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MelissaVieira/Observador

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Constança Entrudo: “Pode soar mal, mas a moda ganha em distanciar-se das pessoas, ajuda a descontruir preconceitos”

Sem risco, nunca teria nascido aquele vestido trompe l'oeil com um nu que vendeu 500 exemplares. Feliz por retomar o têxtil, esta sexta Constança Entrudo pôs uma sala de concertos em modo S.O.S.

A Fonte da telha para um mergulho às 6h da manhã antes de começar o trabalho. O Aura Wellness Bar para uns smoothies. Entre livros e exposições, é provável que o caminho siga pela Livraria da Travessa e pela galeria Lumiar Cité. Para jantar? Sai uma mesa no Kuwazi, sff. Há mais um endereço para juntar à geografia pessoal de Constança Entrudo em Lisboa: esta sexta-feira à noite apresenta a coleção “S.O.S” na Sala Lisa, palco de atuações e clubbing e agora também cenário de mais uma ilusão ótica servida pela designer portuguesa. Visitámos o novo estúdio, em Campolide, a poucas horas de Constança rumar ao MUDE para ser júri da primeira fase do concurso Sangue Novo. “Agora é escolher o que vou vestir. Não costuma ser muito pensado. Não há tempo a perder”. Enquanto chegam visitantes de última hora que vêm escolher alguns peças — “Queremos que toda a gente esteja a usar Constança Entrudo” — antecipamos o que aí vem.

Calculo que não a apanhe em dia hora.
Não, não, tudo bem. Nós já temos a coleção pronta há um mês e tal.

Na verdade é um daqueles casos em que já a mostrou ao mundo, a começar por Nova Iorque.
Exatamente. E em Paris.

Como é isto de contrariar um pouco o ritmo natural e estar apenas a contar os dias e as horas para apresentar em Lisboa?
Eu sou uma eterna perfeccionista, o meu trabalho está sempre em desenvolvimento, por isso, claro que isto exige toda uma nova logística, uma nova apresentação, e pronto, estamos a trabalhar a música de fundo, estamos a trabalhar o set design, há sempre coisas que se introduzem.

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MelissaVieira/Observador

Algum detalhe mais inesperado?
Vamos introduzir uma colaboração que fizemos com a Timberland,  para trazer aquela bota icónica, as Timbs, que agora estão bastante na moda outra vez. Há várias coisas que foram adicionadas à coleção.

Neste espaço de tempo há muita tentação para mudar e alterar ou consegue viver em paz com isso?
Sim, e sobretudo temos feedback de vendas, porque já apresentámos em Nova Iorque, já apresentámos no showroom em Paris, já recebemos o feedback das lojas, dos compradores. Houve coisas que nós já percebemos que vão ter mais sentido, então fizemos mais variações de cor ou de padrão.

O que cativou mais lá fora?
Os estampados. Nesta coleção foram estampados de ganga. Que são colagens feitas por mim, pela minha equipa, mas meticulosamente mesmo. São dos anos 50, retirados da Life Magazine, que encontrei há uns anos na Feira da Ladra. Dali retirámos várias paisagens, bocadinhos de há 500 milhões de anos atrás.

"O meu trabalho era uma prática artística e tornou-se-se num negócio. E eu acho que ao ter-se tornado num negócio muita coisa muda. Mudamos perspetivas, e se calhar também eu cresci e vejo a moda de outra maneira, não sei."
Constança Entrudo

Quase todas espécies extintas.
Sim, todas as espécies que nós escolhemos já estão extintas. Pode haver variações parecidas e evoluções, mas era um bocado esta ideia.

Que ideia foi essa para este S.O.S, o nome da coleção primavera-verão 2025?
Uma ideia de começar na superfície, no desespero de umas férias, e depois a pessoa tenta quase afogar-se, os seus vestidos transformam-se em boias, mas depois vai para o fundo, fundo, fundo, fundo, até chegar mesmo ao fundo do mar, há muitos anos atrás.

