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Sérgio inovou, falhou e voltou a trocar mas a melhor tática é a mais simples: ter Corona (a crónica do FC Porto-Gil Vicente)

Este artigo tem mais de 4 anos

FC Porto arriscou o 3x5x2 só com um pivô mas não fez um remate. Depois Corona passou para a esquerda, teve palco, brilhou e apareceram os desequilíbrios numa vitória curta frente ao Gil Vicente (1-0).

Pepe voltou a liderar defesa portista (a três e a quatro), Corona começou a fazer corredor direito mas mudou jogo quando passou para o esquerdo
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Pepe voltou a liderar defesa portista (a três e a quatro), Corona começou a fazer corredor direito mas mudou jogo quando passou para o esquerdo

Jose M. Alvarez/JARSportimages.com

Pepe voltou a liderar defesa portista (a três e a quatro), Corona começou a fazer corredor direito mas mudou jogo quando passou para o esquerdo

Jose M. Alvarez/JARSportimages.com

Uma vitória frente ao Sp. Braga, uma goleada no dérbi com o Boavista. Uma derrota caseira com o Marítimo, um empate consentido no final no clássico com o Sporting. Um bom início, um mau final com o Manchester City – e a derrota na estreia na Champions. O FC Porto perdeu no início da temporada aquilo que tinha marcado a parte final da última época, a regularidade. Mostrou que tem argumentos para o melhor, denunciou que tem fragilidades para o pior. E existe uma explicação para que essa ampulheta de equilíbrio nos pratos da balança não tivesse a função que lhe devia estar atribuída – tudo o que se passou entre a conquista da dobradinha e o fecho do mercado.

FC Porto acaba com dez por expulsão de Zaidu mas regressa às vitórias frente ao Gil Vicente com golo de Evanilson

Por necessidades financeiras, saíram alguns jogadores. Fábio Silva, Alex Telles, Danilo, Zé Luís, Soares. Por uma questão de oportunidade, chegaram alguns jogadores. Cláudio Ramos, Carraça, Nanú, Zaidu. Por uma questão de necessidade, foram assegurados alguns jogadores. Sarr, Felipe Anderson, Grujic. Por uma mera questão de aposta, vieram alguns jogadores. Taremi, Evanilson, Toni Martínez. Se o FC Porto é uma equipa que se faz mais forte pelo ADN enraizado no clube que foi recuperado por Sérgio Conceição, qualquer temporada que tenha mais mudanças do que é normal no plantel obriga a que exista um maior período de adaptação de quem chega à cultura do clube e à ideia de jogo. Em paralelo, e pelos objetivos dessa equipa forte com um ADN enraizado, nunca há tempo para isso porque os resultados são para ontem. Mais uma vez, o tal equilíbrio perdido nos últimos jogos.

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“Não é fácil chegar a um clube como o FC Porto e entrar de caras, se calhar entrava o Ronaldo, Messi e meia dúzia de jogadores que se contratassem. Não é o caso. Vêm de realidades diferentes, não conhecem o país, o grupo de trabalho, a forma exigente como se trabalha, é normal. Mas isso entra em contraste entra a urgência das vitórias. Avançados? Não podemos olhar só para avançados, temos de olhar para extremos, alas… Não havendo Ronaldo ou Messi dei continuidade ao trabalho final do ano passado. Agora, chegaram três bons avançados, um médio, Grujic, uma ou outra solução, mas não é de um momento para o outro. Há esta dificuldade temporal de os ter de inserir e dar algo diferente à equipa”, admitiu Sérgio Conceição, no lançamento do jogo com o Gil Vicente.

“Se sou conservador? Nem nas contas, nem no dinheiro sou conservador. É uma questão de ser realista. Não foi por acaso que nas primeiras jornadas pus os jogadores que me deram essa confiança, jogadores que trabalham comigo há alguns anos. Não tem a ver com conservadorismo, com ser mais ou menos arrojado. Um treinador que joga para não perder é conservador, eu jogo sempre para ganhar, é completamente diferente”, destacou o técnico portista, desvalorizando os cinco pontos de atraso em relação ao Benfica: “Não é uma preocupação, é achar que são pontos que não deveríamos ter perdido. São recuperáveis, isto é uma maratona, mas exigentes como somos não queremos deixar pontos de maneira nenhuma, mesmo que seja no início do Campeonato”.

Ficha de jogo

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FC Porto-Gil Vicente, 1-0

5.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

FC Porto: Marchesín; Wilson Manafá, Mbemba, Pepe, Zaidu; Uribe, Fábio Vieira (Sérgio Oliveira, 83′); Corona (Marega, 90+2′), Nakajima (Sarr, 78′), Evanilson (Taremi, 78′) e Toni Martínez (Romário Baró, 46′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa, Taremi, Marega, Grujic, João Mário, Sérgio Oliveira, Felipe Anderson e Malang Sarr

Treinador: Sérgio Conceição

Gil Vicente: Denis; Joel (Kanya, 85′), Rodrigo, Rúben Fernandes, Ygor Nogueira, Talocha; João Afonso, Gonçalves (Lucas Mineiro, 69′); Lourency (Baraye, 62′), Leauty (Renan Oliveira, 69′) e Samuel Lino

