A Renault, que se encontra a promover o evento eWays para apontar o caminho rumo à mobilidade eléctrica do futuro, decidiu coroar a iniciativa com a apresentação de dois modelos exclusivamente a bateria que vão, espera-se, manter o grupo francês nos lugares de topo – o Mégane eVision e o Dacia Spring Electric.

O Zoe é, globalmente, o segundo eléctrico mais vendido no mundo, a seguir ao Model 3, e o líder de vendas na Europa, mas a gama da marca francesa vai ser reforçada no final do próximo ano com a versão de produção do show car Mégane eVision, o equivalente ao Captur em termos de dimensões, com a vantagem de prometer uma habitabilidade acima do que habitualmente se encontra no segmento C.

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Porém, se há apetência para crossovers compactos 100% eléctricos, mais apetência há para citadinos a dar ares de pequeno SUV 100% eléctricos… baratos! E é aqui que a Renault faz entrar em campo a Dacia, a marca romena do grupo que tem crescido de forma muito expressiva no conjunto dos mercados europeus. A estreia da Dacia nas zero emissões materializa-se no Spring Electric, que pouco muda face ao concept que o antecipou e que, tal como se esperava, exibe um visual bastante similar ao modelo chinês Renault City K-ZE.

O Spring vai ser o mais pequeno dos Dacia. Com apenas 3,734 metros de comprimento, é praticamente do tamanho do novo Fiat 500 eléctrico, tendo apenas mais 1 cm que o citadino transalpino. Para se ter uma ideia de como a carroçaria é curta, basta ver que tem menos 34 cm que o Sandero que ainda se encontra à venda nos stands e cuja nova geração já foi apresentada. Contudo, ambos possuem praticamente a mesma altura, com o Spring a anunciar 1,516 m, ou seja, apenas 3 mm menos que o Sandero.

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Por essa via, a marca romena procura ampliar a sensação de espaço a bordo para os quatro ocupantes, até porque o Spring não se “estica” para os lados. A largura fica-se pelos 1,622 m (1,770 m com retrovisores), o que significa que estamos perante um modelo que consegue ser mais estreito que o Smart ForTwo (1,663 m). Em compensação, o pequeno Dacia possui uma distância entre eixos de 2,423 m, melhor que os 2,320 m do novo 500 eléctrico, o que lhe aportará benefícios em termos de habitabilidade e bagageira, anunciando a marca que os lugares traseiros do Spring acolhem facilmente passageiros de maior estatura. Quanto à bagageira, pode acomodar 300 litros, valor que duplica com o rebatimento da segunda fila de bancos. E este trunfo é relevante para os que valorizam a volumetria da mala, sobretudo atendendo a que modelos eléctricos maiores (e mais caros), como o Honda e, oferecem apenas 171 litros de bagageira na configuração habitual.

Às dimensões compactas, que tornam o Spring particularmente interessante para quem se desloca, na maior parte do tempo, em meio urbano, há que juntar uma imagem jovial e a meio caminho entre um turismo convencional e um crossover, pois o eléctrico da Dacia regista 15 cm de distância ao solo. Ou seja, apenas menos 2,3 cm que o Sandero Stepway de nova geração. Outra das suas virtudes reside no raio de viragem de apenas 4,8 metros, o que facilita em muito as manobras em cidade.

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Com uma estética irreverente, fruto quer dos volumosos pára-choques na frente em contraste com os faróis dianteiros afilados em LED, quer da traseira que exibe a nova assinatura luminosa da marca, em forma de “Y”, o Spring pisca claramente o olho aos que apreciam uma imagem mais aventureira. Daí o para-choques traseiro com uma protecção não pintada e um patim em tons de cinza claro, os refletores embutidos em falsas saídas de ar e os guarda-lamas nervurados.

No interior, o volante obedece ao padrão dos restantes modelos da marca, sendo de destacar que o equipamento de série inclui direcção de assistência variável 100% eléctrica, fecho centralizado com comando à distância e os quatro vidros eléctricos. Mas o ar condicionado manual, o sistema multimédia, o comando eléctrico dos retrovisores e uma “verdadeira” roda suplente são opcionais, tal como o ecrã de 7″ com o sistema de entretenimento Media Nav, compatível com Apple CarPlay e Android Auto, conectividade Bluetooth e reconhecimento de voz.

Em contrapartida, o Dacia Spring está bem equipado em termos de segurança, oferecendo de série iluminação automática dos faróis, travagem automática de emergência a partir dos 7 Km/h, limitador de velocidade, ABS, ESP, repartidor electrónico de travagem, seis airbags e o botão de emergência (SOS).

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Quanto ao sistema eléctrico que o impulsiona, o citadino francês monta um motor eléctrico de 33 kW (cerca de 44 cv) e 125 Nm, alimentado por uma bateria de 26,8 kWh de capacidade, que proporciona uma autonomia de 225 km de acordo com o protocolo europeu de medição de consumos e de emissões. Segundo a Dacia, esse alcance pode ir até aos 295 km em condução exclusivamente urbana. Se a ideia for privilegiar um maior intervalo entre as visitas ao posto de carga, o botão Eco assegura que a velocidade máxima baixa dos 125 km/h para 100 km/km e a potência fica limitada a 23 kW (31 cv), com isso aumentando a autonomia em quase 10%.

Como o acumulador é relativamente pequeno, demora menos de uma hora para alcançar 80% de carga numa ligação com corrente continua a 30 kW, mas este é um opcional, tal como é o cabo de ligação para wallbox que, se tiver 7,4 kW de potência, carrega o Spring a 100% em menos de 5 horas. Tempo que se prolonga até cerca de 8h30, caso se trate de wallbox de 3,7 kW. Na pior das hipóteses, numa tomada doméstica de 2,3 kW, a recarga fica completa em menos de 14 horas. Seja como for, esta tarefa pode ser remotamente controlada através da app (gratuita) para smartphone MY Dacia. Sempre que o Spring Electric está ligado à tomada, a aplicação informa o utilizador acerca da progressão da carga e permite-lhe iniciar ou parar o procedimento sempre que quiser. Mas as funcionalidades da app não se esgotam aqui, pois é possível saber em tempo real qual a capacidade da bateria, a autonomia restante em quilómetros, bem como programar previamente a temperatura do habitáculo (climatização) e localizar o veículo.

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Tratando-se de um eléctrico que foi prometido como sendo “o mais barato do mercado”, o Dacia Spring não tem ainda preços conhecidos, mas a Dacia mantém-se firme na declaração de que será “económico na aquisição, mas também na utilização”, assegurando que este modelo vai oferecer “o Total Cost of Ownership mais baixo do mercado (considerando automóveis elétricos ou com motores de combustão)”. Ainda assim, o Dacia Spring vai usufruir de uma garantia de 3 anos ou 100.000 km, sendo que as baterias têm uma garantia de 8 anos ou 120.000 km. É de esperar que o valor de comercialização se situe entre os 15.000€ e os 20.000€, o que (a confirmar-se) faz deste novo eléctrico uma ampla porta de entrada na mobilidade eléctrica para os que, tendo orçamentos reduzidos e necessidades de deslocação eminentemente em cidade, encontram nesta proposta uma autonomia equivalente a modelos que custam quase o dobro ou mais, caso do Honda e (222 km), Mini Cooper SE (230 km) ou Mazda MX-30 (200 km). Daí que o novo CEO do Grupo Renault, Luca de Meo, tenha optado por resumir o novo Spring ao essencial, apresentando-o como o “Logan dos eléctricos”.