Umas férias pesadelo ou nem por isso?
Para mim, no fundo, é só mais uma crítica. É mais um trabalho com uns elementos cinematográficos, em que falo daquela ideia do wellness, de que toda a gente fala agora: “Vais de férias e ficas bem”. Parece que tudo é tão fácil de resolver quando se para de trabalhar ou quando se deixa de ter responsabilidades. É um pouco por aí. Estou de férias, mas os meus problemas continuam, não é?A minha cabeça continua a ser a mesma, por mais que eu tente ir até o fundo do mar e volte. Estamos a tentar trazer isso para a apresentação.

Como é que a roupa que vestimos pode ajudar a responder a esse pedido de socorro, a atenuar ansiedades, a resolver a nossa cabeça?
Neste momento, dado o contexto que vivemos, pode ajudar nem que seja a trazer esperança. Espero que design traga esperança a quem está na área ou não, para fazer realmente o que gosta. Que faça com que as pessoas, através da roupa, se sintam melhor no dia em que a usem, não sei.

Falamos tanto de confort food. Se falássemos de confort look, o que é para si ideal num dia não? Veste muito Constança Entrudo?
Visto uma mistura, sempre, com outros designers, também. Uso muito marcas que, para mim, são uma referência. Porque também ajuda a perceber como fazer o styling. Há umas que andam sempre comigo.

[Já saiu o segundo episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio.]

Por exemplo?
As minhas de eleição serão sempre a Prada. Qualquer Prada arquivo, qualquer coisa da Miuccia Prada, qualquer coisa que ela tenha feito nos anos 90, 2000. E Issey Miyake. E a Miu Miu, claro. E uma marca que eu contemplo muito, um designer que eu admiro muito, que é o Kiko Kostadinov. Mas, sim, quando estou nesse estado…eu não sei bem se não estamos sempre neste estado. Nem sei se a minha roupa, se a maneira como eu me visto, reflete bem o que eu sinto dentro.

O que norteia as suas escolhas quando se veste?
Não tem nada a ver com o que eu sinto no dia. Tem a ver com o que eu vou realmente fazer. É uma questão de conforto cada vez mais. Agora por exemplo começámos a trabalhar interiores, estamos a trabalhar peças grandes, vamos ter até uma peça agora exposta no dia da apresentação. Portanto, muitas vezes estamos no chão a trabalhar.

Já tinha tido que estava feliz por voltar às origens de estudo, à área do têxtil. Fale-nos dessa colaboração com o estúdio do arquiteto Duarte Caldas.
Exato. Temos o projeto do Sophia, no LX Factory. O Sophia tem dois espaços, do grupo Arié, o outro é no Cais do Sodré. O Duarte desafiou-nos para fazer parte do projeto do novo restaurante. Inicialmente, era mesmo só para fazer uma peça de parede, mas no fundo acabámos por tomar conta do espaço, no que diz respeito a todos os aspetos têxteis. Desde painéis de parede, que no fundo são em tecido, até às fardas. E foi um tecido pintado à mão, que depois evoluiu para um tecido mais digitalizado.

"Se calhar, se eu não estivesse ali na brincadeira, à hora do almoço, com as pessoas com quem faço produção, não teria tido a oportunidade de ter uma peça que sustentou a marca durante a pandemia (...) Aquele vestido foi um hit"
Constança Entrudo

Muito Constança Entrudo.
Sim, no meu trabalho fazemos sempre um componente manual e digital. E pronto, foi super interessante. Era mesmo um objetivo que eu tinha para este ano, por isso sou muito feliz.

E para quando o novo espaço do grupo Vago?
É um novo restaurante que vai abrir no próximo ano, apesar de o projeto não ser todo meu. O Vago vai abrir um speakeasy dentro do restaurante e vou tratar de toda a parte de têxtil. Algumas peças foram não só desenhadas por mim mas também feitas.Também estou muito entusiasmada com esse projeto.

Imagina-se a deixar o lado da roupa em stand by para investir nos interiores a 100%?
Não, gostava de complementar-me sempre. Até porque eu acho que é mesmo importante criar uma narrativa, gostava de conseguir traduzir isso e eventualmente até abrir uma loja que também partilhasse o nosso mundo.

