Se acha que as baratas são o inseto mais resistente do mundo é porque ainda não conhece o besouro-de-ferro-diabólico (Phloeodes diabolicus), capaz de sobreviver incólume mesmo depois de ser pisado por um sapato ou de um carro lhe passar por cima. Os investigadores esperam que a estrutura da “armadura” desta espécie lhes dê pistas sobre como desenvolver materiais resistentes ao impacto e pressão. Os resultados foram publicados esta quarta-feira na Nature.
Ao contrário das baratas, este não é o tipo de escaravelho que encontre a passear em casa ou em alguma casa de banho pública. O besouro-de-ferro-diabólico vive no oeste dos Estados Unidos e, como muitos membros da família, perdeu a capacidade de voar. Para compensar, as asas exteriores rígidas (a elitra) fundiram-se e tornaram-se ultrarresistentes.
Este escaravelho é capaz de suportar ser esmagado com mais força do que qualquer outro escaravelho não voador, com uma força de cerca de 39 mil vezes o seu peso, que é qualquer coisa como um humano de 90 quilos conseguir aguentar com o peso de 280 autocarros de dois andares, explica o jornal The Guardian.
Com técnicas avançadas de microscopia, testes mecânicos e simulações de computador, a equipa norte-americana conseguiu perceber quais os segredos de uma armadura tão resistente. Primeiro, as duas asas endurecidas estão fundidas numa estrutura ondulada quase como duas mãos de dedos cruzados. Segundo, a elitra é formada por camadas, ricas em proteínas, que escamam quando pressionadas em vez de se quebrarem. Terceiro, a elitra tem vários tipos de ligações à parte de baixo do organismo, também rígida e que protege os órgãos, permitindo aliviar a tensão quando é esmagada.
Agora, os investigadores querem aplicar o que aprenderam com a natureza à engenharia para criarem ligações que sejam mais resistentes à tensão, da mesma maneira que a estrutura da elitra aguenta tempo suficiente para o besouro-de-ferro-diabólico se escapar antes de ser esmagado por um predador.