A startup portuguesa Didimo, que desenvolve humanos digitais (avatares) de alta fidelidade para ajudar a fornecer serviços online, fechou uma ronda de investimento no valor de um milhão de euros. O financiamento está destinado ao aumento e consolidação da equipa, especialmente nas áreas de Marketing e de desenvolvimento de produto.

A ronda de investimento foi liderada pela Armilar Venture Partners, sociedade portuguesa de fundos de capital de risco, e contou também com a participação da Bright Pixel e da PME Investimentos. O investimento, sublinha ao Observador Verónica Orvalho, fundadora e presidente desta startup, “foi fundamental, tendo em conta o plano estratégico que existia antes da Covid-19 e que obrigou a assegurar cash flow para depois da pandemia”.

Este investimento dá-nos, em primeiro lugar, mais segurança e mais tranquilidade. É também reconfortante ver que numa altura de crise ainda há investimento a ser feito em Portugal, é muito positivo e uma esperança para as outras startups. Em segundo lugar, esta ronda de financiamento vai permitir definir todo o plano comercial para agora nos focarmos na parte da aquisição de novos clientes e na comercialização do produto”, explica ao Observador a responsável da Didimo.

Fundada em 2016 em Portugal, a Didimo — que significa “gémeo” em grego —,  cria modelos digitais de alta fidelidade de cada pessoa ou empresa para interagirem em vários serviços online. Na plataforma, os utilizadores fazem upload de uma fotografia sua e a tecnologia da Didimo vai, de seguida, criar uma personagem 3D que pode ser utilizada para interagir em jogos, no cinema, mas também em compras, comunicações e até na medicina, desporto ou retalho. Entre os projetos piloto da startup estão nomes de empresas como a Sony e a Amazon.

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Pedro Ribeiro Santos, parceiro da Armilar Venture Partners, sublinha que este investimento na Didimo partiu da ideia “de que o mercado da computação, em particular da área dos humanos digitais, está em franca expansão e é muito atrativo” e que a startup portuguesa liderada por Verónica Orvalho “tem uma solução apelativa, uma tecnologia superior à que existe e uma equipa com muita qualidade”.

“Estamos a falar de toda a área de entretenimento, de gaming, de retalho, etc. que, à luz desta nossa nova realidade, tem maiores exigências em volume, em número de utilizadores, em muitas plataformas mobile com capacidade de computação limitada ao seu telefone e que são potencialmente utilizadoras da Didimo”, explica ao Observador.

Com a pandemia de Covid-19, a equipa desta startup portuguesa não diminuiu a sua produtividade, mas teve de adotar novas rotinas e adaptar-se ao trabalho remoto: “Uma semana antes do confinamento já tínhamos planeada toda a infraestrutura para as pessoas poderem trabalhar em casa. A nível de produtividade penso que aumentou, mas tivemos que fazer um grande esforço em monitorizar o bem-estar emocional da equipa”, sublinha a Verónica Orvalho. O grande desafio deste período, acrescenta, foi acompanhar e monitorizar diariamente a estabilidade e bem-estar dos trabalhadores.

Já Pedro Ribeiro Santos destaca que a atividade dos investidores não diminuiu “de forma nenhuma” durante a pandemia. “O fundo está levantado, está ativamente a investir e, portanto, tem capital para pôr a trabalhar. Nem sequer é racional do ponto de vista económico para um fundo parar de fazer investimentos”, explica. O investimento na Didimo foi, aliás, o primeiro que a sociedade de capital de risco começou a analisar ainda durante a quarentena e que avançou ainda antes do fim do confinamento.

Pode haver uma mudança de estratégia nas áreas de investimento, mas continua a haver disponibilidade e vontade de investir o capital que está disponível para ser investido”, sublinha Pedro Ribeiro Santos, da Armilar.

Atualmente, a Didimo conta com 26 colaboradores distribuídos pelo Porto, Vancouver e Londres, mas até ao final do ano pretende aumentar a equipa para entre 30 a 33 pessoas. O próximo passo é a comercialização do seu novo produto. “O que estamos agora a fazer é empacotar, é fazer o produto à volta para que seja fácil de integrar nos nossos clientes. Estamos a falar com várias empresas, utilizadores finais, para poder ver exatamente qual é característica chave que é mais útil para eles, para podermos replicar”, explica Verónica Orvalho. Em 2017, a tecnologia usada pela startup venceu o Women Who Tech, em Nova Iorque.

É portuguesa, cria avatares e venceu o Women Startup Challenge em Nova Iorque