Com os candidatos no terreno, agora também Luís Filipe Vieira desde o anúncio formal da recandidatura na última quinta-feira, o nome que mais se destacou esta segunda-feira na campanha eleitoral do Benfica acabou por ser um outro: Manuel Vilarinho. E se o antigo presidente dos encarnados entre 2000 e 2003 aceitou convites diferentes de duas listas distintas, a própria cadência dos acontecimentos trouxe um toque de “política” em dia de feriado.

Pouco depois da hora de almoço, a candidatura de João Noronha Lopes, que foi vice de Vilarinho nesse período na Luz, anunciou o convite ao antigo líder para presidente à Comissão de Ética e Boas Práticas em caso de triunfo no sufrágio, um grupo que será criado numa reformulação estatutária e que será composto “por três benfiquistas de inegável independência e prestígio” para analisar anualmente “as práticas de governação do clube e recomendações para as melhorar”. “Esta Comissão será depositária da declaração de rendimentos do presidente. Será uma honra poder criar as condições para um regresso de Manuel Vilarinho ao clube que tanto lhe deve”, destacou.

Pouco depois, ficou a saber-se por parte da candidatura de Luís Filipe Vieira que Manuel Vilarinho tinha sido convidado para presidir o Conselho Estratégico dos encarnados que o atual número 1 anunciara na oficialização da sua candidatura, um grupo que pudesse discutir com a Direção problemas, soluções e caminhos para projetar o futuro dos encarnados a médio e longo prazo. Em paralelo, foi também adiantado que o antigo presidente já tinha dito “sim” a esse convite endereçado por Vieira, caso consiga ser reeleito para o sexto mandato.

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Mais tarde, a candidatura de Noronha Lopes fez saber que Vilarinho “aceitou o convite para presidir à Comissão de Ética e Boas Práticas que será criada em caso de vitória nas eleições do Benfica de 30 de outubro”, voltando a explicar o seu propósito com declarações do candidato que focavam também o regresso do antigo líder a um clube “que tanto lhe deve”, como destacara antes. Ou seja, de uma forma ou de outra, Vilarinho está de volta.

Ao longo do dia, e apesar de se tratar da antecâmara do fecho de mercado, Luís Filipe Vieira passou por Lagos, Beja e Faro, tendo destacado o trabalho feito nos últimos 20 anos, 17 como presidente, falando de “um Benfica credível, ganhador e determinado, seja no futebol seja nas modalidades”, ao mesmo tempo que se recusou a entrar em guerras nesta campanha eleitoral. “A oposição anda a criticar que há falta de transparência e tive a humildade de pedir às outras listas para indicarem uma pessoa para o Conselho Fiscal, para verificarem todas as contas, tudo o que se gasta. Até ao momento não apareceu ninguém, só sabem criticar. Não contem comigo para fazer ruído ou participar em debates em que se fale do Benfica de forma negativa”, referiu, antes de comentar também uma tarja que dizia “Outubro Vieira rua” em Faro: “São trunfos para os nossos adversários. Se não gostam de mim chegam lá e votam contra. Até parece atitude de pessoas compradas. Se quisesse fazia o mesmo, com uns cartazes contra a oposição, mas não faço nada disso, não quero. Respeitem o Benfica!”.

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E acabou por ser o mercado, em particular a cedência de Tiago Dantas ao Bayern com uma cláusula de opção de oito milhões de euros, a motivar as críticas das listas adversárias já na parte final do dia.

“Chegou ao Benfica com 4 anos de idade. Tem hoje 19 e prepara-se para emigrar antes de lhe ter sido dada uma oportunidade na equipa principal. Porquê? Talvez Luís Filipe Vieira, o homem que um dia afirmou não perceber nada de futebol, nos consiga explicar porquê. Mas enquanto esperamos sentados por essa explicação, importa perguntar: foi para isto que se fez o Seixal? (…) É este o sonho que queremos prometer a estes miúdos? É este o sonho que nós benfiquistas queremos viver? É esta política desportiva danosa para a identidade do Benfica que queremos a partir de 31 de outubro? É este o Benfica que merecemos? Não temos direito a querer muito mais de um presidente e do nosso clube? Está na hora de acordarmos”, apontou Noronha Lopes.

Já Francisco Benítez, que lidera a lista do movimento “Servir o Benfica”, utilizou a figura do polígrafo para abordar a saída do médio ofensivo e capitão da equipa que foi finalista vencida da Youth League, recordando uma entrevista de Vieira à BTV a 1 de junho (curiosamente a mesma em que o líder dos encarnados garantiu que Bruno Lage seria sempre o técnico para 2020/21). “Estes jovens, o Benfica não pode começar a pensar que é para emprestar, temos de arranjar espaço para eles competirem. Se o mundo virar ao contrário como virou, não temos espaço para loucuras, temos de os ter para competir no Benfica”, referiu o presidente dos encarnados.