Aproxima-se o fim de 2020, ano durante o qual os fabricantes estão obrigados a não ultrapassar um valor máximo de emissões de dióxido de carbono (CO2) para a totalidade da gama de veículos transaccionados. O limite foi estipulado pela Comissão Europeia em torno dos 95g de CO2/km, valor que pode sofrer pequenos ajustes consoante o tipo de veículos, mas dificilmente se afastará muito desta fasquia. E é bom que os construtores fiquem abaixo deste limite, pois excedê-lo leva a multas milionárias de 95€ por cada grama acima do objectivo, multiplicado pelo volume total de veículos vendidos.

A Volvo há muito que deixou de se preocupar com a possibilidade de não conseguir cumprir o seu limite, sobretudo desde que constatou que um em cada três veículos que vende é híbrido plug-in (PHEV), tecnologia que devido à forma como são determinados os consumos e as emissões, tem grandes vantagens. Se as estes cerca de 30% de veículos PHEV somarmos uns milhares de veículos 100% eléctricos, com emblema Volvo e Polestar, é fácil perceber que o construtor nórdico vai ficar confortavelmente abaixo dos 95g.

Depois de certamente respirar de alívio, por conseguir evitar as pesadas multas que alguns concorrentes irão ter de pagar no final do ano, a directora financeira da Volvo, Carla de Geyseleer, rapidamente transformou o “alívio” numa nova área de negócios. Além de comercializar automóveis, a Volvo quer igualmente vender créditos de carbono, ou seja, ceder a quantidade de CO2 que vai emitir abaixo dos 95g a outros construtores que, por estarem acima da fasquia imposta pela Comissão, podem encarar esta aquisição de créditos de carbono como um negócio, estratégia já seguida pela FCA e a VW.

Todo o encaixe que possa realizar com a venda de créditos de CO2 será bem-vindo para as finanças do construtor sueco, especialmente depois de se saber que a Volvo recorreu à venda de obrigações “green bonds” para investir na sua produção de veículos eléctricos. Isto já a preparar o futuro, pois os actuais 95g vão baixar consideravelmente em 2025 e, depois, novamente em 2030.

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