Na conferência de imprensa depois da eliminação europeia frente ao PAOK, e depois de o Benfica ter falhado não só a manutenção na Liga dos Campeões como também um encaixe financeiro de quase 40 milhões de euros, Jorge Jesus garantiu que não tinha pedido outro avançado a Luís Filipe Vieira. E acrescentou desde logo outro pormenor: a acontecer, só entraria no plantel mais um reforço e seria um central. E se esse já era um movimento prioritário para o treinador, torna-se agora essencial.
O Benfica tem praticamente fechada a transferência de Rúben Dias para o Manchester City, num negócio que vai ficar acordado nos 60 milhões de euros mais 5 a 10 por cláusulas de objetivos e ainda a integração de Otamendi no plantel encarnado. As conversações ainda estão a decorrer para acertar o salário do argentino mas tudo está encaminhado. Otamendi, de 32 anos, regressa assim a Portugal depois de ter representado o FC Porto durante quatro temporadas: saiu em 2014 para o Valencia, já depois de um empréstimo ao Atl. Mineiro, e chegou ao Manchester City em 2015, perdendo espaço na equipa nas últimas épocas. Já Rúben Dias, internacional português, junta-se a Bernardo Silva e João Cancelo e engorda o contingente português na equipa de Guardiola — com essa particularidade de todos serem provenientes da formação encarnada.
Com a saída de Rúben Dias, Jorge Jesus fica agora com Vertonghen, Otamendi, Jardel e Ferro como opções para o eixo da defesa. A intenção do treinador português é ainda contratar um outro central, sendo Rúben Semedo o grande favorito, e dispensar os serviços de Ferro, que deve ser emprestado. Certo é que o Benfica perde uma das referências da equipa nos últimos anos e um dos líderes do balneário — apesar de ter apenas 23 anos, Rúben Dias é um dos elementos mais respeitados da equipa e um dos poucos que ainda faz a ponte entre o pós-Jorge Jesus e o Jorge Jesus do presente. É a segunda saída do Benfica em poucas horas, depois de confirmado o empréstimo de Florentino ao Mónaco, e deixa a Luz com uma Primeira Liga e uma Supertaça Cândido de Oliveira no palmarés.
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Na conferência de imprensa de antevisão à receção deste sábado ao Moreirense, Jorge Jesus já tinha deixado subentendido que o central poderia mesmo sair. “Não há jogadores intocáveis. Quer dizer, há o Messi, o Ronaldo… Esses são de outra galáxia. Mas há jogadores importantes e o Rúben Dias é um deles. É um dos titulares da equipa feito no Seixal, é o único internacional português que joga a titular do Benfica… Isto quer dizer alguma coisa. É um miúdo tem muito valor e é importante naquele setor. Neste momento só temos três centrais porque o Jardel está lesionado. Neste momento é imprescindível, mas também fui habituado nos anos em que estive no Benfica a que os melhores fossem vendidos. Se começar pelo Rúben Dias…. Se eu gostava? Não, mas se a componente financeira for importante, estamos abertos a isso”, disse o treinador encarnado sobre o central que tinha contrato até 2024 e uma cláusula de rescisão que ascendia aos 100 milhões de euros.
O central português, que começou a formação no Estrela da Amadora e mudou-se para o Benfica aos 11 anos, estreou-se pela equipa principal dos encarnados em março de 2016, quando foi chamado por Rui Vitória para um jogo da Liga dos Campeões contra o Zenit. Na época seguinte, em 2017/18, passou a ser opção regular nos onzes iniciais do Benfica e adquiriu o estatuto de líder de lá para cá. No Manchester City, Rúben Dias terá a primeira aventura internacional e junta-se a John Stones, Laporte, Nathan Aké e Eric García, os outros centrais que Guardiola tem ao seu dispor e que têm sido um dos setores mais frágeis da equipa nos últimos anos, com o treinador espanhol a recorrer frequentemente a um adaptado Fernandinho para a posição.