A Convenção Nacional da Saúde alertou esta quarta-feira o Presidente da República que os doentes “não Covid-19” precisam de atenção e que é preciso unir todos os setores, público, privado e social, para o combate à pandemia.
Após uma audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Convenção Nacional de Saúde (CNS), Eurico Castro Alves, disse aos jornalistas que sugeriu mesmo a Marcelo Rebelo de Sousa que fosse criada no país uma pasta, a nível de secretaria de Estado, dedicada ao tratamento do acesso dos doentes não Covid-19, articulando com os setores público e privado para que “nenhum doente” tenha “atraso nos tratamentos”.
O responsável lembrou que a CNS junta 180 instituições do setor da saúde, incluindo 70 associações de doentes, e disse aos jornalistas que foi dizer ao Presidente da República que os doentes não Covid-19 sentem que “não estão a ter a atenção necessária”.
Compreendemos que há uma situação de emergência, as atenções têm de ser dirigidas aos doentes Covid-19, mas há quatro milhões de consultas por fazer, há 100 mil cirurgias por fazer (…) e é preciso garantir o acesso a estes doentes “, realçou.
Por este motivo deixou a sugestão de se unirem esforços e pôr todos os recursos disponíveis ao serviço dos cidadãos.
“Acredito que é tempo de não termos preconceitos ideológicos, e de tomarmos decisões de ir ao encontro do que os portugueses precisam neste momento. E temos recursos disponíveis. O que o CNS pede é que esses recursos sejam organizados e que sejam postos ao serviço”, de forma a que as pessoas tenham acesso a cuidados de saúde, “que neste momento não estão acessíveis”, disse o responsável.
No entender de Eurico Castro Alves é preciso alguém que saiba organizar esses recursos, sendo que no futuro “se calhar” deverá haver hospitais que só tratam doentes Covid-19 e outros só para doentes cirúrgicos. E lembrou que das mortes não esperadas dos últimos meses três quartos foram de doentes não Covid-19.
O Presidente da República tem estado a ouvir personalidades e entidades ligadas ao setor da saúde.
Antes de Eurico Castro Alves esteve reunido com Marcelo Rebelo de Sousa o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), Fernando Nobre, que reiterou a sua oposição ao uso generalizado de máscaras, especialmente em crianças.