Humberto Pedrosa e o filho David Pedrosa anunciaram a saída do conselho de administração da TAP SGPS, onde eram presidente e administrador, respetivamente, e nas ouras sociedades do grupo. O anúncio foi feito pela TAP à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários no dia que em é consumada venda da participação de David Neeleman ao Estado.
A transportadora passará a ser uma empresa controlada por capitais públicos, o que levanta dúvidas sobre se o estatuto do gestor público se aplica a administradores privados. E no caso da TAP acresce a situação de que os administradores privados são também acionistas de uma empresa, o grupo Barraqueiro, que tem contratos com o Estado, por exemplo a concessão ferroviária da Fertagus. E no caso de empresas públicas isso pode constituir um impedimento, pelo menos no que diz respeito a administradores com funções executivas como era o caso de David Pedrosa.
De acordo com informação recolhida pelo Observador, a renúncia foi a forma encontrada para acautelar eventuais conflitos de interesse que possam resultar da tomada de controlo acionista da TAP pelo Estado, e até que as dúvidas sobre o enquadramento jurídico dos gestores privados sejam esclarecidas.
No comunicado, a TAP avança que o “motivo das renúncias prende-se com eventuais implicações, em avaliação, nas atividades desenvolvidas pelo Grupo Barraqueiro, da prevista reorganização da participação acionista na TAP, SGPS do Estado Português.”
No mesmo comunicado é garantido que Humberto Pedrosa e o filho, bem como o grupo Barraqueiro, vão continuar a colaborar no processo de reestruturação da companhia, mantendo o seu compromisso como acionista de referência. Na sequência da saída de David Neeleman, Humberto Pedrosa manteve-se no capital da TAP com 22,5% da holding.
Os cargos exercidos por Humberto Pedrosa e David Pedrosa serão assumidos por José Silva Rodrigues, que foi durante anos presidente da Carris e mais tarde colaborador do Grupo Barraqueiro do qual já estava entretanto reformado. Para a comissão executiva sobe, Alexandra Vieira Reis, que já era diretora da TAP, mas que assume o cargo em representação do acionista privado. Estas nomeações são válidas até ao final do ano.
Estas alterações surgem a semanas de ser apresentado o plano de reestruturação da TAP que deverá a ser discutido na Comissão Europeia em outubro e cuja aprovação final terá de ser obtida até 10 de dezembro. A transportadora anunciou esta semana prejuízos de 582 milhões de euros no final do primeiro semestre. A empresa recebeu já 499 milhões de euros da ajuda de estado até 1200 milhões de euros negociada com a Comissão Europeia.