Suplentes não utilizados: Fuzato, Souley, Vítor Carvalho, Leandrinho e Ahmed

Treinador: Rui Almeida

Golo: Evanilson (41′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Zaidu (27′ e 73′), Uribe (30′), Ygor Nogueira (58′), Nakajima (72′), Pepe (74′), João Afonso (85′) e Sérgio Conceição (90+6′); cartão vermelho por acumulação a Zaidu (73′)

A parte do conservador, essa, ficou de imediato desfeita com a apresentação das equipas iniciais. E a parte do risco de experimentar novas opções também: tendo o próximo jogo da Liga dos Campeões na terça-feira frente ao Olympiacos (que ganhou ao Marselha na primeira jornada), Sérgio Conceição resguardou alguns elementos para novo compromisso europeu e entrou em campo num 3x5x2 (ou 3x3x2x2), com uma primeira linha recuada constituída por Mbempa, Pepe e Zaidu, uma segunda linha com Uribe mais posicional e Corona e Wilson Manafá a fazer os dois corredores laterais, uma terceira fase com Fábio Vieira e Nakajima posicionados em zona de criação para tentarem explorar também os espaços entre linhas ou descaírem nas alas e a dupla Evanilson e Toni Martínez na frente, o FC Porto colocou-se desde o primeiro minuto no meio-campo adversário mas sem oportunidades.

Por um lado, o Gil Vicente apresentava uma boa organização defensiva, ainda que sem grande margem para sair em transições até ao último terço contrário. Por outro, faltava velocidade na circulação dos azuis e brancos e mais passes de rutura que provocassem desequilíbrios e desposicionassem os elementos de corredor central da muralha visitante. E o jogo andou assim, minutos a fio, até aos 26′, altura em que Samuel Lino se perdeu em fintas, tinha já oposição à sua frente na hora do remate e Marchesín evitou depois o golo de Leauty. A adversidade funcionou como um abanão, uma mera troca posicional de Sérgio Conceição promoveu o resto da mudança: o técnico puxou Corona para esquerda, Zaidu quase que desfez muitas vezes a linha de três tornando-se um lateral, Wilson Manafá deixou de ir tantas vezes à frente. Esse equilíbrio foi a chave para virar a tendência do encontro.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do FC Porto-Gil Vicente em vídeo]

Em menos de cinco minutos, o FC Porto, que até aí não rematara à baliza, criou três oportunidades flagrantes para marcar: primeiro foi Toni Martínez a ver Denis evitar o golo de cabeça após uma fantástica jogada de Corona a tirar adversários da frente na esquerda, depois foi Wilson Manafá a ver Rodrigo desviar para canto quase em cima da linha numa jogada que começou mais uma vez nos pés do mexicano, por fim Evanilson desviou de cabeça à trave na sequência do canto. A equipa não dominante assumiu o papel de dominadora e o caminho para o golo ficou tão curto que se tornou inevitável: mais um lance iniciado em Corona a puxar pela subida de Zaidu, procura do espaço interior com Nakajima, cruzamento do japonês para a área e desvio de primeira de Evanilson para uma estreia de sonho no dia em que jogou pela primeira vez no Dragão e para a Primeira Liga (41′).

Corona trouxe os desequilíbrios com e sem bola em termos individuais, o golo devolveu o equilíbrio emocional ao coletivo depois de uma montanha-russa entre a falta de inspiração no último terço e a cadência de oportunidades quase consecutivas. Sérgio Conceição percebia que o plano A para o encontro começou por não funcionar e quis ter outro controlo na partida, colocando Romário Baró no lugar de Toni Martínez e devolvendo a equipa ao 4x2x3x1 onde se sentiu bem mais confortável apesar de algumas boas saídas do Gil Vicente no recomeço. Aliás, o encontro até podia ter acabado mais cedo, quando Ygor Nogueira cortou na área com o braço um remate de Romário Baró mas Denis conseguiu adivinhar o lado escolhido por Uribe e desviou o penálti para canto (59′).

A chuva já tinha entretanto parado no Dragão e esse lance também foi tudo menos um balde de água fria para os dragões, que não acusaram em nada a grande penalidade desperdiçada e lançaram-se com maior fluidez na frente para chegarem ao segundo golo e fecharem a partida. Fábio Vieira, num canto estudado marcado por Corona para fora da área, deixou o primeiro aviso com um remate de primeira que passou perto do poste da baliza minhota, seguindo-se mais um lance com três oportunidades consecutivas: Evanilson, a meias com Rodrigo descaído na direita, acertou mais uma vez na trave, Nakajima obrigou Denis a grande defesa e Fábio Vieira viu a muralha defensiva contrária evitar o golo no limite. O FC Porto não conseguiu marcar, o FC Porto acabou a sofrer depois da expulsão de Zaidu (73′), após uma entrada muito dura e evitável sobre Joel que deixou a equipa reduzida a dez e a tentar defender a vantagem até ao final de um encontro que podia ter “acabado” mais cedo.

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