Parque Eduardo VII, a 55ª edição da ModaLisboa teve, esta quinta-feira, o seu calendário de desfiles revelado. O evento vai decorrer sem sobreposições e com as apresentações a acontecerem obrigatoriamente entre as 12h e as 18h.

Além dos constrangimentos a que a atual pandemia obriga (o evento contará apenas com 20% do público habitual), esta edição fica marcada pelo regresso de Nuno Baltazar à passerelle lisboeta, um ano e meio depois de abandonar a plataforma do Portugal Fashion. A última participação do criador na ModaLisboa foi em março de 2014.

Nuno Baltazar: “O Portugal Fashion desconhece o que é a moda, e isso nem parece ser motivo de vergonha”

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“É evidente que enquanto criador de moda de autor, para mim faz sentido apresentar o meu trabalho e não deixar que o que faço não seja mostrado”, explica Baltazar ao Observador, ao mesmo tempo que fala num processo “interior” que o conduziu ao “como” e “quando” voltaria a apresentar. “Durante este período mais difícil, o de confinamento, comecei a fazer algumas experiências. Agora isto é a concretização de uma vontade que tinha de voltar a apresentar”, completa.

Com apresentação marcada para as 15 horas de quinta-feira, dia 8 de outubro, Nuno Baltazar não revela o formato em que irá mostrar a coleção “Ensaio”, que define como sendo um marco num momento de transição. “É um trabalho que reflete muito mais uma identidade autoral, sem uma preocupação tão incisiva sobre o que é a marca comercial”, refere.

Quanto ao carácter definitivo (ou não) do seu regresso à plataforma lisboeta, o criador rejeita a ideia de perspetivar o futuro a longo prazo. “O importante para mim é dar continuidade a projetos que me façam feliz. Se eu estiver feliz e a ModaLisboa estiver feliz, então não há porque não continuar. A vontade essa”, remata.

Dino Alves é a ausência mais notada. O designer radicado em Lisboa não vai apresentar coleção na próxima edição da ModaLisboa devido a constrangimentos logísticos do evento. Limitações no orçamento e nos meios de produção impedem que a apresentação aconteça no local idealizado pelo criador, segundo o próprio, também ao ar livre e nas imediações do Pavilhão Carlos Lopes.

“Demorei algum tempo a aceitar o convite. Pensei se não seria pouco solidário com a situação em que algumas pessoas estão — artistas e outros profissionais do espetáculo, um meio onde trabalho muito — e se faria sentido estar a fazer uma coisa que sabemos não ser um bem essencial. Cheguei à conclusão de que só faria se fosse uma resposta a tudo isto, se fosse para acrescentar uma mensagem nova”, explicou Dino Alves ao Observador.

Trata-se, contudo, de uma decisão excecional e não de um afastamento permanente. O conceito para a apresentação continua por revelar. Dino Alves assegura que, se continuar a fazer sentido, poderá transitar para a edição seguinte, esperada para março de 2021. Também o sérvio Aleksandar Protic fica de fora do calendário da 55ª edição da ModaLisboa.

A organização reforça que a liberdade dada aos criadores para optarem por formatos alternativos de apresentação, com especial foco nos suportes digitais, bem como no que toca à estação apresentada. A ModaLisboa está ainda a trabalhar com a Altice no desenvolvimento de uma aplicação móvel, de um micro site e de uma app TV, ferramentas que permitirão acompanhar os desfiles em direto, mas também do evento.

ModaLisboa regressa em outubro. Desfiles acontecem na rua, apenas durante o dia e com menos público

Ao longo dos quatro dias, esperam-se as apresentações de nomes bem conhecidos da moda nacional — entre eles Nuno Gama, Lidija Kolovrat, Valentim Quaresma, Ricardo Preto, Ricardo Andrez e Carlos Gil. A plataforma Lab recebe a estreia de Béhen. A marca da jovem designer Joana Duarte junta-se a Duarte, Constança Entrudo, Buzina, João Magalhães, Carolina Machado, Hibu e Olga Noronha, ela própria de regresso depois de uma ausência na última edição.

Também o concurso Sangue Novo tem apresentação marcada para as 18 horas de sábado, dia 10 de outubro. Os criadores da Workstation vão apresentar individualmente numa programação diluída no calendário — Saskia Lenaerts, Opiar, Filipe Augusto, António Castro e Archie Dickens são os nomes esperados.

Texto atualizado no dia 17 de setembro, às 15h28, com declarações de Dino Alves.