Uma loja focada em todo o universo Constança Entrudo?
Sim, sim. Cada vez mais percebo o quão importante é para mim, sobretudo depois de ter trabalhado com arquitetos e designers de interiores, porque afinal são projetos, não são bens de consumo que uma pessoa vê online e gosta ou não. Percebo também a importância, para mim, da tal narrativa. Como a moda é uma coisa imediata às vezes é difícil conseguir fazer chegar isso às pessoas.

Nos últimos anos parece que as coisas se desmaterializaram um pouco, tudo se tornou mais digital, mais online, até pelo efeito da pandemia, e de repente voltamos a sentir a necessidade do espaço físico, e os interiores vão conhecendo um boom. Também sente isso?
Sim, sinto que estamos mais despertos, mas também sinto que em certos aspetos voltámos atrás, porque aquela ideia das apresentações, que no fundo criavam esse mundo e tudo, e todos aqueles desfiles, que na altura eram mais materiais e com set designs mais pensados, parece que agora estão um pouco esquecidos, não é? Voltámos um bocadinho ao formato das marcas que faziam apresentações, que agora voltaram a fazer desfiles outra vez. Por isso, de certa maneira, teria que responder sim e não.

S.O.S. ou as peças da coleção primavera-verão 2025

MelissaVieira/Observador

De certa forma também nota um recuo na espetacularidade do desfile? Menos risco, menos inovação?
Sim. Talvez tenha, por exemplo, um pouco a ver com a dimensão conceptual, não sei se é bem a expressão, mas… Não sei se a dimensão conceptual está assim tão… Acho que voltámos mesmo atrás em muitas coisas.Tinha esperança pós-pandemia, nos dois anos depois da pandemia, mas sinto tudo mais superficial, ou pelo menos muito mais mediático. Se calhar foi uma conclusão que tirei com base nesta Fashion Week, que achei interessante, mas…

Refere-se a Nova Iorque?
Em Nova Iorque e no geral. Depois de ver alguns desfiles, e se calhar também se aplica ao meu trabalho… Não sei, parece que estamos mais focados no mediatismo. Quem usa o quê, quem está. Não é tanto o que é que foi feito.

O próprio conceito de desfile, do público, é um formato que aprecie ou nem por isso?
Adoro, é o que mais gosto. Continuo a adorar o desfile, a apresentação, como for, mas continuo mesmo a gostar. O meu sonho é fazer um filme um dia, portanto, qualquer oportunidade que eu tenha de criar um plot, uma narrativa, um espaço, uma personagem, para mim é super interessante. Estamos a tentar fazer algo diferente nesta apresentação no Sala Lisa, apesar das restrições. É um bar, um club, é diferente.

Mas aquele conceito mais rígido de passerelle, um local único para todos os designers. Faz-lhe sentido pensar em algo mais próprio, é isso?
Sim, mais próprio. Mais do que espaço que cada designer possa sair um pouco desse contexto de moda. Eu gosto sempre de associar-me. Em Nova Iorque fizemos apresentação com uma galeria de que gosto bastante. Neste caso também acho que fazia sentido no Sala Lisa,  porque já lá vi muitos artistas que gosto a tocarem. Acho que eles estão a fazer um ótimo trabalho de apoiar artistas não só portugueses, mas também internacionais. Gosto desse lado performativo e daquele espaço assim mais neutro, acho que pode ser interessante.

O que é mudou mais no trabalho de Constança Entrudo desde que arrancou na ModaLisboa, em 2018?
O meu trabalho era uma prática artística e tornou-se-se num negócio. E eu acho que ao ter-se tornado num negócio muita coisa muda. Mudamos perspetivas, e se calhar também eu cresci e vejo a moda de outra maneira, não sei. Mas, essencialmente, foi também uma coisa que mudou muito recentemente. Nós agora temos um estúdio maior em Campolide, temos um showroom em baixo, e estamos a fazer mesmo o projeto do espaço com o Duarte Caldas, que espero que esteja pronto em dezembro. Não queremos ter só roupa, quero ter uma biblioteca têxtil, que as pessoas possam vir ver o nosso arquivo desde que comecei. Eu tinha apenas um contacto com os clientes que era online, ou vendíamos para lojas e as lojas davam-nos o feedback.

