O comportamento da economia vai degradar-se menos do que o previsto há quatro meses pelo Banco de Portugal, que antevê agora uma queda de 8,1% para o conjunto do ano, em vez de 9,5%. A taxa de desemprego também deverá aumentar menos do que se pensava, para 7,5%, uma revisão em baixa de 2,6 pontos percentuais.
No boletim económico de outubro — as primeiras previsões sob a liderança de Mário Centeno —, o Banco de Portugal revela que “a projeção agora apresentada revê 1,4 pontos percentuais em alta a previsão de junho, reflexo de um impacto mais reduzido do confinamento na economia portuguesa e de uma reação das empresas e famílias melhor do que a antecipada“.
No primeiro semestre terá havido uma queda de 9,4% em comparação com o mesmo período do ano passado e na segunda metade do ano, o Banco de Portugal espera uma recuperação, “que se traduz numa variação homóloga de -6,8%”.
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As contas “revelaram uma queda da atividade no segundo trimestre (-16,3%, em termos homólogos) menos profunda do que o antecipado”, revela o Banco de Portugal. “O comportamento da economia portuguesa acompanhou a evolução do PIB da área do euro”, que diminuirá 8,0% em 2020, também menos do que se esperava, de acordo com as projeções do Banco Central Europeu.
O Banco de Portugal nota que “a recuperação parcial do PIB português no segundo semestre resulta da manutenção de restrições à atividade em alguns setores, do clima de incerteza e dos impactos na capacidade produtiva”, sublinhando que o turismo e os serviços mais expostos a contactos pessoais deverão “recuperar menos”.
“A contração da atividade em 2020 estará associada a uma queda nas horas trabalhadas e a uma redução do emprego de 2,8%, inferior à queda de 4,5% projetada em junho”, revela o supervisor da banca. Uma evolução que “não é alheia à resiliência que as empresas têm demonstrado e às políticas de proteção do emprego adotadas”.
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As exportações de bens e serviços devem cair 19,5% em 2020, mais do que a quebra nas importações, que ainda assim diminuem 12,4%. É esperado ainda uma queda no consumo privado, de 6,2%, com “forte aumento da taxa de poupança no primeiro semestre que será gradualmente revertido na segunda metade do ano”, e um aumento do consumo público em 1,2%.
O Banco de Portugal admite que “as perspetivas de curto prazo para a economia portuguesa continuam rodeadas de incerteza“. Ainda que a recuperação na segunda metade do ano tenha “uma mais rápida e marcada inversão do ciclo do que a observada nos anteriores episódios recessivos”, a entidade agora liderada pelo ex-ministro das Finanças ressalva que “não é de excluir que o prolongamento da crise pandémica cause uma retração na recuperação da despesa e da oferta“, sublinhando, por isso, que “as políticas económicas nacionais e supranacionais continuarão a exercer um papel fundamental no processo de recuperação sustentável”.