O Fórum para a Competitividade considera que a “tímida” recuperação do terceiro trimestre, em cadeia, que estima ter sido entre 0,2% e 0,5%, terá ficado “muito longe” de compensar as quedas dos dois primeiros trimestres.

“Estimamos que o PIB [Produto Interno Bruto] do 3.º trimestre terá crescido em cadeia apenas entre 0,2% e 0,5%, a que corresponderá uma variação homóloga entre -16,1% e -16,3%”, refere, na sua nota de setembro, hoje divulgada, o Gabinete de Estudos do Fórum para a Competitividade sustentando que “a recuperação do 3.º trimestre terá estado muito longe de compensar as quedas dos dois primeiros trimestres”.

A recuperação da economia entre julho e setembro “foi tímida”, ao “contrário do que era inicialmente esperado”, refere a análise do Fórum para a Competitividade, acentuando que a recuperação que se registou no início do trimestre do lado do consumo, foi perdendo força refletindo a perda de confiança dos consumidores.

“No investimento, a construção continuou a resistir, mas as restantes componentes terão sido fracas”, refere, assinalando que “as exportações começaram o trimestre com uma recuperação mínima, o que não foi um bom indício”.

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A análise da evolução do PIB do lado da oferta, acentua o documento, revela um panorama não muito diferente, onde se registou alguma recuperação na indústria, sobretudo na construção, e nos serviços, mas com o turismo a continuar a “apresentar quedas extremamente pronunciadas”, constituindo “um importante travão para uma retoma mais robusta”.

Na nota de conjuntura de setembro, o Fórum para a Competitividade volta a sublinhar os argumentos contra um aumento do salário mínimo em 2021 já referidos na de agosto e acrescenta-lhe mais um: o Estado tem exigido mais às empresas com a atualização do SMN do que exige a si próprio com a atualização do Indexante de Apoios Sociais (IAS).

“Desde 2007, que o Indexante de Apoios Sociais substituiu o salário mínimo como indexante geral de prestações sociais e a evolução dos dois não poderia ser mais díspar”

Neste contexto, sustenta, em 2020, o Estado apenas subiu o IAS em 3,05 euros, tendo aumentado o salário mínimo em 35 euros. Ou seja, o Estado exigiu às empresas um aumento mais de dez vezes superior ao que ele próprio foi capaz de atribuir ao substituto do salário mínimo”.

Em 2007, quando o SMN era de 403 euros, o IAS foi fixado em 397,86 euros tendo aumentado em 2008 e 2009 para, respetivamente, 407,41 euros e 419,22 euros, ficando depois ‘congelado’ neste valor até 2017.

O fórum liderado por Pedro Ferraz da Costa volta também a criticar a visão estratégica e o plano de recuperação de António Costa e Silva, considerando que “um plano estratégico para o país deve ser feito por uma equipe multidisciplinar de especialistas”.

Ao contrário do que sucedeu em outros países, refere, “em Portugal tivemos um homem só. Não interessa saber se é engenheiro ou economista, a questão é que não podemos ter uma só pessoa a formular uma visão estratégica para o país”.

O texto é um catálogo completo de intenções de investimento público, sem hierarquização de prioridades e análises custos-benefícios. Terá o mérito de juntar num único documento as ideias que têm tido eco na imprensa na última década, e permitir aos decisores políticos fazer ‘cherry picking‘”

Além disso, sustenta, o documento “parece mais vocacionado para a criação de novos setores industriais, esquecendo o apoio à indústria existente”.

O Fórum para a Competitividade analisa ainda a evolução do desemprego e do emprego no segundo trimestre, alertando que se se mantiver o ritmo de destruição observado, “começaremos o ano de 2021 com um valor de população empregada” semelhante ao observado em 2016.

“A confirmar-se este cenário pessimista então tal significará que a Covid-19 destruirá 370 mil empregos em cerca de um ano”, precisa.