Agora muitos vêm presencialmente?
Sim, agora temos este contacto direto porque muitos clientes vêm aqui ao estúdio. Semanalmente ou quase diariamente. Também mudou um bocadinho a minha perspetiva de como eu gostava de fazer as coisas.

Gosta de desempenhar esse papel de anfitriã?
Gosto, mas acho que é preciso saber balançar muito bem, pelo menos no tipo de moda que eu me imagino a fazer. Isto pode soar mal, mas acho que a moda às vezes ganha muito por se distanciar das pessoas. Porque faz-nos sonhar e faz-nos criar uma coisa que se calhar nós nunca pensámos que íamos ver. Às vezes, esta proximidade com o cliente e com as pessoas também pode ser perigosa.

Por condicionar, limitar?
Porque faz-nos ter um pé na realidade, não é? As pessoas têm imensos complexos, imensos preconceitos, por melhores e mais bem resolvidas que parecem estar. Com o seu corpo, com a sua idade… E parece que nós começamos depois a ser muito influenciados quando estamos a fazer uma peça. E a moda, no fundo, deve desconstruir esses preconceitos. Portanto, quando eu fazia o que me apetecia, porque na minha cabeça não havia qualquer obstáculo… Havia mais liberdade.

Com o negócio a crescer, como designer sente-se também mais pressionada por essa ideia de incluir?
Eu acho que isso é importante, gosto mesmo, sinceramente. Eu não faço por ser moda, já faço desde o início, que é pensar em tamanhos diferentes, pensar em ter os meus protótipos. Os nossos protótipos, por exemplo, não são todos S, são de qualquer tamanho. Essa preocupação até acho que é natural, porque adoro pessoas.

Refira-me sobretudo a esse excesso de realidade que pode levar o designer a considerar sensibilidades que de outra forma nem lhes daria atenção.
Ah, sim, leva-nos a pensar se podemos usar transparências ou um padrão com aquelas cores.

Porque “ninguém vai usar”, “não dá para levar para o trabalho”, etc?
Sim, são essas pequenas coisas que estão a mais. Aí é que eu tento mesmo lutar contra isso. Só que, às vezes, é impossível, porque realmente ouvimos disto todos os dias.

Detalhes do estúdio, incluindo restos dentro da lógica "não se perde tudo se transforma"

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Ainda persiste muito?
Ainda temos muito isso, não é só em Portugal, também lá fora. Talvez o sítio onde eu senti que havia menos foi Nova Iorque. Foi para mim uma surpresa. Já sabia que era o nosso maior mercado, mas depois de ter feito o evento fiquei mesmo surpreendida com a adesão, com as vendas, com tudo. Acho que mesmo assim os americanos ainda conseguem estar mais libertos de certos preconceitos, mas não sei. Posso estar enganada e a falar de uma bolha.

É curioso porque provavelmente uma das suas peças mais desafiadoras nesse sentido, e também mais populares, é o famoso vestido trompe l’oeil com aquela ilusão do corpo nu. Tem noção de quantos já se venderam?
Tenho, tenho. Mais de 500. Para fora, mas em Portugal também. Em Portugal, agora estamos a vender imensos. Os poucos que temos, claro. Não vou continuar a fazer o vestido, porque acho que já teve o seu momento, e mesmo por respeito a quem comprou. É bonito deixar onde está.

Como é que imaginou que pudesse correr uma peça destas?
Nunca imaginei mesmo [esta procura]. Há coisas que eu confesso que espero, porque são planeadas, no geral. O que eu faço é com base nas vendas que já fiz, com base no feedback, com base no não sei o quê. E o vestido foi a primeira vez que eu fiz uma coisa que realmente não dava.

Quando diz que não dava, significa que?
Eu sou super preocupada. Muitas vezes eu quero introduzir uma coisa numa coleção e não o faço porque não vai fazer sentido com a narrativa da coleção. Por mais que eu saiba que vai vender ou assim, não era a história que eu devia contar. Não faz parte das referências, não há contexto. E espero para um dia poder fazer ou deixo para outros designers fazerem. Neste caso, esta peça foi um pouco assim. Acho que este estúdio novo traduz muito bem o meu trabalho porque passa muito por esta ideia da ilusão.

E aquele vestido é pura ilusão.
Eu estou constantemente a tentar explorar, mas quando começámos a brincar na fábrica com aqueles tecidos e a tentar fazer alguma coisa com aquilo, acho que nunca imaginámos este resultado. Nem eu, nem o Rogério e a Lúcia, e o José, que são engenheiros da fábrica, em Aveiro. Estou-lhes muito grata. Esta cooperação é uma coisa que eu tenho falado bastante. Sou nova, mas já tendo a marca há cinco anos já temos estagiários de outra geração.

Já trazem uma visão diferente da moda?
Trazem. Trazem, mas… Mas também falta, talvez, uma coisa que eu acho muito importante, que são as relações interpessoais. Eu dou este vestido sempre como prova de que é mesmo importante esse intercâmbio. Se calhar, se eu não estivesse ali na brincadeira, à hora do almoço, com as pessoas com quem faço produção, não teria tido a oportunidade de ter uma peça que sustentou a marca durante a pandemia.

Foi determinante para viverem nessa fase?
Sim, e deu-me reconhecimento, e que comecei a ter muito mais lojas, e muito mais imprensa, e muito mais celebridade, e clientes. Houve uma coleção de bordado de madeira que também foi muito bem-sucedida. É interessante ver que ao introduzir o artesanal, mas numa técnica que é reconhecível, como no bordado, as vendas disparam. Aquela coleção foi mesmo um sucesso de vendas. Mas tenho consciência que aquele vestido foi um hit que ajudou.

Falava dessa importância do sonho, da criação artística, mas sem esquecer o lado do negócio. Sempre muito pragmática nesta gestão? É fácil equilibrar esses dois campos?
Não é fácil. Agora estou a falar assim, mas no dia-a-dia às vezes sofro também. Porque gosto realmente da liberdade de ser criativa e nem sempre isso é possível. Agora estamos seis no estúdio e trabalhamos com muitas pessoas que vêm, fazem freelancing, aparecem uma vez, duas vezes, por semana, pronto. Há muitas pessoas para ajudar e acho que é realmente uma coisa que talvez esteja a faltar um pouco nas novas gerações de designers. Gostar de pessoas e ser interessado. Mas também há outras características que eu não tenho e que eles têm e que são igualmente boas.

Por exemplo?
Tenho imensos defeitos, mas o que eu não tenho… talvez às vezes ser dura. Podia ser um pouco mais dura. E dar prioridade ao bem-estar mental, ao ter tempo para si, ao tempo para o desporto. Coisas que eu estou a aprender também a fazer. Aliás, a última coleção chamava-se Burn Out.

Para além de uma loja mais ampla com o universo Constança Entrudo quais são os planos? Como anda o mercado lá fora?
Por enquanto, e principalmente nestes últimos anos, têm sido os Estados Unidos, e a China, que agora está a passar uma crise, mas que tem sido também o nosso maior mercado. Japão também. Já apresentei coleções em Londres, já vivi em Paris, mas onde vi mesmo esperança foi nos Estados Unidos. Fiquei muito feliz mesmo com esta apresentação. Há uma sinceridade das pessoas que é muito útil, o feedback crítico também é logo direto. Gostava muito de passar mais tempo agora nos Estados Unidos e de fazer vários projetos mesmo na área de interiores. E gostava, claro, de crescer na Europa.

E tem continuado a atrair uns nomes de peso?
Sim. Temos feito muitos custom-made, coisas que estão para sair e que nós não podemos revelar.

Nas artes já trabalhou com João Santos Martins, Vera Mantero, Marta Pereira da Costa. Que pedido adorava que chegasse à caixa de correio?

Do [realizador espanhol Pedro] Almodóvar! Olha, eu amo, e adorava neste momento ter uma experiência dessas para um filme. Ter de trabalhar uma personagem, ter de criar à volta, acho que isso é interessante.

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